Por Adelson Vidal Alves
O estado do Rio de Janeiro vive
um momento de tensão política e institucional. Não só pela estranha epidemia de
cassações de prefeitos por ação do TRE no interior do estado, mas
principalmente pelo tom violento que desembocou as jornadas de Junho, hoje com
a mira apontada para o Palácio das laranjeiras, pressionado por pequenas, mas
intensas atividades de rua. Soma-se a isso a incapacidade do governador de estabelecer
diálogo com setores da sociedade, e mesmo seus servidores, do qual se destacam
os profissionais de educação. O governo do Rio está desorientado em sua quase
total inglória missão de refazer seu bloco de sustentação.
O termômetro do fracasso
governamental se mede nas últimas pesquisas de opinião. O vice-governador, Luiz
Fernando Pezão, é o mais cotado para representar o bloco governista nas
eleições, mas ainda não conseguiu decolar nas pesquisas. Ainda que pessoalmente
diferenciado de Sérgio Cabral, com mais vocação para diálogos e reconhecida
capacidade de gestão, difícil descolar seu nome do desgastado governo Estadual.
O resultado político, porém, não favorece o aparecimento de novas forças
progressistas postulantes a dirigir o estado. Segundo pesquisa realizada pelo
instituto GERP, Marcelo Crivela (PRB), lidera com 23%, seguido por Antony
garotinho (PR) 12,8% e Lindberg farias (PT) 7,9%. Os dois primeiros fazem parte
de uma emergente força conservadora, instalada a partir dos púlpitos
neopentecostais, e alimentada por um fundamentalismo de alta periculosidade ao
estado laico. Garotinho, ainda, carrega a ambição de um clã faminta por poder,
e envolta em obscuras denúncias de alta corrupção.
A esquerda fluminense tem a
difícil tarefa de organizar uma candidatura que dê conta de, responsavelmente,
enfrentar os riscos de desaguarmos em 2014 um ciclo conservador, tão ou mais
perigoso como o que vivemos hoje. O primeiro passo é conseguir um nome que
consiga minimamente passear pelas variações não tão definidas de nossa
esquerda, ou mesmo setores democratas moderados. Arrisco-me a apostar na
Deputada federal Jandira Feghali. Seu partido, o PCdoB, lançou seu nome, mas
goza de pouco entusiasmo mesmo entre seus pares. Seria importante que se
estabelecesse um pacto progressista em torno de seu nome, não só para
fortalecer sua candidatura, mas também impedir qualquer recuo de seu partido
por conta de matemáticas eleitorais.
Não tenho dúvidas que Jandira
faria com excelência o contraponto ideal as candidaturas conservadoras, com
destaque para aquelas que comungam uma espécie de “direitismo neopentecostal”. Empolgo-me
com sua alta capacidade de articulação, sua proximidade com os movimentos sóciais,
seu talento para lidar com adversidades e principalmente, a sensibilidade e
ética no trato com a coisa pública.
O PT vive uma queda de braços
interna, oscilando uma improvável candidatura própria com uma adesão suicida a
candidatura do atual governo. A ultraesquerda, sempre indisposta a fazer
análise no jogo de forças, tende a apresentar nomes que unicamente testemunham
a pureza revolucionária de seus membros. Há outros setores, tais como o PSB,
PPS e o PDT que, reconhecendo as particularidades da situação do Estado do Rio
de Janeiro, teriam condições de fortalecer um bloco de centro-esquerda.
Sei dos obstáculos, mas penso
ser urgente um imediato posicionamento das esquerdas a favor da candidatura de
Jandira Feghali.
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