Por Adelson Vidal Alves
O cenário de 2014 começa lentamente a ganhar um quadro sólido. As manifestações de Junho que sacudiram o país quebraram a estranha e brutal hegemonia que o PT detinha nas intenções de votos a presidência da República, que vinham de longa data sendo testemunhada nas pesquisas de opinião. Hoje nem Lula e nem Dilma garantem uma eleição fácil, ainda que gozem de relativo favoritismo. O quarto mandato petista já não é dado como certo nem mesmo entre os mais fanáticos governistas, e a oposição democrática cresce em cada pesquisa realizada.
A última consulta realizada
pelo Datafolha segue apontando Marina Silva como a candidata que mais cresce
entre os oposicionistas. Traz também a já previsível e normal recuperação de
Dilma, assim como a queda de Aécio Neves (PSDB). Entretanto, algo chama atenção
nas candidaturas das oposições, e que podem trazer mudanças de rumos. Trata-se
do fator José Serra.
Ao contrário do que petistas e
amigos alardeavam, o ainda tucano não está liquidado, pelo contrário, aparece
com significativa substância eleitoral, mesmo que negando candidatura. Seu
desempenho supera Aécio Neves no PSDB, seu correligionário e único a cair nas
intenções de voto. Os tucanos vêem ainda a candidatura do neto de Tancredo não
decolar.
A disputa presidencial com José
Serra seria bem mais qualificada. O ex-ministro de FHC detém um histórico
desenvolvimentista e democrático. Ocupando o Ministério da Saúde na gestão
federal tucana, foi uma das vozes mais fortes a fazer contraponto aos rumos
liberais da economia. Desde sempre advoga um Estado ativo e livre dos
assanhamentos clientelistas e patrimonialistas que enfraquecem o caráter
republicano de nossas instituições democráticas.
Mesmo que Aécio Neves seja
indiscutivelmente um quadro democrata e não pertencente ao que se conveio
chamar de “direita neoliberal”, penso que Serra poderia contribuir melhor
dentro da perspectiva de 2014.
O PSDB parece decidido a bancar
a candidatura do senador mineiro, mas os números e os fatos, na medida em que surgem
de forma mais clara, tendem a colocar uma pulga na orelha dos tucanos. Com
Serra não só as possibilidades eleitorais aumentariam, mas a esquerda
democrática ganharia mais um significativo representante.
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