segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Em defesa de José Serra



Por Adelson Vidal Alves

O cenário de 2014 começa lentamente a ganhar um quadro sólido. As manifestações de Junho que sacudiram o país quebraram a estranha e brutal hegemonia que o PT detinha nas intenções de votos a presidência da República, que vinham de longa data sendo testemunhada nas pesquisas de opinião. Hoje nem Lula e nem Dilma garantem uma eleição fácil, ainda que gozem de relativo favoritismo. O quarto mandato petista já não é dado como certo nem mesmo entre os mais fanáticos governistas, e a oposição democrática cresce em cada pesquisa realizada.

A última consulta realizada pelo Datafolha segue apontando Marina Silva como a candidata que mais cresce entre os oposicionistas. Traz também a já previsível e normal recuperação de Dilma, assim como a queda de Aécio Neves (PSDB). Entretanto, algo chama atenção nas candidaturas das oposições, e que podem trazer mudanças de rumos. Trata-se do fator José Serra.

Ao contrário do que petistas e amigos alardeavam, o ainda tucano não está liquidado, pelo contrário, aparece com significativa substância eleitoral, mesmo que negando candidatura. Seu desempenho supera Aécio Neves no PSDB, seu correligionário e único a cair nas intenções de voto. Os tucanos vêem ainda a candidatura do neto de Tancredo não decolar.

A disputa presidencial com José Serra seria bem mais qualificada. O ex-ministro de FHC detém um histórico desenvolvimentista e democrático. Ocupando o Ministério da Saúde na gestão federal tucana, foi uma das vozes mais fortes a fazer contraponto aos rumos liberais da economia. Desde sempre advoga um Estado ativo e livre dos assanhamentos clientelistas e patrimonialistas que enfraquecem o caráter republicano de nossas instituições democráticas.

Mesmo que Aécio Neves seja indiscutivelmente um quadro democrata e não pertencente ao que se conveio chamar de “direita neoliberal”, penso que Serra poderia contribuir melhor dentro da perspectiva de 2014.

O PSDB parece decidido a bancar a candidatura do senador mineiro, mas os números e os fatos, na medida em que surgem de forma mais clara, tendem a colocar uma pulga na orelha dos tucanos. Com Serra não só as possibilidades eleitorais aumentariam, mas a esquerda democrática ganharia mais um significativo representante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário