sexta-feira, 29 de julho de 2011

Uma burguesia nojenta

          Por Adelson Vidal Alves



          Quem não se lembra da socialite Vera Loyola levando seu cãozinho de helicóptero ao cabeleireiro? Pois é, mas tamanho escárnio foi superado. Na Coluna de Eliane Trindade da Folha de São Paulo está o caso de uma outra ricaça paulista que levou seu cãozinho também de helicóptero ao PET SHOP, mas desta vez movido pelo desespero da madame que viu seu animal comendo a marmita de seu segurança.
          A burguesia brasileira é assim, odeia os pobres e tem nojo do povo brasileiro. Parasitas que são gastam seu dinheiro roubado por mais valia e expeculações nas situações mais bizarras. Fazem tudo para aparecer, não se incomodam de se prestar a cenas patéticas para estamparem a capa de revistas asquerozas como Veja e Caras.
          A burguesia brasileira é saudosa dos tempos coloniais, aliás a sua cabeça está lá ainda. Pensam com a cabeça dos tempos da realeza e vivem um conto de fadas montado por sua avareza sobre o sofrimento de milhões de brasileiros.
          A burguesia brasileira merece o ódio e o repudio da nação brasileira, tão diversificada, trabalhadora e cheio de potencialidades. Gente estúpida e desprezivel como estas peruas criadoras de Poodle envergonha nosso país, desrespeita o suor cotidiano de milhões de trabalhadores. Eles ao contrário são um bando de vagabundos, gastam seu tempo em academias, clubezinhos selecionados, ou simplesmente planejando novas formas de exploração para se enriquecerem ainda mais.
         A burguesia brasileira é a mais idiota do mundo, são todos burros. Invejam os intelectuais pois são preguiçosos na arte de debater, se pousam de cultos ouvindo ópera e lendo Veja, mas no fundo uma cambada de imbecis inuteis.
          A burguesia brasileira é nojenta, merecem o inferno e o pior de todos mundos. A riqueza deles é a miséria de tantos outros.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Partidos Politicos: Reinvenção ou Morte

Por Adelson Vidal Alves

           
          
A atual crise mundial não só expôs a fragilidade sistêmica do capitalismo como a incapacidade dos partidos políticos de organizarem alternativas programáticas a partir dos mecanismos formais de representatividade. Não é atoa que nos primeiros anos do Fórum Social Mundial os Partidos foram vetados por estarem muito mais incorporados na estrutura de poder estatal e assim administradores da ordem do que como forças de resistência. Nos anos de ouro do neoliberalismo coube aos movimentos sociais em sua pluralidade resistir avanços mais profundos nas políticas de desregulamentação e diminuição do Estado.
A eleição de governos reformistas com corte de esquerda na América Latina animou alguns especialistas para a necessidade de redirecionar os olhares para o Estado e em conseqüência os partidos políticos, que ao chegarem ao poder aplicariam políticas de incorporação das minorias aos direitos sociais. Apesar das experiências de sucesso como no Equador, Venezuela e Bolívia a grande maioria dos novos governos Latino americanos inovaram nas áreas sociais sem contudo alterar as estruturas da ordem econômica. A participação dos partidos de esquerda na maioria dos governos se deu muito mais pelo rebaixamento de seus programas do que pela ascensão de novas forças sociais na luta pela hegemonia de Estado.
As atuais manifestações do mundo Árabe e na Europa, demonstrou que as massas se desconectaram quase que por completo das formas organizativas dos atuais partidos políticos. Com a idéia obsessiva de vencer eleições, a maioria deles absorveu ainda mais as praticas centralizadoras, oligárquicas e burocratizadoras da máquina estatal. A direção dos partidos estão na mão de cada vez menos pessoas, que por suas vez estão viciadas na lógica do poder e se cegaram para a metamorfose de ação popular nas novas lutas das multidões.
O pensador alemão Karl Marx definiu alienação como um conceito no qual o trabalhador se sente estranho frente a linha de produção e o fruto do seu trabalho, já que seria incapaz de fazer parte do todo, este todo também não está no horizonte das bases partidárias. A burocratização dos partidos políticos criam especializações em seu interior e o militante profissionalizado se encarrega apenas de sua área de atuação, se aliena.
Há quem defenda o fim dos partidos políticos. De minha parte tenho dito que as atuais formas de organização partidária caminham mesmo para a morte, isso se não se reinventarem a partir das mutações que o mundo globalizado apresenta, contudo não há ainda outro tipo de instrumento político que seja capaz de universalizar as várias demandas das frações sociais oprimidas. Há sim que disputar o poder, mas disputar para transformá-lo. Há sim que transformá-lo, mas sem necessariamente absorver a lógica espúria do jogo do capital. Há de se combinar radicalidade revolucionária com uma ação renovada, global e mais democrática.
Caso os partidos políticos permaneçam com suas estruturas burocráticas e sem captar o clamor das grandes massas serão atropelados pelas novas formas de organização popular, mais democrática e conectada pelas redes sociais. Assim como nasceu os partidos políticos, por necessidade histórica, podem eles serem renovados ou simplesmente desaparecerem, a historia continuará andando e se transformando.

domingo, 24 de julho de 2011

Desenvolvimento Econômico

Por Adelson Vidal Alves

         

          O termo "desenvolvimento econômico" é um dos mais utilizados por governantes e postulantes para tal, na maioria das vezes mal usado, seja por demagogia ou por puro desconhecimento mesmo. Um país. estado ou cidade economicamente desenvolvidos não signfica que sejam socialmente justos. Durante o governo militar o  Brasil ocupou o 8º lugar na economia mundial, ao mesmo tempo que esbanjava miséria e desigualdade. O desenvolvimento econômico só tem razão de ser na medida em que esteja alinhado com várias questões, cito duas delas. A questão social e a questão ambiental.
          A primeira tem a ver com um modelo de desenvolvimento centrado no ser humano e não no capital. Para isso se faz urgente a ação do poder público em regulamentações e reformas de Estado que submetam o econômico ao social. Precisamos de uma reforma tributária que desonere os setores produtivos de pequeno e médio porte, os principais geradores de emprego no país. Precisamos de uma reforma politica que coloque os empresários como agentes privados que são, e não publicos. Através de doações de campanha  conseguem eles pautar a vida politica da nação. Há uma PEC circulando no Congresso Nacional que reduz a jordada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, a choradeira empresarial seria pelo fato de que a maioria das empresas quebraria. Mentira! O economista e presidente do IPEA Marcio Pochman recentemente demontrou que os brasileiros poderiam ter uma jornada de trabalho de 5 horas por dia e ainda sim manteriamos forte nossa cadeia de produção, haja vista o desenvolvimento de nossas forças produtivas, bastaria contudo diminuir os lucros do capital, coisa inimaginavel para qualquer capitalista.
         Os trabalhadores precisam se organizar e lutar pela diminuição na jornada de trabalho, na Europa os sindicatos diziam "trabalhar menos para que todos trabalhem", mas por aqui em Volta Redonda um certo líder sindical chegou recentemente a retirar da pauta da campanha salarial o  aumento real dos operários, preocupado que estava com a competitividade das empresas.
        É dever do poder público ser rigoroso com os empresários, se recebem eles renuncias fiscais, devem devolver a sociedade em forma de empregos de qualidade e condições de trabalho. Há governos contudo que sacrificam os cofres públicos e junto com ele os trabalhadores, feitos de servidores da acumulação capitalista.
         A questão ambiental também é seríssima. A voracidade consumista de nossos tempos agrediu de tal forma a natureza que parte dela já não logrará recuperação, mesmo assim, o Deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) relatou um novo código florestal que desprotege ainda mais nossas florestas frente a ganância ruralista, além disso o governo petista liberou a plantação de transgênicos, a construção do "Belo Monstro" e a transposição do Rio São Francisco. Projetos do agronegócio contra a sustentabilidade.
         O Brasil avançou em suas forças produtivas, nunca estivemos em melhores condições de se firmar uma politica de pleno emprego. Mas porque  ainda falta postos de trabalho para nossa juventude? Porque há mais de 8 milhões de familia em situação de extrema pobreza? Porque o deficit de educação, Saude, transporte? Porque tantos brasileiros abandonados a própria sorte? Com a palavra a sociedade brasileira.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Um ano de Estatuto racista

Por Adelson Vidal Alves

        
         
Nesta última Quarta Feira, 20 de Julho, completou -se um ano da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial. Mesmo que pontos bizarros de seu projeto original tenham sido retirados, como o sistema de cotas raciais em Universidades Públicas o fato é que nossos congressistas institucionalizaram no Estado brasileiro uma politica pública de corte racial, extremamente segregadora e racista.
          A partir deste Estatuto abriram se brechas jurídicas para que estados e municípios apliquem politicas racialistas sem poderem lograr êxitos ações constitucionais contrárias no STF. Recentemente o Governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) reservou em decreto 20% das vagas de concursos públicos a candidatos ditos de cor negra.
         Não se trata de negar elementos racistas na vida brasileira, mas sim de discordar veementemente das práticas de combate ao racismo, seja em sua forma racista como de inaplicabilidade. O Estatuto ignora a impossibilidade cientifica de se definir objetivamente "familias raciais", por isto a necessidade da criação de tribunais raciais secretos que rotulam racialmente as pessoas com critérios esquizofrênicos, a mercê de suas próprias vontades. É exatamente isto que acontece no sistema de cotas raciais.
        Em recente pesquisa de ancestralidade genômica realizada em líderes negros brasileiros pelo geneticista Sérgio Pena, observou-se que a aparência de uma pessoa diz muito pouco em relação à ancestralidade. O sambista Neguinho da Beija-Flor, por exemplo, possui 67,1% de ascendência européia. Em outras palavras, é impossível estabelecer descendência de qualquer cidadão a partir de simples observação. Na prática, o que acontece em Universidades que adotam cotas como UERJ e UNB é a seleção subjetiva de privilegiados raciais de acordo com a vontade de uma burocracia escolhida sabe-se como, sabe-se lá por quem.
       O Estatuto da Igualdade Racial firma o caráter racialista do Estado brasileiro, assim como foi a África do Sul no Apartheid e a Alemanha durante o Nazismo, guardada obviamente as diferenças.
Politicas institucionais de corte racial ao contrario de combater o racismo fortalecem rivalidades e ações publicas e violentas de preconceito racial. A forma republicana de governo deveria velar pela construção de uma igualdade juridica de seus cidadãos e não firmando politicas de segregação e privilégios de acordo com a cor da pele.



terça-feira, 19 de julho de 2011

A concepção Leninista de Partido

  Por Adelson Vidal Alves


"...O Comitê Central aparece como o verdadeiro núcleo ativo do Partido e as demais organizações como simples instrumentos executivos"
Rosa Luxemburgo (Sobre a organização do Partido Leninista)



        A maioria dos partidos socialistas e comunistas brasileiros estão organizados na forma que convenhamos chamar de "Leninistas". Suas estruturas organizativas reproduzem em parte a experiência vivida em determinados momentos pelo partido bolchevique russo, teorizado por Vladimir Lênin, e que se estendeu a outros PCs do Leste Europeu, é bem verdade, deformados pelo Stalinismo.
           Pressionados por uma realidade de clandestinidade e com restrita participação das grandes massas na vida pública, Lênin teorizou uma organização disciplinada, com militantes profissionalizados e rigorosamente metódica para evitar discidências, foi assim que se estabeleceu o centralismo democrático como eixo de ação. Permitia-se longos debates, mas quando chegado a uma decisão por maioria todos os membros deveriam acatar. O próprio Lênin chegou a admitir em um texto posterior ao Que Fazer, que parte do que pensou sobre partido estaria superado pelas novas condições históricas, contudo, parcela significativa das organizações comunistas ainda conserva a concepção leninista de organização. Pergunto: O que é atual e o que é ultrapassado na teoria Leninista sobre Partido?
           Lênin partiu corretamente da premissa que as classes sociais existem e lutam de forma objetiva (Classe em si), ou seja, existem pela dinâmica histórica do sistema capitalista e expressam suas contradições de forma inconsciente, necessitando assim uma ferramenta de luta que crie consciência revolucionária. O Partido Comunista, segundo Lênin, seria assim o agente de elevação consciente das massas operárias, os sujeitos revolucionários do socialismo. O Partido seria o formador de uma classe centrada nos seus objetivos e ciente de sua missão histórica (classe para si). Antonio Gramsci, um pensador contemporâneo a  Lênin concorda com o teórico russo e admite que mesmo em sociedades complexas o Partido permanece sendo principal instrumento de elevação da consciência transformadora, passando, segundo o comunista italiano, de um momento "Econômico-corporativo" para um "Ético-politico".
           Após a morte de Lênin e a ascenção de Stalin ao poder na União soviética, estendeu-se por todo o mundo "socialista" uma forma de organização burocratizada, autoritária e violenta, erroneamente atribuida a teoria Leninista. O centralismo "burocrático" do Stalinismo atravessou os anos e sobreviveu como forma de organização anacrônica de luta socialista no mundo moderno. É possivel observar que já em meados do século XIX as lutas populares avançaram em conquistas democráticas (sufrágio universal, pluripartidarismo, midia livre, sindicatos fortes etc) que incorporou as massas na participação da vida politica. O poder assim deixou de ser um simples elemento coercivo na mão de uma classe dominante para se fragmentar em elementos consensuais cada vez mais firmada em uma hegemonia de consentimento.
           Um Partido organizado de forma centralizada não consegue incorporar as massas em suas decisões e se burocratiza. O Centralismo Democrático sufoca o espirito criativo do povo e restringe a pluralidade do debate em pequenas decisões tomadas pelo Comitê Central, a mercê de suas bases.
           Um Partido socialista para os dias de hoje não pode ignorar a democracia como regra do jogo e principalmente ser aberto e flexivel para obtenção de consensos e avanços significativos na construção de uma cultura socialista revolucionária.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O novo presidente da UNE

Por Adelson Vidal Alves

         

         Conheci Daniel Iliescu quando eu ainda militava no movimento estudantil. Humilde, guerreiro e extremamente sensivel a causa do movimento, o novo presidente da UNE tem o perfil ideal de quem tem a tarefa urgente de resgatar as lutas que historicamente honraram o nome da entidade. Lucia Stumpf e Augusto Chagas, os dois últimos presidentes, prenderam a organização maior dos estudantes a uma prática burocratizada e governista.
          Iliescu sempre se pautou pelo respeito as bases, quando que por tantas vezes veio em Volta Redonda foi um dos poucos a reconhecer a importância do interior para a construção de um movimento robusto e democrático no estado do Rio de Janeiro. Apesar de disciplinado com a organização que pertencia, a UJS (União da Juventude Socialista) nunca se curvou a negociatas espúrias, hoje a maioria dos dirigentes do movimento pensam apenas em impor seus propósitos através de alianças descriteriosas e muitas vezes imorais.
         Daniel foi diretor de relações internacionais na ultima gestão da UNE, uma das pastas que desenvolveram politicas mais avançadas da entidade, em geral a União Nacional dos Estudantes serviu apenas para reproduzir em suas bases as politicas neoliberais do governo Lula no campo da educação.
         O novo presidente irá substituir Augusto Chagas, um paulista sem carisma, minguado e mau articulado. Iliescu é exatamente o contrário, é intelectual, carismático e excelente articulador. Com ele até mesmo as oposições terão mais espaço, bem diferente da ditadura de outros tempos.
         A UNE inicia uma nova gestão carregada de esperança, mas principalmente desafios. Daniel Iliescu é presidente e não dono da entidade, terá que ser muito habilidoso no trato com a pluralidade que caracteriza a entidade, deverá ser firme para evitar discidências e principalmente independente frente ao governo e a burocracia do partido que participa, no qual tantas vezes tentou usá-la como correia de transmissão de seus projetos.
         Espero que o Daniel presidente da UNE seja o mesmo que por tantas vezes visitou o interior do Rio de Janeiro e foi articulador sensivel e humilde quanto a luta dos estudantes, respeitando suas particlaridades.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Ainda os Partidos Politicos

Por Adelson Vidal Alves

"Os partidos politicos estão defasados, quem está na frente é o povo mesmo"
Milton Santos



         

         
Desde que me afastei do PC do B por questões de organização interna tenho me aproximado de alguns partidos de esquerda e centro. Triste constatação perceber que parece ser regra geral elementos burocratizadores e antidemocráticos em todos eles. Resolvi rever a polêmica tese de John Holloway. O pensador irlandês entende que os partidos políticos querem mudar o Estado reproduzindo internamente as velhas praticas burocráticas do mesmo. Para o autor de Mudar o mundo sem tomar o poder, os partidos políticos já não servem mais para esta tarefa, há de se buscar formas de transformação social sem tomar o poder de assalto. O próprio autor admite não saber como fazer isso.
          O fato é que o pensador chega a conclusões sedutoras. Vejam que mesmo os partidos de esquerda quando ascendem a governos são modificados ao invés de modificarem qualquer coisa, olhe o caso do PT no Brasil.
          De minha parte estou convencido de que ainda são os partidos políticos o único instrumento histórico de luta capaz de universalizar as demandas especificas dos vários segmentos sociais. Um sindicato, por exemplo, é extremamente importante para diminuir a exploração econômica dos patrões sobre os trabalhadores, mas não tem como função organizar um projeto de sociedade que incorpore mulheres, negros e outros segmentos oprimidos. Esta tarefa ainda é do partido politico.
        O mundo contemporâneo é muito mais complexo e os partidos de esquerda parecem não ter acompanhado esta evolução histórica. Organizados para tomar o poder de assalto e transformar as relações sociais  a partir de mudanças politicas e econômicas, desprezam a necessidade de intervir de forma educativa na consciência do povo. Vanguardistas, se acham auto-suficientes para poder guiar a massa "iletrada" a caminhos verdadeiros da revolução. Deveriam ouvir o conselho de Paulo Freire "É preciso educar/educando", ou seja, deviam deixar de tentar mudar somente a cabeça do povo, mas principalmente estar aberto a uma relação dialética, no qual também se admite a auto-modificação.
        Um dos motivos de deixar o PC do B foi exatamente o fato de insistirem no "centralismo democrático", um mecanismo de organização revolucionária datada e que era eficiente num contexto de clandestinidade e restrita participação do povo na esfera publica. A realidade moderna se caracteriza por uma ampliação da democracia, na importância da construção de consensos. Um partido centralizado de cima para baixo não consegue captar os anseios populares, a dor cotidiana de quem dizem representar, chega uma hora que o próprio povo cansa de falar sem ser ouvido e se organiza por si mesmo, é só percebermos os últimos acontecimentos da Europa e o mundo árabe. Por lá o povo está na rua e os dirigentes de esquerda nos gabinetes.
        Os partidos politicos se quiserem permanecer jogando papel importante na luta pela hegemonia deve se preocupar em estreitar laços com as massas, investir em trabalho pedagógico, ser eco do grito de suas bases, caso ao contrário serão soterrados pelo peso de suas burocracias.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Capitalismo Neopentencostal

Por Adelson Vidal Alves

            

            A reforma protestante do século XVI significou a quebra do monopolio da interpretação da fé cristã pela igreja católica. Significou também uma mudança no imaginário popular e uma "democratização" quanto as formas de se viver a fé a partir dos textos biblicos. Não significou apenas isso, a nova visão de mundo proposta pelos protestantes favorecia a ideologia burguesa, em plena ascenção no momento, e segundo o sociólogo Max Weber em seu clássico "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" deu solida sustentação para o desenvolvimento do novo modo de produção. A reforma protestante naquele momento prestou importante serviço contra o autoritarismo eclesial da igreja católica e colocou a biblia sagrada nas mãos do povo, antes restrita a esfera clerical.
           Entretanto, com o fortalecimento do sistema capitalista a igreja protestante passou em sua maioria para o lado das classes dominantes. Com uma teologia conservadora, individualista e descomprometida com a praxis (já que a salvação viria da "fé" e não das obras) os chamados "evangélicos" contribuem hoje muito mais negativamente na luta por democracia, o que não significa contudo não haver protestantes progressistas, cito como exemplo o pastor Ricardo Gondim.
          O número de protestantes no Brasil vem aumentando a cada ano e com ele uma profunda modificação das praticas religiosas. O que cresce assustadoramente no país não são os chamados "protestantes históricos" (Batistas, presbiterianos, metodistas, luteranos...) mas principalmente seitas neopentencostais, embutidas de um discurso em total alinhamento com o consumismo e a avareza capitalista.
           Os novos evangélicos já não se preocupam com a salvação da alma, mas sim da própria pele. São seduzidos por promessas de enriquecimento rápido, curas milagrosas, recuperação de matrimônios e mantém um ritual religioso centrado no êxtase.
           Os neopentencostais investem pouco em teologia, preferem a expetacularização da fé do que seu entendimento intelectual. Tem força nos setores abastardos da sociedade e nos setores populares também, haja vista a promessa mágica de solução de problemas. A chamada teologia da prosperidade garante aos fiéis riqueza em troca de fidelidade religiosa e compromissos com a sustentação financeira da igreja. São estes evangélicos que inundam as televisões abertas e fechadas com programas em horários nobres.
          Com o neopentecostalismo o cristianismo perde sua dimensão libertadora. A opção histórica que Jesus fez pelos pobres é ignorada, a politica quando lembrada é feita por puro fisiologismo, sem considerar que para ser discipulo de Jesus se faz exigente uma praxis alinhada com a libertação dos pobres. O Cristo nunca prometeu soluções mágicas, antes morreu por um engajamento social em favor dos oprimidos.
As novas igrejas neopentecostais são hoje braço de apoio da ordem dominante e cumprem papel de anestesia na consciência libertadora do povo. Para estas serve a constatação de Marx pelo qual a religião é o ópio do povo.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Um país injusto

Por Adelson Vidal Alves



          Mesmo depois de oito anos de um governo oriundo das classes subalternas, o Brasil permanece no topo dos países mais desiguais do mundo. Por aqui os 10% mais ricos concentram cerca de 90% da renda nacional, 1% dos prorietários rurais concentram mais de 60% das terras cultiváveis, enquanto mais de 15 milhões de brasileiros vivem em situação de extrema pobreza e 20% das rendas familiares são complementadas por programas compensatórios do governo.
         Tamanha distorção se explica em parte pelas estruturas coloniais que teimam em se conservar intactas no decorrer dos séculos. Os governos sucssivamente eleitos se negaram a fazer reformas nestas estruturas, tementes que são a reação das classes dominantes, e com isso o povo brasileiro paga o alta preço de tamanha injustiça.
        Esperava-se do governo Lula exatamente estas reformas. Uma reforma tributária que alternasse a tributação brasileira de regressiva para a progressiva, desonerando o setor produtivo e taxando as grandes fortunas, propriedades e principalmente o setor expeculativo, que goza de total liberdade de circulação sem qualquer controle estatal. A injustiça tributaria brasileira faz com que os pobres paguem proporcionalmente mais impostos que os ricos.
        A reforma agrária talvez seja a mais urgente de todas. A brutal concentração de terras cria exodos rurais, que por sua vez incham as cidades causando situações de pobreza e violência nos grandes centros urbanos. O modelo agrícola brasileiro serve prioritariamente aos setores agroexportadores, que concentram suas atividades no mercado exterior e empregam cada vez menos, ao passo que desconsideram a produção de alimentos para o mercado interno. O modelo de agricultura familiar provou não só ser mais eficiente (70% dos alimentos que chegam a nossos pratos todos os dias vem da agricultura familiar) como demonstrou ser mais justo na medida em que prende as familias camponesas no campo e distribui renda. Se a reforma agrária não sai é por culpa quase exclusiva dos governos. Caso não existisse o MST a situação poderia estar ainda pior.
        O governo Lula preferiu por uma governança conciliadora. Até melhorou os indices sociais através de politicas de compensação sem contudo alterar a logica concentradora nacional. A politica economica adotada pelo PT repete o modelo tucano, beneficiando o capital financeiro que lucra cada ano mais. O banco Itaú lucrou nos três primeiros meses deste ano mais de R$ 3,5 bilhões de reais, enquanto seus funcionários minguam os menores salários da categoria.
        Neste inicio de governo Dilma não há sinais de mudanças de rumo. Se o povo brasileiro não tomar em suas mãos os destinos do país, talvez tenhamos que conviver com a lamentável contradição de um país tão rico em recursos naturais e tão ingrato com seu povo.