quarta-feira, 27 de julho de 2011

Partidos Politicos: Reinvenção ou Morte

Por Adelson Vidal Alves

           
          
A atual crise mundial não só expôs a fragilidade sistêmica do capitalismo como a incapacidade dos partidos políticos de organizarem alternativas programáticas a partir dos mecanismos formais de representatividade. Não é atoa que nos primeiros anos do Fórum Social Mundial os Partidos foram vetados por estarem muito mais incorporados na estrutura de poder estatal e assim administradores da ordem do que como forças de resistência. Nos anos de ouro do neoliberalismo coube aos movimentos sociais em sua pluralidade resistir avanços mais profundos nas políticas de desregulamentação e diminuição do Estado.
A eleição de governos reformistas com corte de esquerda na América Latina animou alguns especialistas para a necessidade de redirecionar os olhares para o Estado e em conseqüência os partidos políticos, que ao chegarem ao poder aplicariam políticas de incorporação das minorias aos direitos sociais. Apesar das experiências de sucesso como no Equador, Venezuela e Bolívia a grande maioria dos novos governos Latino americanos inovaram nas áreas sociais sem contudo alterar as estruturas da ordem econômica. A participação dos partidos de esquerda na maioria dos governos se deu muito mais pelo rebaixamento de seus programas do que pela ascensão de novas forças sociais na luta pela hegemonia de Estado.
As atuais manifestações do mundo Árabe e na Europa, demonstrou que as massas se desconectaram quase que por completo das formas organizativas dos atuais partidos políticos. Com a idéia obsessiva de vencer eleições, a maioria deles absorveu ainda mais as praticas centralizadoras, oligárquicas e burocratizadoras da máquina estatal. A direção dos partidos estão na mão de cada vez menos pessoas, que por suas vez estão viciadas na lógica do poder e se cegaram para a metamorfose de ação popular nas novas lutas das multidões.
O pensador alemão Karl Marx definiu alienação como um conceito no qual o trabalhador se sente estranho frente a linha de produção e o fruto do seu trabalho, já que seria incapaz de fazer parte do todo, este todo também não está no horizonte das bases partidárias. A burocratização dos partidos políticos criam especializações em seu interior e o militante profissionalizado se encarrega apenas de sua área de atuação, se aliena.
Há quem defenda o fim dos partidos políticos. De minha parte tenho dito que as atuais formas de organização partidária caminham mesmo para a morte, isso se não se reinventarem a partir das mutações que o mundo globalizado apresenta, contudo não há ainda outro tipo de instrumento político que seja capaz de universalizar as várias demandas das frações sociais oprimidas. Há sim que disputar o poder, mas disputar para transformá-lo. Há sim que transformá-lo, mas sem necessariamente absorver a lógica espúria do jogo do capital. Há de se combinar radicalidade revolucionária com uma ação renovada, global e mais democrática.
Caso os partidos políticos permaneçam com suas estruturas burocráticas e sem captar o clamor das grandes massas serão atropelados pelas novas formas de organização popular, mais democrática e conectada pelas redes sociais. Assim como nasceu os partidos políticos, por necessidade histórica, podem eles serem renovados ou simplesmente desaparecerem, a historia continuará andando e se transformando.

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