domingo, 28 de agosto de 2011

O Deus que creio

Por Adelson Vidal Alves


           
       O Deus que creio nada tem a ver com o fanatismo arcaico da bancada evangélica, armada no Congresso Nacional em nome de um obscurantismo estúpido e responsavel por embarreirar leis democráticas como a que criminaliza a homofobia e discriminaliza o aborto.
            O Deus que creio nada tem a ver com o fundamentalismo do Vaticano, que em recente encíclica declarou ser a Igreja Católica a unica religião verdadeira, jogando no lixo décadas de diálogo inter-religioso.
            O Deus que creio não é o de Silas Malafaia, pastor homofóbico que persegue homossexuais enquanto faz de tudo para  pegar as migalhas que caem do banquete farto do poder.
            O Deus que creio não é do casal Hernades, bispos da Igreja Renascer em CRisto. Não é o da pirotecnia das religiões neopentecostais e nem da nefasta teologia da prosperidade.
           O Deus que creio não está em templos, não promete riquezas e nem curas fantasiosas. Não pune filho seu com o inferno, não castiga os infiéis e nem incentiva guerras em nome de doutrinas.
           O Deus que creio não faz campanha eleitoral para a direita, certo que está de seus projetos nada alinhado com deles. O Deus que creio siquer incentiva currais eleitorais como vimos na última eleição presidencial.
          O Deus que creio é o de Jesus Cristo, presente no rosto sofrido dos oprimidos. Que ama os humilhados por preferência e que toma lado na luta contra a injustiça.
          O Deus que creio condena a concentração de riqueza, a discriminação do outro e está de braços abertos para acolher o filho pródigo.
          O Deus que creio está presente na beleza do universo, na vida pulsante de nosso planeta, no clamor da mãe terra por cuidado.
         O Deus que creio não cabe em dogmas, não apoia inquisições, não incentiva a burrice. Quer seus filhos unidos em torno de um mundo mais justo, de um mundo sem pobreza, injustiça e desigualdade.
         O meu Deus é o Deus do sociólogo Betinho, dos educadores Paulo Freire e Darci Ribeiro, do filósofo Karl Marx. Todos ateus de fé, mas apaixonados pelo ser humano e assim servidores do evangelho e do Reino de Deus.
        O Deus que creio é o Deus de Dom Waldir Calheiros, Dom Oscar Homero, Frei Tito, do pastor Ricardo Gondim, da caridade de Chico Xavier. É o Deus dos pobres, defensor do direito dos mais fracos.
        O Deus que creio não faz parte da estupidez das religiões, do fundamentalismo de George Bush e Bin Laden, do conservadorismo arcaico de Bento XVI e da avareza de Edir macedo. O Deus que creio acolherá todos com o amor incalculável de seu ser no dia do grande encontro.


quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Gramsci, uma nota

Por Adelson Vidal Alves

Participei no último dia 23 de agosto na UNIRIO, do Seminário comemorativo aos 120 anos de Nascimento de Antonio Gramsci, o evento foi realizado pelo grupo “Gramsci e a Modernidade”. Na Conferência de abertura pudemos ouvir o professor Carlos Nelson Coutinho, principal especialista em Gramsci no país. Na parte da tarde uma mesa de especialistas debateu teoria e política a partir do pensador italiano.
Gramsci é sem dúvida o maior teórico marxista do século XX e XXI. Suas categorias conceituais ajudaram não só a renovar o marxismo como ajudar a esquerda socialista mundial a reavaliar sua estratégia revolucionária. O comunista sardo percebeu que os processos revolucionários em países avançados da Europa não lograram sucesso principalmente pelo fato das estruturas sociais daqueles países terem se tornado complexas a partir do aparecimento de várias associações de massas, que garantiam maior participação popular na esfera pública. Este fenômeno tornou o Estado mais amplo a partir do aparecimento de uma nova esfera de ser social que Gramsci chamou de “sociedade civil”, arena privilegiada de luta de classes no qual se estabelece mecanismos de consenso para transformação ou manutenção de uma ordem social.
A partir daí o pensador italiano elabora uma estratégia de revolução conhecida como Guerra de posição. Não basta ganhar o poder coercivo do Estado, pelo menos em sociedades complexas, se faz necessário ganhar o consentimento das massas para um projeto transformador, ou seja, é preciso antes de ser classe dominante ser classe dirigente.
O pensamento político de Antonio Gramsci influencia quase todos os partidos de esquerda e a atualidade de seu pensamento se confirma com sua presença seja na esfera acadêmica seja nos movimentos sociais. Sua leitura é imprescindível para todos os lutadores que pensam a construção de um novo mundo democrático, longe das amarras da alienação e da exploração.
Certamente não é o único pensador a dar conta de toda a complexidade do mundo moderno, mas é certamente atual e ferramenta indispensável na construção de uma luta global pelo socialismo.


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Cultura, Estado e transformação social

Por Adelson Vidal Alves

           

          
A palavra cultura vem do latim colere, e originalmente significa cultivo. Cultura em seus primórdios estava ligado a idéia de agricultura, uma espécie de cuidado que incitava o despontar de muitas potencialidades. Com o tempo ela foi se transformando, chegando a ser sinônimo de progresso e desenvolvimento de determinada sociedade, como foi o período das luzes, até que enfim ela se alinhou ao campo da produção simbólica dos seres humanos, seja em sua expressão artística, religiosa e todas as variantes transcendentais que os seres humanos podem produzir através de sua vocação na busca por beleza.
            Para a filósofa Marilena Chauí cultura é "tudo aquilo que o homem faz", ou seja, comer com talheres, entregar flores pra conquistar uma mulher, jogar futebol. Contudo, a cultura geralmente vem associada as questões da arte, da música e da poesia. Fala-se de agentes culturais, produtores culturais, gente que se profissionaliza em trabalhos relacionados a cultura. Mesmo que todos os seres humanos de alguma forma participem da vida cultural, não se pode negar movimentos que se organizam a partir de um conceito de cultura da qual se caracteriza por ramos de trabalho ligados a produções dos bens simbólicos.
            A Cultura a partir desta delimitação aparece de formas distintas nos vários momentos históricos. No sistema capitalista ela se insere dentro de uma realidade de divisão de classes sociais antagônicas, basicamente constituída entre os que detém o poder de compra e os que não detém. Digo isso por que no sistema do capital tudo vira mercadoria, e como tal detém um preço, acessível a uma parte privilegiada da sociedade e inacessível a outras. Por isso a separação entre uma cultura "dominante" produzida e consumida pelas classes proprietárias, e uma cultura popular que nasce das expressões das classes subalternas. A chamada cultura popular é recebida com preconceito por muitos, já que a imaginam como sendo resultado de uma vida ignorante e que precisa assim ser elevada a partir dos paradigmas dominantes. Tenta-se inculcar nelas a cultura que referenda a ordem capitalista, querendo  assim sua passividade .
          Ao ligarmos a TV domingo, ou se formos numa banca de jornal, percebemos claramente duas linguagens culturais diferentes. Para os pobres uma cultura sensacionalista, de entretenimento, com linguagens do cotidiano popular, tudo para manter a "ordem" em ordem. É característica do sistema capitalista a industrialização da cultura, de sua extensão massificada ao povo, sustentada sob modismos e apologias da grande mídia monopolizada. O casamento entre mídia e cultura dominante configura estratégia para garantir a manutenção da ordem capitalista e impedir as potencialidade revolucionárias das classes subalternas.
           É claro que a direção cultural das classes dirigentes não se dão sem resistência, trava-se diariamente uma luta por hegemonia. Chama atenção o fato das elites trabalharem duro na cultura de massas e na cooptação dos elementos ativos da cultura popular.
           O Estado, agente dos interesses do núcleo dominante, trabalha duro para impedir que a criatividade da cultura popular se transforme em força revolucionária, por isso age seduzindo os movimentos de cultura, seja "elitizando-os" ou simplesmente massificando. Através dos meios de comunicação em massa incentiva-se uma produção cultural voltada ao mercado, para o enriquecendo do artista que recuar em sua criatividade livre e se curvar ao modismo delirante do mundo bussines.
          Há movimentos culturais e artistas que resistem a intervenção do Estado e do poder econômico na sua forma de produção cultural. Se autodeclaram "independentes", exatamente por sobreviverem mesmo longe dos recursos públicos e do capital. São raríssimos, mas guardam firmes suas convicções originais, em sua maior parte os artistas passam horas nos balcões de empresa e governos choramingando verbas sem pelo qual jamais existiriam.
          Devo ressaltar entretanto que o Estado detém responsabilidades frente a produção da cultura. Se no capitalismo os bens culturais são deslocados para o mercado e são vendidos conforme o poder econômico de seus consumidores, na democracia se faz urgente a criação de políticas públicas de garantia de acesso e produção dos bens culturais para todos os cidadãos. A cultura na democracia é direito.
         Na história brasileira prevaleceu uma prática de cooptação dos elementos ativos do movimento cultural, razão pelo qual nosso Estado garantiu a prevalência da situação de nossos dias a partir da garantia de um ambiente cultural mantenedor da ordem capitalista. Para transformar a sociedade precisamos de um amplo debate cultural que consolide reformas democráticas na estrutura do estado e que firme leis de consolidação da  produção cultural. Uma luta que combine resistência a cultura de massas e de luta por uma mídia mais democrática. 


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Edital de Convocação para eleição dos Conselheiros do Conselho Municipal de Juventude



1 – O Comitê de Acompanhamento da Política Municipal de Juventude, através da Coordenadoria da Juventude convoca a II Conferência Municipal de Políticas Públicas de Juventude de Volta Redonda, conforme decreto 12.212, que se realizará no dia 3 de Setembro, no auditório da UFF/VR, campus Vila, de 8h as 18h, com o lema “Juventude, desenvolvimento e efetivação de direitos” e terá dentre suas atividades e objetivos a eleição dos conselheiros representantes da sociedade civil no Conselho Municipal de Juventude,  no qual respeitará os parâmetros do presente Edital.

2 - A composição do Conselho Municipal de Juventude respeitará os indicativos da Política Municipal de Juventude,  lei 4661/10, onde se prevê no Art 10:

O CMJ, assegurando a participação das entidades representativas da juventude no planejamento e na execução da PMJ, em conformidade com a determinação do § 1º, do artigo 100, da LOM, constituir-se-á de um número ímpar de membros, equivalente a 1 (um) conselheiro para cada  10 000 (dez mil) habitantes, verificados nos anos de recenseamento, que na atualidade, em função do Censo Demográfico de 2000, resulta em 25 (vinte e cinco) membros, dispostos a saber:
 I.      Aproximadamente 40% (quarenta por cento) do Poder Público, com a seguinte representação:
a)      8 (oito) representantes do Poder Executivo Municipal, dos seguintes órgãos:
1.      1 (um) representante da COORJU – Coordenadoria da Juventude;
2.      1 (um) representante da SMP - Secretaria Municipal de Planejamento;
3.      1 (um representante da SMS - Secretaria Municipal de Saúde;
4.      1 (um) representante da SME - Secretaria Municipal de Educação;
5.      1 (um) representante da SMC - Secretaria Municipal de Cultura;
6.      1 (um) representante da SMEL - Secretaria Municipal de Esporte e Lazer;
7.      2 (dois) representantes da administração municipal de órgãos da livre escolha do Prefeito Municipal; 
b)      2 (dois) representantes da Câmara Municipal de Volta Redonda;
II.      Aproximadamente 60% (sessenta por cento) da sociedade civil de Volta Redonda com a seguinte representação por segmentos, a saber:
a)      3 (três) representantes do movimento estudantil, sendo 1 (um)  do movimento universitário e 2 (dois) do movimento estudantil secundarista, ambos de instituições com unidades em funcionamento no município;
b)      2 (dois)  representantes  da juventude religiosa organizada de Volta Redonda;
c)      2 (dois) representantes de ONG’s e Movimentos Sociais do interesse da juventude organizados em Volta Redonda;
d)      2 (dois) representantes das Associações de Moradores;
e)      2 (dois) representantes da juventude de Volta Redonda organizada em torno do esporte;
f)        2 (dois) representantes da juventude de Volta Redonda organizada em torno do movimento cultural;
g)      1 (um) representante da juventude do setor empresarial de Volta Redonda;
h)      1 (um) representante da juventude de sindicatos de trabalhadores de Volta Redonda.
PARAGRAFO ÚNICO: Os Conselheiros que representarão o poder executivo no Conselho Municipal de Juventude serão indicados por livre escolha do Prefeito Municipal, enquanto os dois Conselheiros representantes do poder legislativo serão apontados pela Câmara Municipal de Vereadores.

3 -  Os candidatos a conselheiros deverão ter no mínimo 15 anos de idade e apresentar os seguintes documentos:

I – Em caso de organizações sem personalidade jurídica constituída: Oficio da Organização/Entidade a que representa, assinada pelo responsável da mesma e por no mínimo 15 de seus membros atuantes, e documento de reconhecimento de pelo menos uma entidade que a ratifique sua existência frente a seu segmento de atuação.

II - No caso dos representantes de ONGs, (com personalidade jurídica estabelecida), e do setor empresarial, faz se necessário a apresentação comprobatória de constituição legal.

III – Documento que comprove residência no Município de Volta Redonda.

PARAGRAFO ÚNICO: Os documentos deverão ser entregues de 15 a 30 de Agosto na Coordenadoria Municipal de Juventude, localizada no Edifício Plaza, Avenida Paulo de Frontin, Nº 590, 15º andar.

5 – A documentação apresentada deverá ser referendada pelo Comitê de Acompanhamento da Política Municipal de Juventude, criada no Art 6º da Política Municipal de Juventude.

6 - Os delegados da II Conferência Municipal de Políticas Públicas de Juventude com direito a voto nos Conselheiros poderão votar em apenas um dos candidatos dentro do seu segmento representativo.

PARÁGRAFO ÚNICO: Os conselheiros serão eleitos por maioria simples de acordo com a composição de seu segmento representativo, em respeito as diretrizes da PMJ.



Volta redonda, 28 de Julho de 2011

Marcelo Argolo
Coordenador de Juventude

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Internet e democracia

Por Adelson Vidal Alves

          


           A burocratização dos partidos, a desmoralização das instituições democráticas e a vulgarização do sistema politico fez com que o povo desacreditasse quase que por completo na forma oficial e representativa da organização política. O avanço da democracia participativa em todo mundo tem se dado pela reação criativa das grandes massas, que preparam manifestações e debates sem precisar passar pelos mecanismos tradicionais de debate público.
           Por várias vezes participei de reuniões de partidos e movimentos sociais que não conseguiram lograr êxito em seus projetos devido a divisão interna e a criação de facções que mais valorizavam as divergências do que as convergências. O povo se cansou de tudo isso.
          O que se percebe hoje é a iniciativa popular que parte de redes sociais da internet. Por ali não se vê caciques ditando regras, nem longos e cansativos discursos raivosos sem qualquer fim, e muito menos uma mesa de burocratas prontos para ceifar falas e garantir a opinião maioritária de seu grupo. Na internet estão todos no mesmo nível, professores, operários, artistas e politicos. Todos tem direito a voz, mas nunca o de impor sua vontade pelo simples fato de deter a patente de dirigente.
          A internet fortalece a democracia participativa e é instrumento indispensável no mundo globalizado. Como escreveu Antonio Negri " O império foi capaz de globalizar o capital, mas também de conectar globalmente os explorados". A globalização parece ser um caminho inevitável, Moacir Gadotti bem nos alertou que mesmo os movimentos antiglobalização também são globalizados, organizados pelas redes sociais conectadas globalmente. Sem a internet, Seatle jamais aconteceria.
         É claro que ainda devemos lutar por uma reforma politica democratizadora nos marcos da democracia formal. Precisamos imediatamente da aprovação do financiamento público de campanha para inibir a interferência dos grupos econômicos na vida pública. Necessitamos também a regulamentação de referendos e plebiscitos como forma de participação direta da população nas grandes questões nacionais, mas sabemos das dificuldades da aprovação de tais leis, principalmente pela existência de bancadas corporativistas e fisiológicas no Congresso Nacional. Enquanto isso o povo vai reinventando a democracia.
        Entretanto não tenho a ingenuidade de imaginar a internet como o melhor dos mundos democráticos, por lá também existe concentração de poder. Luciano Huck em seu blog fala para muito mais gente que um blogueiro como eu, e Rafinha Bastos influencia assustadoramente mais de 1 milhão de pessoas no twitter. O monopólio dos meios de comunicação de massa ajudam a construir a concetração de forças na grande rede, além do mais, as camadas mais pobres ainda detém dificuldades de acesso a internet, o que faz com que esta democracia participativa cresça através das classes médias urbanas, longe da dor dos excluidos. Assim é urgente criar programas de inclusão digital e investimento de infraestrutura para o acesso barato de milhões de pobres a grande rede. Não podemos esquecer, contudo, que os grandes grupos econômicos gerenciadores das redes virtuais estão ideologicamente ligadas ao sistema capitalista, que estaria seriamente ameaçada pela multidão de explorados conectados 24 horas por dia.
       Entramos assim numa nova fase da luta democrática, uma luta que agora incorpora no debate a questão do poder e da informação, da democratização dos meios de comunicação e do fortalecimento da democracia global com total protagonismo popular, porém longe da tutela de partidos, sindicatos e outras organizações burocratizadas e pesadas que não conseguem suportar a leveza e a rapidez da nova luta por "cidadania global".

domingo, 7 de agosto de 2011

Educar para a felicidade

Por Adelson Vidal Alves

               
               A grande maioria dos pais ao matricular seus filhos na escola carrega dentro de si uma expectativa: meu filho estudando será alguém na vida. Em suas cabeças está o objetivo de criar um profissional de sucesso, numa espécie de pedagogia bancária, como certa vez disse Paulo Freire, se investindo hoje na infancia para se colher os lucros na vida adulta.
              Muitas crianças tem hoje uma agenda de adulto. Na manhã tem que ir a escola, a tarde balé, a noite piano, aula de inglês, teatro etc. Os pais que obrigam seus filhos a tais rotinas deveiam ser presos por violarem o direito das crianças de serem crianças. Afinal não são elas adultos em miniaturas, estão em processo de descoberta e desenvolvimento, por isso deve-se velar pelo direito de brincarem na lama, jogarem bolinha de gude, pegar goiabas na goiabeira do vizinho, assim eles serão felizes. Mas quem falou em felicidade? A maioria dos pais e infelizmente dos educadores também,  ainda se pensa com a mentalidade tradicional das estatisticas, da competição das carreiras, do êxito no trabalho e no objetivo fanático de um bom salário e futuro.
              E daí se seus filhos odeiam a escola que estudam porque são tratados como presidiários? Que os elaboradores dos programas pedagógicos mal conhecem o cotidiano da maioria dos alunos e por isso fazem da vida destas crianças um inferno? ou ainda, que a maioria dos educadores trabalhem no objetivo unico de cumprir este programa, ou de fazer festa quando um de seus alunos passa no vestibular de uma grande universidade.
             É claro que não podemos desprezar ou ignorar os sonhos de uma vida confortavel no futuro e muito menos de não querer entrar numa boa universidade. Mas é dever dos pais pensar na felicidade de seus filhos, hoje, amanhã e sempre.
            A educação em sua forma oficial não leva em consideração a felicidade. Aprisionam nossas crianças e jovens em pedagogias defasadas, pesadas, torturadoras. Não se leva em conta o prazer de aprender, a alegria da descoberta, antes deve-se decorar os programas, aprender o que o professor ensina, afinal é isso que será cobrado em vestibulares e concursos públicos.
           Quantos amigos meus foram aprovados em carreiras profissionais de alta remuneração e respeito. Muitos deles me confessarm infelicidade. São artistas que se tornaram engenheiros, musicos-arquitetos, astronautas- advogados. Sonhos que foram perdidos na roleta do sucesso profissional, da ambição de salários pomposos e vida social respeitável. O preço é alto, a própria felicidade.
           Aos meus alunos sempre ensinarei o sentido da vida como sendo busca de felicidade, não de cargos e respeito profissional. Educação para mim deve velar pelo sorriso dos alunos, pela alegria de aprender e não pela forca da obrigação de ser bem sucedido, hoje em dia medido  pelos parâmetros capitalistas.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O teatrinho das Centrais Sindicais chapa brancas

Por Adelson Vidal Alves



           
O movimento sindical foi as ruas nos últimos anos pedir votos para Lula e Dilma. Recentemente as principais centrais sindicais do país voltaram as ruas, desta vez para cobrar do governo mudanças na política econômica e na aprovação de projetos de corte trabalhista.
            A maioria destas centrais são dirigidas por partidos da base governista, recebem generosos repasses de dinheiro público via FAT e a nefasta contribuição sindical, criam poderosas máquinas sindicais para depois dizer amém a tudo que o governo diz. Quem não se lembra do vergonhoso apoio da CUT e FORÇA SINDICAL as reformas sindicais e trabalhistas, que caso aprovadas restringiriam o direito de greve e desmontaria direitos como 13º Salário e férias. Estas mesmas centrais e os partidos que a controlam também foram a favor da Reforma da previdência de 2003, um dos maiores ataques a seguridade social dos servidores públicos. Se hoje estão choramingando pelos cantos não se trata de uma guinada classista, mas principalmente um reivindicação de tratamento mais carinhoso por parte de sua mandatária do executivo.
            A burocracia sindical sente que Dilma, ao contrário de Lula, dá preferência escancarada ao grande capital em suas negociações. Com a desculpa de enfrentar a crise industrial, quer ela desonerar a folha de pagamento das empresas e usar dinheiro público para cobrir possíveis rombos na previdência social. Em outras palavras, vai transferir dinheiro de nossos impostos para engordar o lucro dos capitalistas.
            A CUT, central petista, nem se deu o trabalho de participar do teatro sindical das últimas manifestações, se encolheu e mais uma vez blindou o governo. É contraditório que estas centrais reclamem da política econômica, é a mesma destes os tempos de Collor, FHC e Lula. A Força Sindical, central ligada ao PDT de Renato Soares, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda, surgiu com dinheiro do governo de Fernando Collor e foi fundamental no convencimento dos trabalhadores quanto as vantagens da privatização, que só em Volta Redonda, demitiu mais de 15 mil trabalhadores através da CSN. Já a CUT e a jovem CTB, apoiaram Lula e apoiam Dilma, que preservam intactas os rumos neoliberais de nossa economia. Talvez o sociólogo Francisco de Oliveira esteja certo, estes novos sindicalistas podem estar formando uma nova classe sindical de expeculadores-administradores dos fundos de pensão.
          A burocratização do sindicalismo brasileiro tem muito a ver com a "partidarização" de suas cúpulas. Sem se preocupar com trabalho de base, os novos burocratas do movimentos são em sua maioria dirigentes partidários e transferem a lógica espúria da luta eleitoral para dentro do movimento sindical. Basta olhar nossa cidade, o já citado Renato Soares venceu as eleições do sindicato dos metalúrgicos e hoje se transferiu para o PDT e passa maior parte do seu tempo falando do seu sonho em virar prefeito. Ao invés de organizar a categoria fica se reunindo em restaurantes luxuosos com políticos de alta classe.
         A boa noticia é que as novas lutas globais demonstram que as classes subalternas rejeitam cada vez mais estas manobras. O povo vai as ruas sem sindicatos ou partidos, se organiza por redes sociais, buscam formas criativas de gritar contra os desmandos do sistema, enquanto a burocracia sindical-partidária fala sozinha. Sabem eles muito bem que se um dia a contribuição sindical for banida não terão como sobreviver em suas vidas confortáveis. Os trabalhadores não querem mais financiar tais entidades, aí será o fim.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Amy Winehouse: Morte e espetaculo

Por Adelson Vidal Alves


            
            Morreu no último dia 23 de Julho uma das mais talentosas cantoras do mundo, Amy Winehouse. Ela foi encontrada morta em seu apartamento, as razões ainda são desconhecidas. Aliás, é desconhecida apenas pelos médicos e peritos, a midia sabe muito bem as razões, drogas. Sim, alguns jornalistas já tem o resultado dos exames toxoplasmógicos e estampam a cores o expetaculo mórbito de uma artista drogada em total decadência.
             Os moralistas de plantão não perderam tempo, disparam emails para todos os cantos com fotos da cantora em situações deprimentes, desmaiada, descontrolada e esfarrapada, símbolo de quem não assumiu os caminhos virtuosos da boa moral. Para estes, Winehouse simboliza uma multidão de pobres coitados, todos com os dias contados. Sacerdotes da verdades, falam em salvação por Jesus, terapias alternativas, problemas que a fama trás, tudo construido sob o expetáculo midiático que expoe sem qualquer respeito a intimidade de um ser humano. Imagine um pai receber emails cotidianos do calvário de sua própria filha que conhece ele tão bem. Winehouse é morta todos os dias pelos paladinos da boa conduta.
             Não se vencerá as drogas com tanto circo, o debate é muito mais complexo. O combate ao uso de entorpecentes requer um envolvimento da sociedade e o poder público. Porque não pensar numa forma de controle estatal sob forma de discriminalização? Afinal, não consigo imaginar que campanhas moralistas façam o homem desistir do extâse, mesmo que produzidos por inalações químicas.