quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O teatrinho das Centrais Sindicais chapa brancas

Por Adelson Vidal Alves



           
O movimento sindical foi as ruas nos últimos anos pedir votos para Lula e Dilma. Recentemente as principais centrais sindicais do país voltaram as ruas, desta vez para cobrar do governo mudanças na política econômica e na aprovação de projetos de corte trabalhista.
            A maioria destas centrais são dirigidas por partidos da base governista, recebem generosos repasses de dinheiro público via FAT e a nefasta contribuição sindical, criam poderosas máquinas sindicais para depois dizer amém a tudo que o governo diz. Quem não se lembra do vergonhoso apoio da CUT e FORÇA SINDICAL as reformas sindicais e trabalhistas, que caso aprovadas restringiriam o direito de greve e desmontaria direitos como 13º Salário e férias. Estas mesmas centrais e os partidos que a controlam também foram a favor da Reforma da previdência de 2003, um dos maiores ataques a seguridade social dos servidores públicos. Se hoje estão choramingando pelos cantos não se trata de uma guinada classista, mas principalmente um reivindicação de tratamento mais carinhoso por parte de sua mandatária do executivo.
            A burocracia sindical sente que Dilma, ao contrário de Lula, dá preferência escancarada ao grande capital em suas negociações. Com a desculpa de enfrentar a crise industrial, quer ela desonerar a folha de pagamento das empresas e usar dinheiro público para cobrir possíveis rombos na previdência social. Em outras palavras, vai transferir dinheiro de nossos impostos para engordar o lucro dos capitalistas.
            A CUT, central petista, nem se deu o trabalho de participar do teatro sindical das últimas manifestações, se encolheu e mais uma vez blindou o governo. É contraditório que estas centrais reclamem da política econômica, é a mesma destes os tempos de Collor, FHC e Lula. A Força Sindical, central ligada ao PDT de Renato Soares, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda, surgiu com dinheiro do governo de Fernando Collor e foi fundamental no convencimento dos trabalhadores quanto as vantagens da privatização, que só em Volta Redonda, demitiu mais de 15 mil trabalhadores através da CSN. Já a CUT e a jovem CTB, apoiaram Lula e apoiam Dilma, que preservam intactas os rumos neoliberais de nossa economia. Talvez o sociólogo Francisco de Oliveira esteja certo, estes novos sindicalistas podem estar formando uma nova classe sindical de expeculadores-administradores dos fundos de pensão.
          A burocratização do sindicalismo brasileiro tem muito a ver com a "partidarização" de suas cúpulas. Sem se preocupar com trabalho de base, os novos burocratas do movimentos são em sua maioria dirigentes partidários e transferem a lógica espúria da luta eleitoral para dentro do movimento sindical. Basta olhar nossa cidade, o já citado Renato Soares venceu as eleições do sindicato dos metalúrgicos e hoje se transferiu para o PDT e passa maior parte do seu tempo falando do seu sonho em virar prefeito. Ao invés de organizar a categoria fica se reunindo em restaurantes luxuosos com políticos de alta classe.
         A boa noticia é que as novas lutas globais demonstram que as classes subalternas rejeitam cada vez mais estas manobras. O povo vai as ruas sem sindicatos ou partidos, se organiza por redes sociais, buscam formas criativas de gritar contra os desmandos do sistema, enquanto a burocracia sindical-partidária fala sozinha. Sabem eles muito bem que se um dia a contribuição sindical for banida não terão como sobreviver em suas vidas confortáveis. Os trabalhadores não querem mais financiar tais entidades, aí será o fim.

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