Por Adelson Vidal Alves
A maioria dos brasileiros nunca
tinha ouvido falar dos Black Blocs, o grupo que age violentamente nas últimas manifestações
de rua. Estes pegaram carona nas Jornadas de Junho, que mobilizaram milhões de
pessoas em todo o país, e hoje conseguem relativa popularidade junto a setores
da extrema-esquerda e extrema direita. O uso da violência como forma de “ação
direta” e propaganda, é defendida pelos seus membros. Dizem ser necessário
quebrar bancos, multinacionais, considerados símbolos do capitalismo. A
violência desmedida, no entanto, chega a danificar patrimônio público, pequenos
bens privados e até mesmo propriedades comerciais de médio porte, como
padarias, bancas de jornal e barraquinhas de Itapioca. Os “revolucionários”
Black Blocs devem considerar todos representantes do capitalismo.
Lembro de um livro, escrito por
Hannah Arendt, chamado “Sobre a violência”. A filósofa Judia, refugiada do
Nazismo, escreveu esta obra no bojo das revoltas estudantis de 1968, e defendeu
a separação absoluta de violência e poder. Discordando de uma frase de Mao Tse
Tung, segundo o qual “o poder nasce do cana de uma arma”, Arendt estabelece a
violência como o momento em que o poder, (entendida por ela como dominação pela
via consensual) desaparece. Segundo a filósofa, onde há violência não existe
poder, e onde há poder não há violência.
Antes dela um importante
teórico marxista já havia escrito sobre os caminhos revolucionários por
mecanismos de consenso. O Italiano Antônio Gramsci (1891-1937), afirmava que na
medida em que o poder se tornou complexo e acessível às massas, faz-se
necessário pensar mudanças não mais pelo uso violento de assalto ao Estado, mas
sim uma busca constante pela hegemonia, isto é, a direção cultural de uma
sociedade. Apesar de se distanciarem no campo teórico, tanto a filósofa alemã como
o pensador italiano, sabiam distinguir o poder para além da equação:
Poder=Violência.
Voltando aos Black Blocs, estes
chegam a advogar um anarquismo, que mais se parece com uma espécie de neo-ludismo
(o ludismo foi um movimento do século XIX que destruía máquinas culpando estas
como o maior problema dos trabalhadores). No entanto, conseguem a simpatia até
mesmo de quem se diz marxista. Debati com um colega, que me garantiu que em
Marx é a violência a razão pelo qual as revoluções acontecem. Rebati dizendo
que o pensador alemão considerava os processos revolucionários como fruto das
contradições sociais, não da ação violenta. É verdade que este chegou a admitir
que a violência pudesse preceder uma revolução, mas não podemos esquecer que também levou em conta a possibilidade de revoluções pacíficas em países mais
avançados.
A proposta revolucionária dos
Black Blocs, se é que ela existe de fato, vem de encontro aos interesses da burguesia,
que se utilizam da mídia para jogar a opinião pública contra manifestações
legítimas. Pichar e depredar patrimônio, mesmo os que respondem pela alta
acumulação capitalista, não são ferramentas eficientes para mudanças
significativas na ordem social. São sim, vandalismos, típicos de quem, pela
esquerda ou pela direita, não engoliu o processo civilizatório do qual o estado
de direito é sua maior expressão.
Primeiramente Adelson, antes de debater seu texto, deixamos claro que não existe “os Black Block”, não existe grupos, não existem pessoas Black block. O que existe é a tática Black block, difundida entre as manifestações desde os anos 70, com as lutas anti-nuclear de ativistas ambientais...
ResponderExcluirEntrando no texto, não pegamos carona nas manifestações de junho. A tática se fez presente desde o inicio, na proteção dos manifestantes e em algumas ações diretas. Apenas cresceu o numero de pessoas que tomaram conhecimento da tática. Não teve carona em nada! Estamos juntos!
Conseguir popularidade não é objetivo dos atos.
Respeitamos o microempresários e pequenos comércio por serem tão vitimas do sistema capitalista quanto os demais cidadãos! Se quebraram pequenos espaços com certeza foram os infiltrados e os leigos do que é a tática.
Nossa revolta não é contra agencias bancárias, a destruição destas são simbólicas, trata-se de um recado. O ato de quebrar é apenas uma forma de nossas estratégias, nossa tática se embasa no principio de intervenção urbana e ocupação dos espaços públicos e de direito comum a todos. Agimos de diversas formas e depredar, pixar, destruir é apenas uma de nossas formas de expressão, construimos tambem a segurança durante as manifestações, mas isto a mídia não divulga (por que não sabe): nosso objetivo maior é nos defender e defender a todos que da manifestação participam (inclusive a própria policia, como ocorreu no Rio) da opressão do estado e dos opressores. Somos a linha de frente de batalha! ISto sim é a tática black block. Construímos e destruimos, assim é a vida (uma constante entre os polos)
E sim, não temos proposta. Temos ações baseadas nos princípios citados acima, apenas... Então não vamos de encontro a nenhum interesse burguês. E o que é manifestação não legítima? O que legitima isto ou aquilo é o nosso direito! E temos o direito a manifestação e ponto final, não tem esta de manifestação legitima.
Não somos vândalos, e não engolimos mesmo este estado de direito que existe só no papel e é eficiente feito para minoria!
Continuaremos!!!