Por Adelson Vidal Alves
O PT morreu. Não como partido
eleitoral, pelo qual parece ainda ter relativa substância, mas como força
política transformadora. O Partido dos Trabalhadores fez uma transição inédita
na esquerda brasileira, ao sair de um sectarismo não-aliancista para um
oportunismo eleitoreiro. Sua base social fundadora, sobretudo os trabalhadores
urbanos e a Igreja progressista, deram lugar as frações mais reacionárias da
burguesia brasileira.
No governo o PT abraçou tudo
que condenou. A ética, que o partido ousou advogar monopólio político para si, foi
escorraçada das instâncias partidárias, hoje controlada por políticos
profissionais, muitos deles com condenações judiciais.
A militância crítica e
intelectualizada foi substituída por uma lógica robótica, que faz da linha de
frente de sua juventude uma tropa de choque dogmatizada pelas paupérrimas
cartilhas políticas do partido. O pior é o abandono completo de qualquer
perspectiva socialista. Nem mesmo a social democracia se sentiria representada
nos mais de 10 anos de hegemonia petista no governo do Brasil. O que vigorou em
toda esta década cabe, com riscos de erro, ser classificado como social-liberalismo,
ou seja, uma concessão assistencial as camadas mais baixas da pirâmide social com
adesão absoluta a ideologia do livre mercado.
Ainda mais grave, e prejudicial
ao país, é a insistente tentativa de partidarizar o Estado brasileiro, usando
de aparelhamento das instituições democráticas. Quando contrariado pelo
funcionamento sofisticado de nossos órgãos republicanos, o partido recorreu a
campanhas difamatórias contra os poderes constituídos, como no caso do STF, ou
mesmo contra imprensa, instrumento com o qual mantém permanente atrito.
O desapego do PT pela
democracia está no seu DNA. Basta lembrarmos sua recusa de ir ao colégio
eleitoral, em 1984, em tempo crítico para as forças progressistas que lutavam
por garantir uma redemocratização mais robusta. Mais significativo ainda foi a
não homologação da Carta de 1988, a mais democrática de nossa história, por
parte de seus parlamentares, que como se dizia na época, votariam contra da
tribuna.
Sem nutrir simpatia pelo jogo
democrático e integrado a agenda das elites dominantes, o PT falece sob sua
própria ambição. Conseguiram chegar ao poder, mas fracassaram ao usar este para
fins transformadores. O PT morreu, e para usar um termo de Marx, se converteu
em partido da ordem capitalista.
Muito bom o seu texto, Adelson V. Alves. Encerra um conteúdo bastante significativo: o ser o porta voz da nota -- histórica -- de falecimento do imenso partido político que agora cai por terra e jaz sob o despertar da imensa nação de brasileiros a anunciar: #BrasilAcordou
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