quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O PT morreu



Por Adelson Vidal Alves

O PT morreu. Não como partido eleitoral, pelo qual parece ainda ter relativa substância, mas como força política transformadora. O Partido dos Trabalhadores fez uma transição inédita na esquerda brasileira, ao sair de um sectarismo não-aliancista para um oportunismo eleitoreiro. Sua base social fundadora, sobretudo os trabalhadores urbanos e a Igreja progressista, deram lugar as frações mais reacionárias da burguesia brasileira.

No governo o PT abraçou tudo que condenou. A ética, que o partido ousou advogar monopólio político para si, foi escorraçada das instâncias partidárias, hoje controlada por políticos profissionais, muitos deles com condenações judiciais.

A militância crítica e intelectualizada foi substituída por uma lógica robótica, que faz da linha de frente de sua juventude uma tropa de choque dogmatizada pelas paupérrimas cartilhas políticas do partido. O pior é o abandono completo de qualquer perspectiva socialista. Nem mesmo a social democracia se sentiria representada nos mais de 10 anos de hegemonia petista no governo do Brasil. O que vigorou em toda esta década cabe, com riscos de erro, ser classificado como social-liberalismo, ou seja, uma concessão assistencial as camadas mais baixas da pirâmide social com adesão absoluta a ideologia do livre mercado.

Ainda mais grave, e prejudicial ao país, é a insistente tentativa de partidarizar o Estado brasileiro, usando de aparelhamento das instituições democráticas. Quando contrariado pelo funcionamento sofisticado de nossos órgãos republicanos, o partido recorreu a campanhas difamatórias contra os poderes constituídos, como no caso do STF, ou mesmo contra imprensa, instrumento com o qual mantém permanente atrito.

O desapego do PT pela democracia está no seu DNA. Basta lembrarmos sua recusa de ir ao colégio eleitoral, em 1984, em tempo crítico para as forças progressistas que lutavam por garantir uma redemocratização mais robusta. Mais significativo ainda foi a não homologação da Carta de 1988, a mais democrática de nossa história, por parte de seus parlamentares, que como se dizia na época, votariam contra da tribuna.

Sem nutrir simpatia pelo jogo democrático e integrado a agenda das elites dominantes, o PT falece sob sua própria ambição. Conseguiram chegar ao poder, mas fracassaram ao usar este para fins transformadores. O PT morreu, e para usar um termo de Marx, se converteu em partido da ordem capitalista.

Um comentário:

  1. Muito bom o seu texto, Adelson V. Alves. Encerra um conteúdo bastante significativo: o ser o porta voz da nota -- histórica -- de falecimento do imenso partido político que agora cai por terra e jaz sob o despertar da imensa nação de brasileiros a anunciar: #BrasilAcordou

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