segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Cinco dias que abalaram Volta Redonda



Por Adelson Vidal Alves

Segunda feira, 26 de Agosto, o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do estado do Rio de Janeiro cassa os mandatos do prefeito de Volta Redonda Antônio Francisco Neto (PMDB) e de seu vice Carlos Roberto Paiva (PT), julgando uma ação da oposição que alega que o prefeito cometeu abuso de poder político nas eleições de 2012. O tribunal, ainda, decidiu pela imediata posse do segundo colocado nas eleições, o deputado federal Jorge de Oliveira, o Zoinho (PR).  Dava-se a largada para uma semana de total indecisão sobre quem ocuparia a principal cadeira do município.

Na quarta-feira, 28, mais dois acontecimentos. A presidente da Câmara de vereadores, América Tereza (PMDB), assume a prefeitura e Zoinho declara em entrevista que assumirá os riscos de renunciar o mandato parlamentar para ser empossado prefeito. Enquanto isso, Neto recorria ao TSE, e o mistério quanto às possibilidades de posse de Zoinho ficavam nas mãos da ministra Laurita Vaz, que por fim devolveu os méritos ao TRE, onde este, através da figura de sua presidente, devolveu o mandato ao prefeito. Este é um breve resumo dos acontecimentos históricos que envolveram os cinco dias da última semana de agosto em Volta Redonda, onde ainda constam exonerações relâmpagos, possíveis cancelamentos de eventos da agenda do governo, e a até mesmo a breve ascensão inédita de uma mulher ao posto máximo do executivo.

Hoje, dia 2 de setembro, volta-se a uma relativa normalidade, com Neto no posto de prefeito, mas segue ainda a instabilidade política e a incerteza quanto ao futuro administrativo da cidade.

Os acontecimentos recentes nada tem de positivo para nossa democracia. Os desencontros jurídicos, os assanhamentos autoritários de inteiros setores da sociedade, a derrota da política como lugar de construção de vontades coletivas ameaça adicionar em nossa cultura política ingredientes anti-democráticos, perversamente nocivos aos interesses do bem estar de Volta Redonda. Foi possível identificar nesses tempos não só a persistência de grupos políticos visivelmente dispostos a quebrar regras do jogo, como também uma sociedade apática e aparentemente deslocada de uma cultura verdadeiramente democrática.
Reduziu-se o jogo político a um clima de “guerra fria”, sob o patrocínio lamentável da pequena política, onde o debate de cidade se curvou a questões de corredor e o ambiente político vive sob tensão de paranóias pré-fabricadas.

Volta Redonda foi condenada a uma instabilidade institucional. As discussões sobre os rumos da cidade do aço deixaram o seio do povo para pousar na legítima, porém elitizada esfera do terceiro poder. O futuro é imprevisível, e os cinco dias que abalaram Volta Redonda prometem nos deixar uma tarefa difícil de reerguer um imaginário democrático saudável, que fortaleça não só as instituições, mas principalmente a atuação das forças democráticas no campo da sociedade civil.

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