Por Adelson Vidal Alves
Segunda feira, 26 de Agosto, o TRE
(Tribunal Regional Eleitoral) do estado do Rio de Janeiro cassa os mandatos do
prefeito de Volta Redonda Antônio Francisco Neto (PMDB) e de seu vice Carlos
Roberto Paiva (PT), julgando uma ação da oposição que alega que o prefeito
cometeu abuso de poder político nas eleições de 2012. O tribunal, ainda,
decidiu pela imediata posse do segundo colocado nas eleições, o deputado
federal Jorge de Oliveira, o Zoinho (PR). Dava-se a largada para uma semana de total
indecisão sobre quem ocuparia a principal cadeira do município.
Na quarta-feira, 28, mais dois
acontecimentos. A presidente da Câmara de vereadores, América Tereza (PMDB),
assume a prefeitura e Zoinho declara em entrevista que assumirá os riscos de
renunciar o mandato parlamentar para ser empossado prefeito. Enquanto isso, Neto
recorria ao TSE, e o mistério quanto às possibilidades de posse de Zoinho ficavam
nas mãos da ministra Laurita Vaz, que por fim devolveu os méritos ao TRE, onde
este, através da figura de sua presidente, devolveu o mandato ao prefeito. Este
é um breve resumo dos acontecimentos históricos que envolveram os cinco dias da
última semana de agosto em Volta Redonda, onde ainda constam exonerações
relâmpagos, possíveis cancelamentos de eventos da agenda do governo, e a até
mesmo a breve ascensão inédita de uma mulher ao posto máximo do executivo.
Hoje, dia 2 de setembro,
volta-se a uma relativa normalidade, com Neto no posto de prefeito, mas segue ainda
a instabilidade política e a incerteza quanto ao futuro administrativo da cidade.
Os acontecimentos recentes nada
tem de positivo para nossa democracia. Os desencontros jurídicos, os
assanhamentos autoritários de inteiros setores da sociedade, a derrota da
política como lugar de construção de vontades coletivas ameaça adicionar em
nossa cultura política ingredientes anti-democráticos, perversamente nocivos
aos interesses do bem estar de Volta Redonda. Foi possível identificar nesses
tempos não só a persistência de grupos políticos visivelmente dispostos a
quebrar regras do jogo, como também uma sociedade apática e aparentemente
deslocada de uma cultura verdadeiramente democrática.
Reduziu-se o jogo político a um
clima de “guerra fria”, sob o patrocínio lamentável da pequena política, onde o
debate de cidade se curvou a questões de corredor e o ambiente político vive
sob tensão de paranóias pré-fabricadas.
Volta Redonda foi condenada a
uma instabilidade institucional. As discussões sobre os rumos da cidade do aço
deixaram o seio do povo para pousar na legítima, porém elitizada esfera do
terceiro poder. O futuro é imprevisível, e os cinco dias que abalaram Volta
Redonda prometem nos deixar uma tarefa difícil de reerguer um imaginário democrático
saudável, que fortaleça não só as instituições, mas principalmente a atuação
das forças democráticas no campo da sociedade civil.
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