Por Adelson Vidal Alves
Nunca na história deste país um
partido se apossou tanto dos órgãos institucionais para fins próprios. Em 10 anos
de governos do PT, os organismos estatais republicanos viraram micro-comitês
partidários servindo, além de alojamentos para a militância profissionalizada,
como ferramentas de aparelhamento do Estado com fins de perpetuação do poder.
Não é de hoje que o petismo
mostra desapreço pela democracia republicana. Lembremos que o partido se negou a
ir ao colégio eleitoral no processo de redemocratização brasileira em 1985, e pior,
recusou–se a homologar a Carta Constitucional de 1988, a mais democrática de
nossa história.
No poder desde 2003, o PT
trabalha para difundir o mito fundacional, tentando doutrinar o país para uma
visão que transfere a descoberta do Brasil para o ano da posse de Lula. Nesta
perversa empreitada combinam elementos de propaganda governamental, cooptação
da sociedade civil e um recrutamento de novos militantes, acríticos e
preparados para reproduzir as fantasiosas teorias de conspiração montadas a
partir do Planalto. Difícil não dar boas gargalhadas quando nas redes sociais aparecem
petistas inocentando José Dirceu, acusando a mídia de inventar o mensalão, ou
de que o governo estaria sob ação desestabilizadora orquestrada pelas elites.
A grande preocupação, no
entanto, está no relativo sucesso deste projeto. Afinal, o partido chega ao seu
terceiro mandato, com chances de estender ao quarto, ainda que fracassando na
política econômica e na distribuição de renda. Faltando com reformas estruturais,
bolsificando a miséria e retrocedendo na democracia política.
A sobrevivência do poder
petista se apóia, porém, na fragilidade das oposições. Estas não conseguiram formular
uma alternativa democrática ao bloco político no governo, resumindo-se as
críticas no campo da ética, quando esta desaparece nos horizontes eleitorais
dos grotões de miséria que o PT utiliza como curral de votos. Faz-se urgente
que novos projetos de país apareçam no campo oposicionista.
Enquanto isso, o Planalto segue
boicotando a criação de novos partidos, petistas miram a imprensa como inventora
do maior esquema de corrupção da Nova República, o STF é constantemente atacado
como arauto da injustiça, e os movimentos sociais sucumbem ao transformismo. O Brasil
vai sofrendo, assim, retrocessos de caráter anti-republicano.
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