segunda-feira, 9 de julho de 2012

O voto


             Por Adelson Vidal Alves


             Foi dada a largada oficial para as campanhas eleitorais de vereador e prefeito. Os parlamentos eleitos por sufrágio universal nas democracias modernas são conquistas das lutas dos trabalhadores na história. Basta lembrar as principais bandeiras do movimento sindical em sua origem: Diminuição da jornada de trabalho e sufrágio universal.
            O direito universal ao voto é instrumento fundamental na consolidação de um processo democratizante. Ele é responsável pela composição de instrumentos políticos institucionais responsáveis pela elaboração de políticas de Estado com vistas ao bem comum.
            Há quem supervalorize o voto e quem desvalorize por completo. Entre os primeiros, estão aqueles que resumem a democracia às urnas. O voto sozinho não é capaz de mudar a estrutura social de uma determinada sociedade. Na verdade ele é capaz de lançar partidos e pessoas a um governo, mas não ao poder. Este último está estabelecido dentro de uma relação bem mais complexa. Seria ingenuidade imaginar o voto como o ato supremo da mudança social.
            Os que desvalorizam o voto como sendo fator previamente manipulado pelas elites, também erram por exagero. O continente latino-americano é prova viva de que o processo eleitoral pode ser ponto de apoio importante nas transformações políticas. Rejeitando o neoliberalismo, os países do nosso continente em sua maioria absoluta, sofreram nos últimos anos substituições de governos neoliberais por outros de corte reformista, ainda que o poder econômico e midiático tenha jogado forte papel nas candidaturas da situação. Em diferentes proporções, os novos governos conseguiram avanços significativos nas políticas sociais, mesmo que sem romper com a ordem capitalista.
            Os atuais processos eleitorais, contudo, guardam distorções abismais. No Brasil, a interferência do poder econômico cria um oligopólio político cada vez pior, o que na prática estabelece uma relação direta de influência das classes dominantes nas instâncias políticas. Os parlamentos modernos em nosso país refletem o domínio de banqueiros, latifundiários e grandes empresários, enquanto os trabalhadores são minoria representativa, ainda que seja maioria na sociedade.
            Só mesmo uma reforma política para equilibrar a disputa eleitoral. Mas enquanto ela não vem, resta-nos intensificar o trabalho de base, investir em propostas e debates abertos com a população, de modo a convidar a sociedade para um debate público sobre a problemática nacional e local.
            O voto ainda está sob o risco da forte influência dos poderosos, da manipulação ideológica da mídia e, sobretudo, da ausência de uma mentalidade crítica das grandes massas. No entanto, ele ainda é fator importante para a consolidação de mudanças e deve ser exercido e disputado sob os valores de uma verdadeira ética pública.

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