Por Adelson Vidal Alves
Foi dada a largada oficial para
as campanhas eleitorais de vereador e prefeito. Os parlamentos eleitos por
sufrágio universal nas democracias modernas são conquistas das lutas dos
trabalhadores na história. Basta lembrar as principais bandeiras do movimento
sindical em sua origem: Diminuição da jornada de trabalho e sufrágio
universal.
O
direito universal ao voto é instrumento fundamental na consolidação de um processo
democratizante. Ele é responsável pela composição de instrumentos políticos
institucionais responsáveis pela elaboração de políticas de Estado com vistas
ao bem comum.
Há
quem supervalorize o voto e quem desvalorize por completo. Entre os primeiros,
estão aqueles que resumem a democracia às urnas. O voto sozinho não é capaz de
mudar a estrutura social de uma determinada sociedade. Na verdade ele é capaz
de lançar partidos e pessoas a um governo, mas não ao poder. Este último está
estabelecido dentro de uma relação bem mais complexa. Seria ingenuidade
imaginar o voto como o ato supremo da mudança social.
Os
que desvalorizam o voto como sendo fator previamente manipulado pelas elites,
também erram por exagero. O continente latino-americano é prova viva de que o
processo eleitoral pode ser ponto de apoio importante nas transformações
políticas. Rejeitando o neoliberalismo, os países do nosso continente em sua
maioria absoluta, sofreram nos últimos anos substituições de governos
neoliberais por outros de corte reformista, ainda que o poder econômico e
midiático tenha jogado forte papel nas candidaturas da situação. Em diferentes
proporções, os novos governos conseguiram avanços significativos nas políticas
sociais, mesmo que sem romper com a ordem capitalista.
Os
atuais processos eleitorais, contudo, guardam distorções abismais. No Brasil, a
interferência do poder econômico cria um oligopólio político cada vez pior, o
que na prática estabelece uma relação direta de influência das classes
dominantes nas instâncias políticas. Os parlamentos modernos em nosso país
refletem o domínio de banqueiros, latifundiários e grandes empresários,
enquanto os trabalhadores são minoria representativa, ainda que seja maioria na
sociedade.
Só
mesmo uma reforma política para equilibrar a disputa eleitoral. Mas enquanto
ela não vem, resta-nos intensificar o trabalho de base, investir em propostas e
debates abertos com a população, de modo a convidar a sociedade para um debate público
sobre a problemática nacional e local.
O
voto ainda está sob o risco da forte influência dos poderosos, da manipulação
ideológica da mídia e, sobretudo, da ausência de uma mentalidade crítica das
grandes massas. No entanto, ele ainda é fator importante para a consolidação de
mudanças e deve ser exercido e disputado sob os valores de uma verdadeira ética
pública.
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