Dom Leonardo Steiner
O
secretário geral da CNBB dom Leonardo Steiner, disse em recente entrevista que
o tema do aborto e da União Civil homossexual precisam ser pautas nas eleições
municipais deste ano. O religioso, pelo que parece, quer trazer de volta a
baixaria que caracterizou as eleições presidenciais de 2010, quando o PT e
Dilma foram covardemente vítimas da pregação demagoga de parte do altar
católico.
Antes que a baixaria comece, deve-se
esclarecer que vereadores e prefeitos não estão embutidos constitucionalmente
do poder de mudar algum dispositivo legal que altere a atual legislação sobre o
aborto e a União gay. É direito de qualquer cidadão querer saber a opinião do
seu candidato sobre este tema, mas é igualmente lamentável a apelação da igreja
em mais uma vez tentar encurralar candidaturas a partir de suas convicções morais
como instituição religiosa.
Prefeito e vereador têm compromissos
diretos com o cotidiano municipal. A questão urbana, ambiental, o postinho de saúde
sem médico, a coleta de lixo, as creches, as empresas que querem se instalar na
cidade. Estas obrigações políticas estão necessariamente ligadas a esta
campanha eleitoral. Em termos de dever político, trazer de volta temas como os
citados no inicio do texto, é agir de
covardia e falsidade, com o intuito único de proteger candidaturas
conservadoras ligadas ao centro eclesial e jogar na fogueira as visões
progressistas.
A interferência religiosa em
eleições se demonstraram trágicas nos últimos pleitos. Usa-se o poder sagrado
para manipular consciências, aterrorizar mentes e impedir um debate amplo e
público sobre temas de relevância pública. A fé e seu exercício é um direito. É
dever do Estado proteger a liberdade de culto, entretanto, este Estado é laico,
ou seja, não confessa crença metafísica. Assim, não deve funcionar por verdades religiosas,
mas sim trabalhar pelo bem comum. Quando a igreja quer impor sua visão moral
vinda dos céus ao conjunto da sociedade, está ela violando a democracia laica e
causando um profundo desserviço ao processo democrático.
Esperamos o bom senso das lideranças
religiosas, de pelo menos serem honestas e se atentarem para o papel que devem
cumprir como Igreja. Em outras palavras: Não meter o nariz onde não tem q
meter.
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