sexta-feira, 20 de julho de 2012

Antes que a covardia comece

Por Adelson Vidal Alves

Dom Leonardo Steiner


           O secretário geral da CNBB dom Leonardo Steiner, disse em recente entrevista que o tema do aborto e da União Civil homossexual precisam ser pautas nas eleições municipais deste ano. O religioso, pelo que parece, quer trazer de volta a baixaria que caracterizou as eleições presidenciais de 2010, quando o PT e Dilma foram covardemente vítimas da pregação demagoga de parte do altar católico.
            Antes que a baixaria comece, deve-se esclarecer que vereadores e prefeitos não estão embutidos constitucionalmente do poder de mudar algum dispositivo legal que altere a atual legislação sobre o aborto e a União gay. É direito de qualquer cidadão querer saber a opinião do seu candidato sobre este tema, mas é igualmente lamentável a apelação da igreja em mais uma vez tentar encurralar candidaturas a partir de suas convicções morais como instituição religiosa.
        Prefeito e vereador têm compromissos diretos com o cotidiano municipal. A questão urbana, ambiental, o postinho de saúde sem médico, a coleta de lixo, as creches, as empresas que querem se instalar na cidade. Estas obrigações políticas estão necessariamente ligadas a esta campanha eleitoral. Em termos de dever político, trazer de volta temas como os citados no inicio do texto,  é agir de covardia e falsidade, com o intuito único de proteger candidaturas conservadoras ligadas ao centro eclesial e jogar na fogueira as visões progressistas.
            A interferência religiosa em eleições se demonstraram trágicas nos últimos pleitos. Usa-se o poder sagrado para manipular consciências, aterrorizar mentes e impedir um debate amplo e público sobre temas de relevância pública. A fé e seu exercício é um direito. É dever do Estado proteger a liberdade de culto, entretanto, este Estado é laico, ou seja, não confessa crença metafísica.  Assim, não deve funcionar por verdades religiosas, mas sim trabalhar pelo bem comum. Quando a igreja quer impor sua visão moral vinda dos céus ao conjunto da sociedade, está ela violando a democracia laica e causando um profundo desserviço ao processo democrático.
           Esperamos o bom senso das lideranças religiosas, de pelo menos serem honestas e se atentarem para o papel que devem cumprir como Igreja. Em outras palavras: Não meter o nariz onde não tem q meter.

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