sexta-feira, 13 de julho de 2012

Freixo e a debilidade da esquerda carioca

Por Adelson Vidal Alves

              
         O corajoso deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) é candidato a prefeito na cidade do Rio de Janeiro. Seus principais adversários são o atual prefeito Eduardo Paes (PMDB) e a dupla da dinastia Maia e Garotinho. Rodrigo Maia (DEM) filho do ex-prefeito César Maia, encabeça a chapa que tem Clarissa Garotinho (PR) como vice.
         A possibilidade de uma eleição de Freixo esbarra na influência do poder econômico e no boicote total da grande mídia a sua candidatura. O candidato do PSOL, em contrapartida, vem ganhando forte apoio da intelectualidade, de artistas e de movimentos culturais.
       As duas candidaturas de direita reúnem uma mega-estrutura financeira, além de apoios graúdos do poder. Eduardo Paes, por exemplo, terá ajuda direta do governo federal.
      Uma questão perturbadora parece ser sina na esquerda carioca. Na eleição de 2008, Jandira Feghali (PC do B) chegou forte com condições de vencer Paes. O PT de Alessando Molon e o PSOL de Chico Alencar mantiveram suas candidaturas no primeiro turno, pulverizando o voto progressista e deixando Fernando Gabeira ir ao segundo. Me lembro bem da iniciativa do economista César Benjamin de tentar impedir esta divisão, lançando um site de nome “Luta Rio”, onde propunha abertamente a união das esquerdas contra Paes e Gabeira, em favor de Jandira. A recusa sectária dos setores progressistas derrotou Jandira. Estranho paradoxo, porém, foi a comunista engajar na campanha de Paes no segundo turno e logo depois se acomodar na Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro.
       O fato é que história semelhante acontece no ano de 2012. O PSTU lançou Cyro Garcia, simplesmente para marcar posição. Faltou clareza na legenda sobre as possibilidades reais de uma vitória histórica da esquerda no Rio de Janeiro.
      PC do B e PT se instalaram de vez no poder municipal. Apoiarão sem constrangimento a candidatura do remanescente tucano Eduardo Paes. Hoje as explicações para tanto desconexo são mais fáceis. As Olimpíadas de 2016 e a Copa do Mundo de 2014 na cidade atraem os olhos para uma poderosa máquina pública em operação. PC do B e PT há tempos se entregaram a sedução das benesses que oferecem o andar de cima.
      As candidaturas de Rodrigo Maia e Eduardo Paes se inserem no campo da direita, com administrações anti-populares e conservadoras. Marcelo Freixo carrega a carga crítica de uma posição firme contra o crime institucionalizado, traz também a credibilidade ética de um partido, a militância aguerrida de lutadores sociais, e o apoio importante de setores ligados ao pensamento crítico. Não é pouca coisa.A campanha de Freixo enfrentará a máquina poderosa de seus inimigos com a estratégia que sempre caracterizou a esquerda. Não podemos prever o resultado das urnas, mas é animador ver que as elites tremem ao saber que não podem cooptar todo mundo, e que por fora da pequena política ainda há vida revigorada para renovar o cenário desgovernado das últimas gestões cariocas. 

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