segunda-feira, 13 de junho de 2011

Violência no campo

         
Por Adelson Vidal Alves


           Os assassinatos envolvendo trabalhadores rurais do Norte do país nos últimos dias tem causado grande alarde na mídia, no Congresso Nacional e em toda a sociedade. Parece a primeira vista um fenômeno recente, mas infelizmente remonta um longo período da história brasileira.
           Tem culpa o poder Judiciário, reacionário, arcaico e conservador, rápido para emitir reintegrações de posse e absorver fazendeiros assassinos, lenta para investigar e punir criminosos no campo.
           Tem culpa os sucessivos governos, incluindo o de Lula e Dilma, que não fizeram a reforma agrária e mostram números tão mediocres quanto o de seus antecessores tucanos. São aliados preferenciais aos setores dominantes do campo.
           Tem culpa a grande mídia, mentirosa, oligárguica, caluniadora e parcial. Distorcem os fatos para mostrar o MST como um bando de baderneiros e ao mesmo tempo proteger entidades do agronegócio e esconder as maracutaias e crimes cotidianos dos donos do poder econômico e politico.
           Tem culpa o Congresso Nacional, que rejeita sucessivamente projetos de democratização da estrutura fundiária, financiados que são por recursos do agrobussines. Formam bancadas para defender a injustiça de nossa situação fundiária e armam leis para criminalizar quem luta por justiça no campo.
           Tem culpa Aldo Rebelo, deputado dito comunista que se curvou aos interesses ruralistas e relatou um código florestal que abre ainda mais espaço para exploração e destruição ambiental, ao preço que anistia desmatadores. Aldo e quem votou a favor do novo código florestal devem se sentir co-responsáveis pelo aumento da violência no país.
            Tem culpa a sociedade brasileira, que assiste atônita porém omissa a tamanho massacre de lutadores do campo. Tem culpa porque votam nos mesmos candidatos de sempre, e que sempre velaram pela injustiça  e se calaram diante da opressão que sofre tantos trabalhadores rurais abandonados a propria sorte. 
             Tem culpa o Brasil, historicamente generoso com os de cima, e implacável com os pobres.
           

Um comentário:

  1. É perverso: a exclusão brasileira, a desigualdade alarmante e gritante da sociedade brasileira. A concentração de terra, renda, riqueza. A não distribuição dos bens. A crueldade da lógica mercadológica capitalista. Mas principalmente, a banalização de tudo isso, a naturalizaçao de tudo isso é deveras mais que perverso, é assombroso. Enfim, "de quem depende que a opressão prossiga? De nós. De quem depende que acabe, também de nós." (paráfrase de Brecht). Parabéns pelo texto, simples e direto. Esse é o eixo.

    ResponderExcluir