quarta-feira, 8 de junho de 2011

Racialização dos Concursos públicos

Por Adelson Vidal Alves

           

              Basta assinar uma declaração de que é negro ou indio, entregar aos organizadores dos concursos públicos e depois torcer para que uma banca veja em você traços de um negro ou indio. Se por acaso obter esta sorte estará a partir dali dando um passo a frente dos outros candidatos, podendo assim fazer parte dos 20% que terão uma vaga garantida para cargos estatais nos concursos públicos do Rio de Janeiro. O autor de tamanha aberração é o governador do Estado do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, que ultimamente tem demonstrado como trata os servidores públicos cariocas, seja com prisões para bombeiros ou bombas em professores.
            O principio da meritocracia nos concursos públicos do Estado do Rio de Janeiro passa a ter apenas 80% de validade, o restante estará na mão de juizes raciais, que com critérios decididos por eles mesmos irão decidir quem é ou não pertencente a "raça" negra e indigena.
             Antes mesmo de entrar em vigor, as cotas raciais ao contrario de combaterem o racismo estão incentivando estas rivalidades. O memorial de Zumbi dos Palmares foi pixado de branco e com dizeres racistas, além do mais várias crianças de escolas públicas e cursinhos começam a ver dentro de sua sala de aula que já não necessitam apenas vencer o cérebro de seus concorrentes, mas também a cor de seus concorrentes. Ser negro ou indio segundo os racializadores do tribunal racial é ter privilégios de acesso a serviços públicos, mesmo que estes se mostrem menos qualificados para servirem ao povo.
            O preconceito racial é alimentado com leis que dividem a partir de estruturas juridicas os brasileiros entre negros e brancos, penalizando não os ricos que com muito mais recursos ocupam altos postos no Estado e em serviços públicos, mas sim os pobres que por azar da vida e o bel prazer de tribunais de raça cumprem a pena por sua cor de pele e o passado perverso que nenhum deles participou ou teve culpa.
            Do ponto de vista pedagógico, leis como esta incentivam disputas de cunho racial, inculcam a hierarquia racializadora e revive em nosso país praticas públicas de racismo, quando o caminho deveria ser o de universalização dos serviços e a criação de uma cultura plural e tolerante entre os povos.
            O discurso raivoso de setores reacionários do movimento negro estão imbutidos de espirito de vingança por um passado que deve ser superado no que mais foi cruel: a dircriminação. Mas não se combate discriminação discriminalizando, não se inclui alguém excluindo outros, criando diferenças e barreiras com quem não foi sorteado pela loteria biológica. Como disse certo jovem carioca: Já tive azar em nascer pobre, e agora tive mais azar ainda em não nascer negro.
            Veja que tipo de sociedade carioca Cabral quer criar. Uma sociedade cheia de divisões étnicas e raciais, cheia de intolerancia e com serviços estatais constituidos a partir de seleções raciais.

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