sexta-feira, 3 de junho de 2011

Os dilemas do Governo Dilma

Por Adelson Vidal Alves

        

          Sustentado sob a popularidade de seu antecessor e da construção de uma maioria heterogênea no Congresso Nacional o Governo Dilma pode desfrutar de algumas vitórias políticas importantes em seus primeiros vezes, como no episódio do salário mínimo. Entretanto, as coisas parecem ter mudado, o governo vem tendo que enfrentar chantagem de setores de nossa sociedade, como a  da bancada evangélica no episódio do Kit homofobia. Além do mais, tem que assumir posições no que diz respeito ao que parece ser o inicio de uma crise de governabilidade com as denuncias sobre a elevação patrimonial do Ministro Antonio Palocci.
          Por fim teve que enfrentar um desgaste na votação do nefasto novo Código Florestal, rejeitado em massa pela sociedade, mas aprovado sob negociatas espúrias entre setores ruralistas e clientelistas do Congresso Nacional, comandados paradoxalmente por um dito comunista e aliado, o deputado Aldo Rebelo (PC do B). Se vetar o projeto Dilma sinalizará para setores avançados e fortalecerá um traço de personalidade politica, se ceder as chantagens mostrará suas fragilidades e abrirá caminhos para uma governabilidade condicionada pela fome de sua base governista.
           Os dilemas do Governo Dilma é explicado pelo arco de alianças que construiu com o unico intuito de vencer a eleição, sem se preocupar com a construção de um projeto comum. A aliança PT-PMDB constitui o núcleo desta governança e expoe de forma clara a incapacidade de assumir posturas mais fortes no que diz respeito a reformas estruturais que possam dar rumos de transformação social no país. A batalha sobre a tímida Reforma política já demonstra a dificuldade de traçar projetos sem poder contar com um nucleo programatico minimamente definido.
           A saída de Dilma seria uma reorganização de forças a partir dos movimentos sociais, o que causaria enormes problemas, dada a correlação de forças desfavoravel para uma governabilidade institucional. Até porque a própria postura do PT demonstra que não pretende mexer muito na realidade social brasileira, pensa-se fanaticamente em se manter no poder.
           Os dilemas do governo Dilma irão se pautar por uma postura de pequena politica, sem preocupações maiores para mudanças estruturais na nossa sociedade. O teatro institucional da politica brasileira não apresenta alternativas reais e o PT morreu como força de esquerda. O caminho da esquerda passa por fora do Governo Dilma, condição mínima para o resgate da utopia abandonada pelo PT.

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