quarta-feira, 1 de junho de 2011

Reformismo revolucionário

Por Adelson Vidal Alves



            Senão me engano é do sociólogo André Gorz o termo “Reformismo revolucionário” tão utilizado pelo cientista político brasileiro Carlos Nelson Coutinho para determinar um longo processo de transformação social sustentado sob reformas estruturais que golpeiem a ordem do capital e altere a correlação de forças a favor das classes subalternas.
            O reformismo revolucionário está de acordo com a maioria da realidade das democracias modernas, tão complexas e heterogêneas. Ele é uma estratégia de luta que substitui as táticas utilizadas pela esquerda socialista durante o século XX e que logrou sucesso em paises como Rússia, China e Cuba. No mundo atual não basta tomar o Palácio de Inverno, é preciso reconhecer os novos sujeitos sociais, a sofisticação da luta de classes e a nova natureza do poder, que combina coerção e consenso.
            Para que haja sucesso, o reformismo revolucionário deve estar inserido num contexto favorável, que combine eleição de governos progressistas com forte pressão das classes não proprietárias. A chegada do PT a presidência da Republica poderia ter aberto este ciclo no país, mas foi prematuramente bloqueado pela cooptação do principal partido do governo, seus satélites e a maioria dos movimentos sociais. O esvaziamento das lutas de classes fez com que o novo governo adotasse a agenda derrotada das classes dominantes, sem a implementação das reformas.
            O governo Dilma assim como o de Lula se recusa a debater reformas importantes como a agrária, tributaria, política, da educação e da mídia. Tamanho recuo se explica pelo caráter governista de cooperação social, sem força e vontade política para assumir um reformismo forte que poderia se contrapor aos interesses da elite econômica do país. Infelizmente parte desta elite ocupa espaços estratégicos na estrutura de poder estatal.
            A retomada de um novo acumulo de forças dos setores revolucionários e progressistas da sociedade deve passar pela ruptura com o governo petista e a aglutinação em torno de um novo programa de reformas. A pluralidade saudável dos setores da esquerda pode em principio apresentar desafios para a convergência de um novo bloco de forças anticapitalista que combine radicalidade revolucionária e prudência para interpretar corretamente as possibilidades reais de transformação em cada tempo.
            O reformismo revolucionário só pode ser estratégia das forças políticas democráticas, que entendam que não há caminho para o socialismo que não se combine liberdades individuais e políticas.

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