quarta-feira, 22 de junho de 2011

Esquerda e democracia

Por Adelson Vidal Alves



              A democracia assume feições multiplas que podem variar em períodos históricos. Ela se concretiza através de instituições fundadas sobre consensos e são garantidas na medida em que se amplia a participação popular na esfera de poder.
             Os orgãos modernos de democracia estão em sua maioria inseridos numa realidade de hegemonia brutal do capital e por isso são bloqueados em sua função democratizadora. Vale reelembrar a velha lição marxista do carater classista do Estado, entretanto, é preciso ressaltar a complexidade que assumiu no mundo atual, onde o que era um simples "Comitê executivo das classes dominantes" se tornou mais ampliado e fecundo para avanços das classes subalternas, prova disso é da ampliação institucional da democracia, garantida através do sufrágio universal, liberdade sindical, midia operária etc. Todos frutos da luta dos trabalhadores contra as restrições burguesas.
            Parte da esquerda contudo ignora o carater universal da democratização. Créem na tomada violenta e rapida do poder, conforme as revoluções do século XX. Esta esquerda ignora a correlação de forças, as metamorfoses classistas, a complexidade dos novos sujeitos sociais e a sofisticação da luta social. Não se pode mais separar o mundo em Burgueses e proletários, como sugeria o Manifesto Comunista e nem ignorar a democracia como fez os ideólogos do mal chamado socialismo real. Há de se combinar a socialização dos meios produtivos com o exercicio do poder, quebrar vanguardismo, burocracia e sectarismo.
             Uma esquerda que responda a estes novos anseios não pode ser simplista, sectaria e dogmatica. Deve ser ampla, plural, tolerante, aberta a dialogos e alianças pontuais e programáticas, numa estratégia que Gramsci chamou de guerra de posição.
             Na guerra de posição se avança e retrocede, se perde e se ganha, se faz revolução no processo, por dentro das estruturas democráticas, respeitando a regra do jogo. Obviamente isso não significa que não haja rupturas, pelo contrário, o jogo democrático moderno necessita ser superado por rupturas no cerne do sistema, através de reformas estruturais, longas e moleculares.
             Carlos Nelson Coutinho certa vez alertou que a nova esquerda não deve-se contentar em ser testemunha dos valores justos e puros, mas principalmente ser grande e jogar peso na luta global. O sectarismo de alguns só atrasa o processo do acumulo de forças.
             Fora da democracia não é possivel socialismo e a democracia só é plena com a construção de uma nova ordem social, onde alienação e divisão social do trabalho desapareçam.


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