segunda-feira, 6 de junho de 2011

A refundação da UMES-VR

Por Adelson Vidal Alves


UNE e UBES foram aparelhadas pelo governo federal, o resultado foi uma atuação burocratizada, apática e sem nenhuma conquista para os estudantes.

         No último dia 1 de Junho foi realizado o Congresso de refundação da UMES-VR (União Municipal dos Estudantes Secundaristas). A entidade não atuava desde 2008 e reaparece como uma toupeira (pra usar a metáfora de Marx) em tempos de profunda crise dos movimentos sociais.
        Os desafios da nova diretoria são enormes. Vivemos um periodo de desmobilização do povo e um profundo desalento dos sujeitos sociais. Os estudantes que protagonizaram recentemente grandes mobilizações na Europa andam em reestruturação no Brasil, em parte graças ao que Gramsci chamou de "tranformismo", neste caso uma brutal cooptação dos sujeitos sociais ativos do movimento estudantil. Tanto a UNE quanto a UBES perderam grande parte de sua carga crítica ao se alinharem subalternamente as políticas do governo federal. Os projetos que ambas defendem são tímidos, fracos e quase sempre ganhando respaldo da burocracia estatal. Transformaram-se em correia de transmissão da politica governista.
        Em Volta Redonda o renascer da UMES traz esperança. Principalmente pelo silencio que o movimento secundarista pratica nestes ultimos anos, carente de sua entidade representativa. Há que se queimar fogos, festejar, mas também refletir sobre erros e se vacinar dos já conhecidos desvios.
        Não há nada pior para um movimento popular que sua burocratização. Existe uma direção que não é senhora das decisões de sua base. A ela cabe articular, organizar e mobilizar a categoria, jamais falar por eles, mas sim em nome deles e principalmente com respaldo deles. Para isso é necessário a construção de uma democracia interna, que respeite a pluralidade de idéias de suas bases e assim criar mecanismos constantes de debate entre todos os espaços de atuação do movimento. Se por simples pragmatismo prevalecer uma cúpula falante a despeito das bases, o movimento caminha para sua derrota.
         O segundo ponto tem a ver com sua própria independência. Nenhum governo ou partido tem o direito de tutela sobre o movimento. A entidade precisa pensar por si mesma, rejeitando o oportunismo politico de alguns que querem fazer dos jovens massa de manobras para seus projetos eleitoreiros. O movimento estudantil deve velar pelas demandas de suas bases e não a ganancia eleitoral de quem só ve politica pelos cargos que desejam ocupar.
         Segundo o Jornal Diario do vale, foi aprovada no Congresso de refundação da entidade um documento sobre a implementação do Passe Livre para estudantes no nosso municipio. Estão com toda a razão. As empresas de transporte coletivo lucram demais enquanto estudantes deixam de estudar por evasão escolar, além do mais, tanto a LDB quanto a constituição orienta politicas publicas de transporte como forma de assegurar o jovem na escola. A UMES deve sim trabalhar neste tipo de representação, porém, repito, deve ser respaldada pela opinião dos estudantes que precisam ser consultados antes de mais nada. Um projeto que saia de um gabinete direto para a plenária da câmara sem nenhuma preocupação de discutir com quem mais se interessa pelo assunto não é digno de ser respaldado pelo movimento.
         A UMES tem autonomia, competência e legitimidade para construir um projeto a altura de suas demandas e não precisa de tuteladores profissionais. Se assim o fizer teremos motivos de sobra para acreditar num novo ascenso da luta estudantil em Volta Redonda. É preciso estar de vigilia, com um olho nos lobos (são muitos) e outro nas galinhas.

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