Por Adelson Vidal Alves
O vereador carioca Jeferson Moura
(PSOL) abriu um debate nas redes sociais quanto a possibilidade de apoio de seu
partido a Marina Silva nas eleições de 2014. O parlamentar argumenta
corretamente que o atual quadro de correlação de forças não permite
radicalizações, e que assim, obriga as forças de esquerda a flexibilizarem suas
políticas de alianças. Seus co-partidários reagiram de várias formas. Parte
deles preferiu logo desqualificar a proposta de Moura, caracterizando Marina
Silva como “eco-capitalista”. Uma simplificação, a meu ver, grosseira, que desconsidera
sua luta histórica em defesa da terra.
A ex-Ministra do Meio Ambiente do
governo Lula tem relações perigosas com setores religiosos conservadores, nunca
foi de articular sua luta ambiental com a construção de uma nova ordem social. Tem
propostas genéricas em campos prioritários da política nacional e expressa
fragilidade ideológica. Contudo, trata-se de uma mulher de vida louvável,
militante e amiga dos movimentos sociais, sensível a dor dos pobres e a
ecologia. Pertence ao campo democrático, é aberta a diálogos, tem um caminho
existencial que a aproxima dos excluídos de nosso país. Como seringueira e
lutadora popular, Marina entende como ninguém a tribulação de grande parte dos
brasileiros.
Dentro de um contexto em que o PT
abandonou seu compromisso com um governo popular, mantendo constantemente ameaçada
a ordem democrática republicana, uma aposta em Marina como a principal líder de
um novo bloco político é no mínimo, digna de debate. Sabemos que PSTU e PCB
dificilmente fugiriam a sua estreita aliança “classista”, restando ao PSOL, que
parece dar sinais de vocação de governo, o papel de jogar peso à esquerda em um
possível novo agrupamento político.
Penso que é possível estabelecer alguns
pontos comuns: a defesa da democracia, uma política econômica centrada no ser
humano, a construção pedagógica de uma ética ambiental sustentável,
investimentos pesados na educação, cultura e saúde, e é claro, uma reforma
agrária anti-latifundiária.
A palavra de ordem deste novo
bloco não seria, obviamente, o socialismo, mas sim o fortalecimento da
democracia e a recomposição de um bloco de forças capaz de vencer a hegemonia
monetarista, e dar saltos graduais para um novo projeto político brasileiro,
justo, solidário e democrático.
Os psolistas são soberanos em sua
decisão, mas não custa nada refletirem caminhos mais viáveis em nossos tempos,
que não só lhes daria mais robustez política, como também o afastaria dos
tempos sectários daquele que, mesmo a contragosto, os pariu.
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