sábado, 30 de abril de 2011

A esquerda e a mídia venal

Por Adelson Vidal Alves

 “Para defender a liberdade de expressão é preciso não falar com a mídia”
Marilena Chauí



Como já nos alertava Gramsci,  há momentos que parte da mídia assume papel de partido político como forma de defesa dos interesses econômicos dos grupos dominantes. Neste momento, editoriais são colocados na prateleira do mercado de noticias e princípios básicos de democracia são jogados na lata de lixo.
A esquerda deve compreender que a imprensa não é um espaço neutro de informação e sim um espaço de luta pela construção de consensos. Sendo assim deve se estabelecer o campo político que cada veículo de informação está ocupando. Há aqueles que honrosamente sobrevivem como organismos de informação democrático, mantendo um mínimo de imparcialidade, ouvindo os dois lados de um determinado acontecimento. Outros dirigem seus holofotes conforme sua conta bancária é movimentada. A principal característica deste tipo de mídia é sua oscilação editorial, movendo paradoxos de acordo com seus “patrocinadores”.
Este tipo de imprensa merece o desprezo daqueles que lutam por democracia. A esquerda em geral deve negar sua voz a tais órgãos que só abrem suas paginas por pura conveniência. É só lembrarmos as eleições de 2006 quando Heloisa Helena estampou as páginas de vários jornalões burgueses, simplesmente para bater forte no candidato Lula. Findado as eleições seu partido, o PSOL, desapareceu dos noticiários. Será sempre assim, se utilizam da credibilidade popular de personalidades e partidos e logo depois descartam para voltarem a seu seio original.
Outro episódio semelhante aconteceu recentemente envolvendo o sociólogo Emir Sader. Cotado para assumir a Casa de Rui Barbosa, Sader caiu na armadilha de conceder entrevista a um grande jornal paulista. Suas palavras foram distorcidas e criaram polêmicas dentro do governo que recuou em sua nomeação.
            Marilena Chauí é um grande exemplo de atitude frente a mídia venal. Depois de seu silencio frente a crise do mensalão de 2005, foi cobrada pela imprensa marrom para se pronunciar. A filósofa petista de forma grandiosa rompeu seu silêncio se negando a falar a com a grande imprensa, falando somente aos veículos alternativos.
            A esquerda e os setores progressistas deveriam seguir Chauí e se negarem a ocupar páginas do jornalismo comercial e buscarem formas de construção de novos veículos de comunicação. A mídia mercadológica merece o desprezo de quem luta por democracia.
Ainda bem que a consciência do povo e as redes sociais virtuais estão desmontando o monopólio desta mídia que estão hoje perdendo cada vez mais leitores e seguidores. Os bons jornalistas, que por muitas vezes são perseguidos, vão se tornando mártires desta luta e merecem respeito pelo honroso cumprimento de seu dever democrático. A estes a esquerda deve falar, aos vendidos deve oferecer o silêncio.

2 comentários:

  1. Adelson: Concordo, em tese, com você.Realmente há órgãos de imprensa totalmente venais, mas você não pode esquecer o outro lado da moeda, os que compram as notícias dos jornais e a maioria dos governos municipais, dos governos estaduais e o governo federal são mestres nisto, inclusive o governo de Volta Redonda. De julho a dezembro de 2010, a Prefeitura gastou quase R$ 1.800.000,00 (um Milhão e oitocentos mil reais) - média de 300 mil reais por mês - com os meios de comunicação. Fale também sobre isto no próximo artigo! Um abraço. Sérgio Boechat

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  2. Ok Boechat, mas devo te lembrar que tem gente que era situação e que sabe-se lá pq virou oposição montando jornal por pura conveniência eleitoral. Todas as formas de aparelhamento da mídia devem ser condenadas pelo bem da democracia.

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