sábado, 23 de abril de 2011

A Direita e a militarização da educação

Por Adelson Vidal Alves            


              
             O assassinato brutal de 12 crianças em uma escola do Rio de Janeiro reascendeu o debate sobre as formas de se combater a violência. A direita reacionária de corte fascista não perdeu tempo em reavivar suas teses truculentas e incitar a opinião pública para práticas autoritárias de segurança pública.
            Partidos de direita, parlamentares conservadores e obviamente a grande mídia oligárquica se animaram com a possibilidade de a partir do apoio popular, poderem encher escolas de policiais, colocar portões eletrônicos e implantar detectores de metal. Para eles, abertamente simpatizantes a regimes totalitários, o ambiente de produção de conhecimento deve conviver com o braço coercivo do Estado e suas formas de controle social a partir da força.
             O que querem estes senhores?
            Que nossas crianças sejam constrangidas diariamente com revistas eletrônicas? Que o primeiro contato de cada uma delas em seu ambiente educacional seja um cidadão fardado e armado pronto pra matar? Que os portões do conhecimento sejam fechados para a sociedade a qual servem se transformando em um presídio? Ou pior, querem ensinar aos nossos jovens que violência se combate a violência. Deus queira que estes senhores que mataram e torturaram durante 21 anos em nosso país não consigam eco na opinião pública para reativar mecanismos fascistas de sociabilidade.
            Há quem defenda um Referendo sobre o desarmamento, defendendo, a meu ver com razão, que quantos menos armas circularem, menos tragédias veremos. Contudo este referendo já foi realizado em Outubro de 2005 e 64% dos brasileiros disseram NÃO ao fim do comércio de armas. A realização de uma nova consulta popular baseada num caso isolado, se aproveitando da comoção nacional é uma prática antidemocrática. A construção de uma cultura de paz exige elementos mais consistentes, que por ironia da vida passa pelo ambiente a qual os senhores da guerra, travestidos de Gandhi, querem militarizar.
            Entrar e sair de uma escola com facilidade não é um problema como muitos insinuam, pelo contrário, é exigência de um Estado Democrático de Direito. O que lamentavelmente aconteceu em Realengo, dificilmente poderia ser evitado. E como bem disse Brizola Neto em recente artigo em seu blog ,um policial dentro da escola seria apenas a primeira vítima do massacre, levando em conta que pessoas dispostas a matar não reconhecem a autoridade policial.
            A direita e sua mídia deveriam sossegar, e ao invés de ficar incitando a violência contra a violência, deveriam entender de uma vez por todas que muita coisa mudou no Brasil, e que o povão a quem mantém desprezo já não vota mais neles, já não os dá ouvidos e graças a Deus não os lêem mais. Vão ficar falando sozinhos.

Um comentário:

  1. Olá, queria saber qual é a solução que você propõe para o fim da marginalidade nas escolas? Pois por enquanto eu só vi você reclamar, mas não vi nenhuma proposta. Militarizar as escolas? Onde as crianças aprenderão a respeitar autoridades (não me refiro a autoridades políticas stricto sensu, mas também os país e família em geral). Deixar do jeito que está? Prezando a liberdade de expressão de pessoas que não sabem se expressar, que só sabem agir sem antes pensar, defender pessoas que estouram bombas nas escolas, que ocupam o mesmo para estagnar as aulas.
    E ressaltando um outro ponto que você se referiu, a questão das armas, o que você prefere? Mais armas? Pra ficar mais fácil de os bandidos conseguirem e comercializarem? Menos armas? Para os bandidos serem os únicos a possuir armas e terem a certeza de que nós (que cumprimos a lei) não possuímos armas e somos vulneráveis a assaltos? O que você quer? Só uma dica, chamar os outros de fascistas não é lutar por democracia. Espero atenciosamente por sua resposta.

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