segunda-feira, 25 de abril de 2011

1 de Maio: Novas reflexões

Por Adelson Vidal Alves

           


            Os 125 anos do dia do trabalhador, lembrado este ano, exigem das forças sociais ligadas ao trabalho uma reflexão profunda quanto a metamorfose sofrida nas últimas décadas na estrutura produtiva. Os trabalhadores, assim como o capital, ganharam novas formas de atuação e organização, o que obriga novas reflexões para aqueles comprometidos com as classes subalternas.
            As centrais governistas e os sindicatos pelegos se preparam para megashows e sorteios de carros e poupanças polpudas, financiadas sabe se lá por quem. Com estes os trabalhadores não podem contar, estão todos comprometidos até o pescoço com a ordem vigente submetidos subalternamente a acordos espúrios com o capital. Resta aos sindicatos e centrais classistas, movimentos sociais não cooptados, partidos de esquerda e a intelectualidade progressista debater questões relacionadas as contradições do sistema e sua necessária superação.
            A realidade atual, a meu ver, ainda se sustenta nos antagonismos capital/trabalho, mas não se trata da única dualidade a se pensar. Principalmente em meados da década de 1960 uma ampla gama de movimentos sociais se integra e engorda ainda mais a sociedade civil, fazendo mais complexa a luta pela hegemonia. Trabalhadores, mas também mulheres, homossexuais, negros e estudantes ocupam o campo opositor na ordem global capitalista e formam um núcleo de resistência a ordem societal do capital, mas o fazem das mais diversas formas.
            O mundo trabalho também sofreu mutações. O trabalhador precarizado, automatizado e com a consciência fragmentada obtém dificuldades de organização e sofre ainda com a perda de referência no campo ideológico, principalmente depois da queda do Muro de Berlim. Os novos sindicalistas se atentam no máximo para acordos econômicos e se lambuzam nas benesses financeiras oferecidas pelo Estado. O sindicalismo assim, com honrosas exceções, se transformou em um instrumento conciliador, incapaz de pensar e organizar o novo ser social do mundo do trabalho, unidos pelo frágil elo de estar todos sob jugo do sistema de salários.
            Neste 1 de Maio o desafio é não deixar morrer formas de manifestações que impliquem consciência nas massas exploradas, sem entretanto cair no anacronismo de buscar jargões ultrapassados. É um desafio a ser enfrentado, desafio este que não está na pauta da CUT ou da Força Sindical, verdadeiros abrigos de pelegos e traidores.

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