segunda-feira, 11 de abril de 2011

Religião e Terrorismo

Por Adelson Vidal Alves



            Por que um jovem sem antecedentes criminais invadiria uma escola e atiraria contra várias pessoas ferindo de morte 12 crianças, 10 delas mulheres?
Até onde se sabe sobre o perfil do assassino, construído a partir dos manuscritos deixados pelo próprio e por depoimentos de amigos e familiares, Wellington de 23 anos era visivelmente alguém mentalmente perturbado, um doente.
            Mesmo estando claro que o autor de tamanha barbaridade esteja escancaradamente sofrendo problemas mentais, há quem faça associação direta entre o atirador, a religião e o terrorismo. Aliás, a grande mídia tem sido muitas vezes agente da construção de um senso comum onde se associa o Islamismo e o terrorismo. A partir desta equivocada visão, que muitos têm atribuído o massacre do Realengo a uma ação planejada sob a ideologia terrorista e inspirada sob a religiosidade Muçulmana.
            O terrorismo não é composto por pessoas mentalmente enfermas, ele é uma ideologia política utilizada por minorias que incapazes de enfrentar militarmente seus inimigos se utilizam do terror como principal estratégia. Para os terroristas não é preciso derrotar fisicamente seus adversários, busca-se seus objetivos aterrorizando a mente das pessoas através de ataques brutais e violentos, que cause medo e perplexidade. Por isto a declaração de Bin Laden sob o qual os Estados Unidos nunca mais ficariam em paz depois dos  ataque de 11 de Setembro.
            O assassino de Realengo nada tem a ver com o Islamismo, o Cristianismo, as Testemunhas de Jeová e muito menos o terrorismo, tem a ver com insanidade mental. Nenhuma religião ensina intolerância, morte e violência, pelo contrário, pregam o amor, a paz e a solidariedade. É bom que fique claro que o esquizofrênico assassino confundiu em sua mente doentia elementos doutrinários de várias religiões que foram distorcidos em sua visão. A opinião pública tem o direito de se revoltar contra tamanha atrocidade, não pode, contudo demonizar a religião, como se ela em estado de sanidade estimulasse alguém a atentar contra vidas inocentes.
            Não podemos esquecer também que a religião pode chegar a estágios insanos, que ai sim, podem introduzir seus adeptos a práticas extremas de violência. Quando se olha a própria fé como absolutamente verdadeira enxerga-se as outras como falsas, e seus doutrinadores como inimigos da verdade de Deus. Foi assim a barbárie dos cristãos nas cruzadas contra o Islamismo, na queima do Alcorão por um pastor fanático dos EUA e dos atentados terroristas de grupos ditos muçulmanos. Guardam estes em comum o fato de interpretar suas doutrinas de forma fundamentalista e fanática, sem conseguir racionalmente compreender que a essência da boa religião é a tolerância e o respeito pela opção alheia, opção que o atual papa Bento XVI não respeita quando introduz encíclicas afirmando que as igrejas protestantes não são consideradas igrejas cristãs, ou quando o protestantismo neopentecostal confunde religião Afrobrasileira com satanismo. O fundamentalismo cega as pessoas e oferece riscos ao convívio pacifico da humanidade.
            Infelizmente a morte de 12 brasileirinhos não poderia ter sido evitada, levando em conta que psicopatas como Wellington ignoram todas as formas institucionais de controle civilizatório. Resta-nos o Luto e a lição de que o papel da religião é ensinar valores humanistas e não incentivar o terror, que só ganha amparo quando a fé se transforma em fundamentalismo irracional e assim tornando se um ambiente propicio para a loucura, a violência e a intolerância.       

Um comentário:

  1. Belíssimo comentário...como um café fresco e no ponto! Parabéns! Concordo c vc!

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