Por Adelson Vidal Alves
A campanha eleitoral de Dilma investiu numa divisão do país.
Pobres e ricos, burgueses e operários, esquerda e direita, nordestinos e
paulistas. Tal divisão fazia parte de uma estratégia que visava desqualificar
seu adversário como sendo pertencente a uma tal “elite”, conservadora e
neoliberal. O objetivo era mostrar que ela, a heroína nacional, seria a pessoa ideal
para proteger os pobres contra os ricos.
Apesar de reeleita, a estratégia não funcionou tão bem.
Aécio conseguiu 50 milhões de votos (não temos 50 milhões de ricos neoliberais
no país) as oposições avançaram no parlamento e nos estados, e sua figura sai
enfraquecida dentro de seu partido e de seus aliados. Terá diante de si a
tarefa de abrir diálogo com a nação, com os partidos e com a sociedade
brasileira. Rachou o Brasil, mas terá que reunificar, com a pena de não
conseguir governar. Como fazer isso? A tarefa é árdua, e desafia o próprio
perfil de Dilma, profundamente centralizador.
Pela frente, Dilma terá acusações graves de corrupção na
Petrobrás, a inflação subindo, o baixo crescimento econômico, a queda dos
empregos. Precisará contornar todas estas crises, e restabelecer uma base
mínima de governo, social e política.
Venceu dentro de um contexto de tensão, sua campanha insuflou
o espírito anti-petista, desmoralizou o olhar que muitos tinham sobre seu
partido, visto agora como aquele que faz tudo pra chegar o poder, esvaziado de
conteúdo ideológico.
Dilma venceu, mas recebeu uma série de recados das urnas, e
se for sensata, dará ouvidos sinceros a estes recados, e aplicará reformulações
no governo.
Já o Brasil, assistiu a uma das campanhas mais violentas e deseducadoras
da história da república. A festa da democracia foi invadida por gangues da
mentira, e saiu com a metade dos convidados em total divórcio com a outra
metade. Quem dividiu, tem o a obrigação de reunificar.
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