terça-feira, 7 de outubro de 2014

Carta a Giovani Miguez


Prezado Giovani Miguez, li a carta que direcionaste a mim, criticando meu artigo “Por que Aécio”. Confesso que fiquei surpreso. Somos amigos há algum tempo, acompanhei seus tempos mais à “direita” (você não precisa concordar com essa minha visão) quando, inclusive, chegou a passar pelo PSDB. Hoje não sei se você veio mais à esquerda ou se foi eu que fui mais à direita. O fato é que nos encontramos em um ponto: a defesa da democracia e o que a representa institucionalmente.

Neste caso, estranha-me que, como um democrata, tenha se deslocado para o lado do partido que mais combate a democracia na história da Segunda Repúblic. Não esperava que viesse automaticamente para o apoio a Aécio, mas sua conversão petista me assustou. Mas, enfim, vamos a sua carta.

Primeiro, achei exagero o uso do “ismo” na minha qualificação. Tratar-me como Aecista, sendo que esta opção é temporária é algo sem sentido. Sabes que o PSDB não é meu partido e Aécio não foi minha primeira opção, o que fiz, como muitos vão fazer neste segundo turno, foi escolher entre as opções postas e que, mantendo firme minha convicção democrata, optei por Aécio sem sinalizar qualquer adesão acrítica a um possível futuro governo tucano.
Na sua carta você taxa o PSDB como neoliberal. Não compartilho com esta afirmação, a não ser que atribua este rótulo também ao PT, pois se os tucanos privatizaram, o PT também privatizou, e se os tucanos mantiveram uma política econômica de exaltação do livre mercado, o PT a repetiu religiosamente. Penso ser mais correto reconhecer traços de liberalismo econômico nos dois lados, sem dar a qualquer um deles o peso do fardo de um “tatcherismo” ou um “reaganismo”.

Quero considerar, ainda, a parte que você atribui ao PSDB o primeiro mensalão, relembrando a suposta compra de votos do Congresso na PEC da reeleição. Ora, aqui há leviandade. Contra FHC não há nenhuma prova, sequer houve uma denúncia que fosse a frente. Um absurdo quando se compara com o mensalão petista, comprovado e com penas já aplicadas da Corte mais alta do país.
Não entendi, também, sua fala em relação ao Bolsa Família, pois em momento algum fui contra o programa. Fiz, sim, críticas, pois a “bolsificação” que falo no artigo trata das correntes que se amarra nos beneficiados do programa, quando este não tem porta de saída, perpetuando a tutela estatal.

Bom, não pretendo me estender, acredito ter, de uma forma geral, respondido os pontos que discordo na sua carta. Saiba que te considero mais que um excelente interlocutor intelectual, mas, principalmente, um amigo.

Abraços,

Adelson Vidal Alves




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