Prezado Giovani Miguez, li a carta que direcionaste a mim,
criticando meu artigo “Por que Aécio”. Confesso que fiquei surpreso. Somos
amigos há algum tempo, acompanhei seus tempos mais à “direita” (você não
precisa concordar com essa minha visão) quando, inclusive, chegou a passar pelo
PSDB. Hoje não sei se você veio mais à esquerda ou se foi eu que fui mais à
direita. O fato é que nos encontramos em um ponto: a defesa da democracia e o
que a representa institucionalmente.
Neste caso, estranha-me que, como um democrata, tenha se
deslocado para o lado do partido que mais combate a democracia na história da
Segunda Repúblic. Não esperava que viesse automaticamente para o apoio a Aécio,
mas sua conversão petista me assustou. Mas, enfim, vamos a sua carta.
Primeiro, achei exagero o uso do “ismo” na minha qualificação.
Tratar-me como Aecista, sendo que esta opção é temporária é algo sem sentido. Sabes
que o PSDB não é meu partido e Aécio não foi minha primeira opção, o que fiz,
como muitos vão fazer neste segundo turno, foi escolher entre as opções postas e
que, mantendo firme minha convicção democrata, optei por Aécio sem sinalizar
qualquer adesão acrítica a um possível futuro governo tucano.
Na sua carta você taxa o PSDB como neoliberal. Não
compartilho com esta afirmação, a não ser que atribua este rótulo também ao PT,
pois se os tucanos privatizaram, o PT também privatizou, e se os tucanos
mantiveram uma política econômica de exaltação do livre mercado, o PT a repetiu
religiosamente. Penso ser mais correto reconhecer traços de liberalismo
econômico nos dois lados, sem dar a qualquer um deles o peso do fardo de um “tatcherismo”
ou um “reaganismo”.
Quero considerar, ainda, a parte que você atribui ao PSDB o
primeiro mensalão, relembrando a suposta compra de votos do Congresso na PEC da
reeleição. Ora, aqui há leviandade. Contra FHC não há nenhuma prova, sequer
houve uma denúncia que fosse a frente. Um absurdo quando se compara com o
mensalão petista, comprovado e com penas já aplicadas da Corte mais alta do
país.
Não entendi, também, sua fala em relação ao Bolsa Família,
pois em momento algum fui contra o programa. Fiz, sim, críticas, pois a “bolsificação”
que falo no artigo trata das correntes que se amarra nos beneficiados do
programa, quando este não tem porta de saída, perpetuando a tutela estatal.
Bom, não pretendo me estender, acredito ter, de uma forma
geral, respondido os pontos que discordo na sua carta. Saiba que te considero
mais que um excelente interlocutor intelectual, mas, principalmente, um amigo.
Abraços,
Adelson Vidal Alves
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