terça-feira, 14 de outubro de 2014

Crivella, ameaça ao Estado laico

Por Adelson Vidal Alves



Uma das ameças que rondam a democracia moderna é a persistente tentativa de fusão entre política e religião, acampada por setores conservadores da sociedade brasileira. Não falo apenas pelas bancadas religiosas que atuam livremente no Congresso, orientadas por sua fé e moral. Mas, principalmente, pelo projeto ambicioso de poder que começam a nutrir.

A força deste segmento foi suficiente para barrar avanços em pesquisas científicas e conquistas de direitos civis por parte de minorias. Hoje já dispõe de um partido político, o PRB, uma poderosa rede de televisão, a Record, e outros grandes meios de comunicação. O núcleo deste grupo concentra-se na Igreja Universal, do polêmico Edir Macedo, que recentemente construiu um bilionário templo religioso, o Templo de salomão, numa demonstração clara de força e poder.

As ambições deste grupo chegaram ao Rio de Janeiro, na figura serena do Bispo Marcelo Crivella, sobrinho de Edir Macedo. Ele disputa com Luiz Fernando Pezão o governo do Rio de Janeiro.

Marcelo Crivella, do PRB, não chega a ser dos mais fundamentalistas, mas sua carreira política se construiu com os alicerces da Igreja Universal e seu temível projeto de poder. Temo por religiões de matriz africana, pelos católicos e por homossexuais, caso Crivella vença a eleição. Mesmo sem abrir uma guerra aberta, terá ferramentas para, aos poucos, enfraquecer estes setores com métodos imprevisíveis. Há um risco evidente do Estado laico ser desmontado, pois, segundo eles, o Brasil só terá salvação quando Jesus Cristo for o senhor. Leia-se, o país se tornar protestante, mais especificamente, do segmento ultra-neopentecostal.

Em tempos onde o desafio é consolidar vitórias republicanas, como a democracia representativa e a separação Estado/Igreja, o desafio é garantir a liberdade de crença sem que esla sirva de licença para a "sacralização da política". Enquanto esta última existiu os resultados foram terríveis, e ao contrário do que muitos pensam, o perigo de retrocessos não está descartado.

A população do estado do Rio de Janeiro tem o dever de votar contra o obscuro projeto de poder religioso encarnado em Crivella. É o único caminho para preservarmos a democracia como ela deve ser nos moldes modernos, isto é, suficientemente forte para garantir as escolhas metafísicas individuais sem fazer delas orientação no espaço público, a partir de um poder instalado no Estado.


Um comentário:

  1. Prefeito ou Governador nenhum, tem poder para interferir no Estado Laico. Pois se trata de poder Executivo. Ou seja ele não tem poder nenhum para criar leis, como: fazer a população do Rio devolver o dízimo; Isso cabe ao poder legislativo, que é constituído por Deputados Federais, Estaduais e o Senado Federal, ao qual o Bispo Marcelo Crivella, posiciona a mais de 8 anos.

    Ou seja, se ele quisesse, interferir no Estado Laico, já teria feito isso desde o início, em que ele assumiu a posição de senador. Já teria criado projetos de lei, que interferisse na liberdade religiosa.

    O que eu digo a muitos, é que fico feliz dele não ter ganho as eleições para o governo do Rio. Pois a bomba, teria estourado na mão dele, da mesma forma que aconteceu o então, vice-governador Francisco Dornelles. Isso sim, teria manchado a reputação dele.

    Hoje, o povo verá que ele não tem essa intenção. Pois, temos dois candidatos a prefeitura do Rio. Dois candidatos, de duas igrejas evangélicas diferentes.

    Se o povo, continuar pensando desse jeito, é só votar em branco. Isso não vai resolver nada. A preocupação do povo atualmente, deve ser em eleger candidatos ficha limpa. Basta consultar todos os projetos que o Bispo Crivella já fez sendo senador, e quando não era.

    E pode ter certeza, de que os projetos, que ele pois em prática, sem o apoio financeiro do governo, foram apoiados pela IURD, a qual é tanto criticada. Exemplo: Fazenda Canaã (Irecê/BA)

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