Por Adelson Vidal Alves
A maior mentira do novo
marketing capitalista é: as empresas trabalham pela total satisfação dos seus
clientes. Ora, a plena satisfação dos compradores seria o fim da sociedade de
consumo. Esta precisa de constante descontentamento para que mantenha
sustentável seus padrões de produção e venda.
A sociedade de consumo se
caracteriza pela rápida movimentação de troca de mercadorias dos seus usuários.
A vida útil de um produto já não se mede por sua capacidade de atender as
necessidades pelo qual foi criado, mas sim pelos ditames do consumismo. Um
celular pode te garantir operar e receber ligações, mas só te credenciará a ser
um cidadão na sociedade de consumo, se seu modelo estiver em plena concordância com a moda
consumista.
O resultado é que o descarte
constante das mercadorias produz lixo o tempo todo. Na sociedade de consumo não
há tempo para consertos ou reciclagem, o que não serve aos padrões, deve ser
imediatamente descartado.
Como a sociedade de consumo
atinge todas as classes sociais, a vida se torna mais cara e impiedosa com os
grupos de baixo, interessados na cidadania consumista. Se em outros tempos os
sonhos estavam no futuro, financiados por longos anos de caderneta de poupança,
hoje o que vale é o “aqui e agora”, de modo que os rendimentos pessoais
precisam ser esticados em forma de cartões de crédito e financiamento.
O mais triste é que ao
ingressar na sociedade de consumo, os próprios consumidores se tornam
mercadorias. Ao aceitarem as regras de consumir conforme sua dinâmica, os
compradores passam a trabalhar pela sua própria auto-valorização. Quem não se
lembra do bizarro Rei do Camarote, sucesso na internet? Ele afirmava a
necessidade de agregar valor a si mesmo, ou seja, se valorizar mais no mercado.
Ser vendável é a meta dos
participantes da sociedade de consumo. E o ambiente de venda ultrapassa a vida
real, chegando às redes sociais, onde fotos de um simples passeio de férias
viram aglutinadoras de valor no amplo mercado da sociedade de consumo.
Ao negarmos participar dela,
podemos estar nos condenando ao inferno do anonimato. Mas ao ingressarmos,
estaremos engrossando as estatísticas de seres humanos infelizes, escravos do
desespero consumista e reféns de lógicas alheias à sua própria vontade. De
qualquer forma, a sociedade do consumo
fez de nossos dias, tempos mais tristes.
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