segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Sociedade de Consumo

Por Adelson Vidal Alves



A maior mentira do novo marketing capitalista é: as empresas trabalham pela total satisfação dos seus clientes. Ora, a plena satisfação dos compradores seria o fim da sociedade de consumo. Esta precisa de constante descontentamento para que mantenha sustentável seus padrões de produção e venda.

A sociedade de consumo se caracteriza pela rápida movimentação de troca de mercadorias dos seus usuários. A vida útil de um produto já não se mede por sua capacidade de atender as necessidades pelo qual foi criado, mas sim pelos ditames do consumismo. Um celular pode te garantir operar e receber ligações, mas só te credenciará a ser um cidadão na sociedade de consumo, se seu modelo estiver em plena concordância com a moda consumista.

O resultado é que o descarte constante das mercadorias produz lixo o tempo todo. Na sociedade de consumo não há tempo para consertos ou reciclagem, o que não serve aos padrões, deve ser imediatamente descartado.

Como a sociedade de consumo atinge todas as classes sociais, a vida se torna mais cara e impiedosa com os grupos de baixo, interessados na cidadania consumista. Se em outros tempos os sonhos estavam no futuro, financiados por longos anos de caderneta de poupança, hoje o que vale é o “aqui e agora”, de modo que os rendimentos pessoais precisam ser esticados em forma de cartões de crédito e financiamento.

O mais triste é que ao ingressar na sociedade de consumo, os próprios consumidores se tornam mercadorias. Ao aceitarem as regras de consumir conforme sua dinâmica, os compradores passam a trabalhar pela sua própria auto-valorização. Quem não se lembra do bizarro Rei do Camarote, sucesso na internet? Ele afirmava a necessidade de agregar valor a si mesmo, ou seja, se valorizar mais no mercado.

Ser vendável é a meta dos participantes da sociedade de consumo. E o ambiente de venda ultrapassa a vida real, chegando às redes sociais, onde fotos de um simples passeio de férias viram aglutinadoras de valor no amplo mercado da sociedade de consumo.

Ao negarmos participar dela, podemos estar nos condenando ao inferno do anonimato. Mas ao ingressarmos, estaremos engrossando as estatísticas de seres humanos infelizes, escravos do desespero consumista e reféns de lógicas alheias à sua própria vontade. De qualquer forma,  a sociedade do consumo fez de nossos dias, tempos mais tristes.

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