Por Adelson Vidal Alves
Sérgio Boechat é um dos mais
ativos blogueiros de nossa cidade. Tenho por ele um apreço pessoal. Talentoso
na escrita e bem informado em sua atividade política, é uma das vozes
intelectualmente mais competentes da oposição ao governo Neto. Contudo, até mesmo
os mais admiráveis cérebros podem ser traídos por seus excessos.
Em recente artigo em seu blog,
Boechat deu largada a campanha eleitoral de 2014. Convocou a cidade de Volta
Redonda a um boicote geral contra tudo e a todos que se aproximassem do governo
Neto, a quem demonstra, sem qualquer rodeio,
um ódio profundo. Sobrou para os deputados Deley de Oliveira, Gotardo Neto, Nelson Gonçalves
e Edson Albertassi. Para os vereadores Washigton Granato e América Tereza, os
sindicalistas Renato Soares e João Thomás. Na lista de Boechat sobram apenas
Zoinho e Rogério Loureiro. Quem sabe uma dobradinha perfeita na visão do
blogueiro?
Estranha-me que um analista de
alto calibre recorra a uma avaliação tão simplista no processo de alianças
políticas. Deveria ele saber muito bem que acordos eleitorais respeitam
conjunturas, e que obedecem a critérios que na maioria das vezes não faz dos
aliados cópias fiéis de quem se alia. Tratar como homogêneo um grupo de pessoas
aliadas por pontos comuns, e não por essência, é um erro terrível.
Além do mais, Boechat chama de
cúmplices todos àqueles que de alguma forma apoiam o governo. Cúmplices de que?
Das manobras acusatórias em forma de bravatas do qual lançam mão setores da
oposição? Ou do cenário delirante em que se mistifica um governo cruel e tirano pronto a
esmagar a cidade do aço?
Fosse um democrata, Boechat
entenderia que a normalidade dialética de uma refinada democracia como a nossa
não tolera um trabalho articulado com fins de eliminação completa do
adversário. Isso só é possível em golpes, não em regimes democráticos. Deveria entender
que não se pode colocar todos no “mesmo saco’ como se o mundo real da política
robotizasse aliados heterogêneos de um determinado bloco político.
O que esperamos de homens com a
capacidade de debate como Boechat, são textos analiticamente mais rigorosos,
com qualidade de abordagens minuciosas nos quarteirões do que é vida política. Esperamos
menos ódio e mais razão, mais crítica e menos panfletos. Mais propostas e menos
oposicionismo vazio.
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