quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Oposicionismo vazio: sobre o artigo de Sérgio Boechat



Por Adelson Vidal Alves


Sérgio Boechat é um dos mais ativos blogueiros de nossa cidade. Tenho por ele um apreço pessoal. Talentoso na escrita e bem informado em sua atividade política, é uma das vozes intelectualmente mais competentes da oposição ao governo Neto. Contudo, até mesmo os mais admiráveis cérebros podem ser traídos por seus excessos.

Em recente artigo em seu blog, Boechat deu largada a campanha eleitoral de 2014. Convocou a cidade de Volta Redonda a um boicote geral contra tudo e a todos que se aproximassem do governo Neto, a quem demonstra, sem qualquer rodeio, um ódio profundo. Sobrou para os deputados Deley de Oliveira, Gotardo Neto, Nelson Gonçalves e Edson Albertassi. Para os vereadores Washigton Granato e América Tereza, os sindicalistas Renato Soares e João Thomás. Na lista de Boechat sobram apenas Zoinho e Rogério Loureiro. Quem sabe uma dobradinha perfeita na visão do blogueiro?

Estranha-me que um analista de alto calibre recorra a uma avaliação tão simplista no processo de alianças políticas. Deveria ele saber muito bem que acordos eleitorais respeitam conjunturas, e que obedecem a critérios que na maioria das vezes não faz dos aliados cópias fiéis de quem se alia. Tratar como homogêneo um grupo de pessoas aliadas por pontos comuns, e não por essência, é um erro terrível.

Além do mais, Boechat chama de cúmplices todos àqueles que de alguma forma apoiam o governo. Cúmplices de que? Das manobras acusatórias em forma de bravatas do qual lançam mão setores da oposição? Ou do cenário delirante em que se mistifica um governo cruel e tirano pronto a esmagar a cidade do aço?

Fosse um democrata, Boechat entenderia que a normalidade dialética de uma refinada democracia como a nossa não tolera um trabalho articulado com fins de eliminação completa do adversário. Isso só é possível em golpes, não em regimes democráticos. Deveria entender que não se pode colocar todos no “mesmo saco’ como se o mundo real da política robotizasse aliados heterogêneos de um determinado bloco político.

O que esperamos de homens com a capacidade de debate como Boechat, são textos analiticamente mais rigorosos, com qualidade de abordagens minuciosas nos quarteirões do que é vida política. Esperamos menos ódio e mais razão, mais crítica e menos panfletos. Mais propostas e menos oposicionismo vazio.

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