segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Porque o Psol não sai do isolamento



Por Adelson Vidal Alves

 O Psol nasceu de ruptura interna dentro do PT. Um episódio marca este momento. Por conta da votação da (Contra) Reforma da Previdência do governo Lula em 2003, 4 parlamentares desobedeceram às orientações partidárias e votaram contra o projeto. O PT foi implacável, e expulsou os deputados, que fundaram o Partido Socialismo e Liberdade.

A nova legenda foi criada a partir de críticas à esquerda ao governo Lula, carregando do PT compromissos programáticos de corte popular, mas também o velho sectarismo não-aliancista. O Psol de hoje mantém critérios radicais nas alianças eleitorais, resumindo-se a seus pares da extrema esquerda (PSTU-PCB). Mas ao contrário do Partido dos Trabalhadores, o contexto histórico em que é fundado é de desalentador refluxo da luta de massas. Uma espécie de ressaca dos “anos neoliberais”. Como se recusa a refazer seu programa de alianças, o novo partido segue influenciando pequenos setores da sociedade, se resumindo a classe média, professores, estudantes e servidores públicos. Mantém enorme dificuldade em entrar nas camadas mais pobres e de pouca escolaridade.

Com baixa atuação institucional, mantém divisões internas (tendências), que fazem disputa pelos rumos da legenda. Há trotskistas, leninistas, cristãos, independentes e uma pequena ala gramsciana. Em geral são moralistas, intolerantes nos debates, quase sempre se auto-intitulando portadores da “verdade revolucionária”. Ainda que pequenos, superestimam sua influência na esquerda brasileira.

Na prática o Psol segue isolado. Reelegendo seus poucos deputados (a maioria com mandatos deste o PT) e ganhando prefeituras de pequeno porte. Com a exceção de Macapá, capital do Amapá, onde o partido fez ampla aliança, venceu a eleição e hoje sofre duras críticas de suas bases. Em quase 10 anos de existência, ainda não afirmou sua vocação de governo, não ingressou de corpo e alma à democracia política, tratada por muitos de seus filiados como “burguesa”. Dentro dos movimentos sociais ainda é pequeno, e sua variação interna fragiliza ainda mais sua ação conjunta em entidades como a UNE, CUT e até a radical CSP-Conlutas, ligada ao PSTU.

Para sobreviver e se apresentar como alternativa de esquerda, o Psol precisaria repensar o rigor de seu programa, reavaliar outras forças políticas como aliadas, tomar a democracia como via exclusiva de luta revolucionária. Há quem diga que assumir tais atitudes seria refazer o caminho errôneo do PT, o que só seria verdade se não adotassem critérios mínimos, baseados numa leitura mais flexível do atual quadro conjuntural da luta de classes no Brasil e no mundo.

O Psol não sairá de seu estado de “seita” enquanto manter-se fechado em seus dogmas, enquanto olhar o mundo a seu redor como um “antro da direita”, enquanto achar que a revolução só triunfará com o compromisso de pureza dos revolucionários. Poderá ajudar a construir uma nova cultura política quando enfim se abrir a novas estratégias, que superem a visão estreita que o partido mantém frente ao novo contexto nacional que se abre, sobretudo depois dos recentes acontecimentos mundiais, que em Junho no Brasil, marcaram posição nas ruas de todo o país. Não há espaços para vanguardas, o grito de ordem é “mais democracia”.

2 comentários:

  1. PSOL não é partido e sim uma seita .

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  2. PSoL é uma cria do PT, que surgiu como estratégia política para jogar o centro mais a esquerda.

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