segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O rosto fascista dos black blocs

Por Adelson Vidal Alves

Em tempos onde a política entra em crise, é normal o aparecimento de grupos inspirados numa espécie de “anti-politica”. No Brasil esta dimensão de negação da política se deu no aparecimento dos black blocs, em Junho de 2013. Momento em que milhões de pessoas iam as ruas questionar a eficiência de nossas instituições e órgãos de mediação da política, como os partidos.

Ao mesmo tempo em que mascarados quebravam bancos, patrimônios públicos e pequenas propriedades, se diminuía a participação popular. Os black blocs  e sua apologia da violência afastaram e afastam os cidadãos comuns das ruas. Pior, ao assumirem visibilidade, diminuiu-se também o papel das organizações coletivas que historicamente lutam e conquistam melhorias de vida para o povo. Assumidamente sem projetos, os homens e mulheres de preto agem de uma forma desorganizada, sobrevivendo à custa de uma fúria contra tudo que de alguma forma simbolize para eles a opressão do sistema capitalista.

A tática black bloc, no entanto, recebe críticas não só dos setores capitalistas, mas também da população em sua maioria (Pesquisa da Confederação Nacional do Transporte , em parceria com o MDA revela que 93,4% dos entrevistados não apoiam a atuação dos black blocs), e de parte significativa da esquerda. O PSTU emitiu nota condenando a ação dos mascarados, mostrando certa coerência com sua orientação ideológica. Já o PSOL, mais uma vez desajustado, preferiu liberar parte de sua militância, que se encantou pela rebeldia black bloc, mas não deu apoio público.

O olhar desconfiado da esquerda aos black blocs faz sentido na medida em que sua ação se aproxima bem mais do fascismo do que do anarquismo, a quem muitos dizem simpatizar. Seu caráter autoritário, a antipatia pela institucionalidade democrática, o uso apologético da violência marcam o traço fascista do movimento. São fascistas que agridem pessoas, e não os anarquistas. São fascistas que atacam jornalistas, e não anarquistas.

Para disfarçar-se de libertários, os black blocs também aprenderam comunicação com o fascismo, fazendo da verdade uma “mentira contada várias vezes”.  Durante o dia quebram padarias, batem em pessoas, vandalizam o patrimônio público, e a noite montam uma ação militar virtual, a fim de responsabilizar a “mídia golpista” por distorções dos fatos. Ora, é de ingenuidade estúpida imaginar que os black blocs só são violentos quando são atacados, ou mesmo que defendam professores nas manifestações. Sem violência e confronto não podem sobreviver, motivo pelo qual mesmo que a Polícia cruze os braços vai sempre ter alguém pronto a criar um ambiente de enfrentamento. Sem confronto, violência e confusão não existe black blocs.

Uma esquerda que se pretenda moderna precisa ser democrática, imune ao canto autoritário que brota das próprias crises históricas da esquerda. Os black blocs não tem como se sustentarem por muito tempo. Mas sua duração pode trazer prejuízos, não a bancos e multinacionais, mas para todos àqueles que trabalham duro para fortalecer uma nova cultura política, de caráter solidário e democrático.

Um comentário:

  1. Adelson: é fato que os anarquistas, com sua TÁTICA black block, defenderam os professores!

    A violência deles foi reação à violência do estado, essa sim, em favelas como a Maré se mostra praticamente um fascismo.

    Abs do Lúcio Jr.

    ResponderExcluir