Por Adelson Vidal Alves
O Partido dos Trabalhadores está
em crise. Não só pelo despencar eleitoral de sua pré-candidata a presidência da
República, o que em si já seria grave, mas, sobretudo por sua incapacidade de encontrar
saídas frente ao aparecimento de uma nova conjuntura de lutas sociais no país.
Historicamente ligado aos
movimentos populares, o PT conseguia, relativamente, articular suas ambições
institucionais com a dinâmica das ruas. Na presidência, capturou para o Estado
parte significativa das organizações da sociedade civil, vide CUT, CTB, UNE e
até mesmo parte do MST. Pego de surpresa por revoltas que fugiram do controle
destas organizações, a linha de frente do partido sofre com a ausência de
respostas a altura do que exigem os gritos do povo. Já não conseguem mais falar
as suas bases históricas, e penam a falta de um discurso que os reaproxime de
quem o produziu em meio às lutas sindicais do final da década de 1970.
O PT de hoje é um partido com
bases eleitorais bem diferentes de suas origens. Como bem analisa o cientista
político André Singer no livro “Os
sentidos do Lulismo” a legenda garantiu sua hegemonia eleitoral transitando
de uma classe média escolarizada para um “sub-proletariado” com baixa
escolaridade. É com estes que venceu as últimas eleições, um setor frágil que
começa a se debandar a medida que o peso da inflação se faz sentir em seus
bolsos.
Estou convencido que o PT é
hoje tão somente um partido da ordem, para usar um conceito de Marx. Ou seja,
um partido sem compromissos com transformações estruturais na sociedade. Ainda
sim, terá que refazer suas bases políticas e sociais, podendo fazer concessões
ideológicas aos setores mais à esquerda, ou refazer seu caminho de volta aos
grupos médios tradicionais mais conservadores. Assim como na crise do mensalão,
o PT tem a chance de repensar seus rumos e futuro. Uma reviravolta em suas
práticas depende exclusivamente da força das bases históricas que permanecem no
partido, que ainda que não consiga remontar o PT das origens, tem chance de
recuperar bandeiras progressistas que foram perdidas em meio ao pragmatismo.
Para isso, seria necessário cortar na carne. O PED (eleição interna do partido)
será um termômetro para entender os caminhos futuros do PT.
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