quarta-feira, 3 de julho de 2013

O futuro do PT



Por Adelson Vidal Alves


O Partido dos Trabalhadores está em crise. Não só pelo despencar eleitoral de sua pré-candidata a presidência da República, o que em si já seria grave, mas, sobretudo por sua incapacidade de encontrar saídas frente ao aparecimento de uma nova conjuntura de lutas sociais no país.

Historicamente ligado aos movimentos populares, o PT conseguia, relativamente, articular suas ambições institucionais com a dinâmica das ruas. Na presidência, capturou para o Estado parte significativa das organizações da sociedade civil, vide CUT, CTB, UNE e até mesmo parte do MST. Pego de surpresa por revoltas que fugiram do controle destas organizações, a linha de frente do partido sofre com a ausência de respostas a altura do que exigem os gritos do povo. Já não conseguem mais falar as suas bases históricas, e penam a falta de um discurso que os reaproxime de quem o produziu em meio às lutas sindicais do final da década de 1970.

O PT de hoje é um partido com bases eleitorais bem diferentes de suas origens. Como bem analisa o cientista político André Singer no livro “Os sentidos do Lulismo” a legenda garantiu sua hegemonia eleitoral transitando de uma classe média escolarizada para um “sub-proletariado” com baixa escolaridade. É com estes que venceu as últimas eleições, um setor frágil que começa a se debandar a medida que o peso da inflação se faz sentir em seus bolsos.

Estou convencido que o PT é hoje tão somente um partido da ordem, para usar um conceito de Marx. Ou seja, um partido sem compromissos com transformações estruturais na sociedade. Ainda sim, terá que refazer suas bases políticas e sociais, podendo fazer concessões ideológicas aos setores mais à esquerda, ou refazer seu caminho de volta aos grupos médios tradicionais mais conservadores. Assim como na crise do mensalão, o PT tem a chance de repensar seus rumos e futuro. Uma reviravolta em suas práticas depende exclusivamente da força das bases históricas que permanecem no partido, que ainda que não consiga remontar o PT das origens, tem chance de recuperar bandeiras progressistas que foram perdidas em meio ao pragmatismo. Para isso, seria necessário cortar na carne. O PED (eleição interna do partido) será um termômetro para entender os caminhos futuros do PT.


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