sexta-feira, 12 de julho de 2013

Porque o povo não veio?



Por Adelson Vidal Alves

Mês de Junho, Brasil – milhões de brasileiros se lançam às ruas indignados com o sistema político, a corrupção e a ineficiência governamental. Ainda que plural, o movimento majoritariamente rejeitou os partidos, os sindicatos e os movimentos sociais em geral. Se organizaram na internet, foram encorajados pela mídia, e definitivamente entraram para a história brasileira.

Mês de Julho, Brasil- centrais sindicais convocam protestos em todo o território nacional. Sua pauta se concentra nas reivindicações do trabalho, e sua forma de organização se apóia na mobilização das próprias entidades aderentes.

Pois bem. Enquanto Junho contou com o apoio da sociedade em sua diversidade, o 11 de Julho se resumiu a manifestantes históricos, sem conseguir atrair para além dos círculos tradicionais da esquerda social, sindical e política.

O refluxo é visível, e entendê-lo é condição indispensável para que se avance na organização da consciência coletiva das classes subalternas.
A meu ver, a coragem dos ativistas não conseguiu cobrir o desgaste das entidades de classe e organismos representativos junto a sociedade. Partidos políticos, Sindicatos e centrais sindicais vivem a crise de sua própria burocratização, hierarquização e rigidez. Seus formatos estão em desacordo com o espírito das ruas e da própria lógica da sociedade em rede. É preciso se horizontalizar, se democratizar e se modernizar. Caso o contrário, serão soterrados pela nova dinâmica que hoje serve de paradigma a intervenção popular no espaço público.

Infelizmente, grande parte das lideranças da esquerda continua vivendo de jargões arcaicos. Não conseguem admitir que seu poder de influência esgotou-se junto às bases, e que o povo já não vai a seu encontro por pura desconfiança. Estão cegos em sua própria arrogância, aprisionados em visões vanguardistas e estreitas, trancafiados no saudosismo ingênuo de seu mundo.

Seria de bom senso que todos nós, ainda crentes nas organizações coletivas, pararmos para refletir. Comemorar vitórias, mas, sobretudo, sermos honestos com nós mesmos. Cortar na carne e enfrentar a crise de frente. Otimismos ufanistas em nada vão contribuir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário