Por Adelson Vidal Alves
Falta pouco para a criação
oficial da REDE SUSTENTABILIDADE. Mais de 400 mil pessoas já assinaram as
fichas de apoio, que ao chegarem a 500 mil darão ao movimento o direito à
registro no TSE como partido político. Isso deve acontecer até 15 de Junho.
A REDE, como ficou conhecida,
aparece como iniciativa principal da ex-senadora Marina Silva, mesmo que não
exclusiva dela. Seus mais de 20 milhões de votos em 2010, fez da ex-seringueira
uma liderança nacional, com capacidade comprovada de destaque eleitoral. Marina,
no entanto, poderia ter escolhido o caminho mais curto para sua provável
candidatura presidencial. Encontraria partidos e estrutura com facilidade,
preferiu, entretanto, ingressar em uma difícil empreitada de fundar uma nova
legenda, percorrer o território nacional atrás de assinaturas, enfrentar
manobras no Congresso, ser difamada pelo governo. Sua opção se justifica pela
justa preocupação de ajudar na refundação da política. Esta que se rendeu ao
fisiologismo, corporativismo e egoísmo, deixando de ser ferramenta de construção
do bem comum para promoção de interesses particulares.
A REDE ganhou rápido apoio de
intelectuais, lideranças populares, artistas e políticos. A novidade de suas
propostas está exatamente na sedutora idéia de construir um partido de novo
tipo, alinhado com as transformações que ora geraram a sociedade em rede,
virtualmente mais democrática e relativamente imune a burocratizações
anacrônicas. O eixo programático do partido não propõe revoluções, não assume
bandeiras de rupturas sistêmicas, não usa em seu vocabulário a “luta de classes”.
Não é um partido socialista. Todavia, nota-se com facilidade que suas bandeiras
encontram terreno fértil na pluralidade de nossa sociedade contemporânea, que
resiste firme a maniqueísmos dogmáticos do tipo “marxista-leninista”. Não é toa
que no seio de sua fundação convivem socialistas, comunistas,
social-democratas, liberais moderados, ecologistas e empresários. Todos são
chamados na ajuda da organização da nova legenda, mas com a consciência de se
subordinarem aos mecanismos internos regimentais.
O novo partido não chega para
ser alugado. Vencer eleições é sempre importante, mas jamais deverá nortear a
vida partidária de quem tem a ambição de quebrar a letargia da pequena
política, que dois blocos políticos condenam o Brasil a mais de 20 anos. Se a
REDE sair em 2014 sem nenhum parlamentar, mas com a tarefa cumprida de provocar
um debate mais qualificado na nação, já terá feito seu papel original. Ainda
que riscos de degenerações sempre existam, vale apena arriscar um novo caminho.
Desistir da política será sempre desistir da justiça, do sonho de um mundo
melhor.
Belo artigo, Adelson!
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