segunda-feira, 20 de maio de 2013

Porque Marina incomoda tanto?



Por Adelson Vidal Alves
 
Porque Marina Silva incomoda tanto o atual bloco no poder? Seriam os 20 milhões de votos da última eleição, obtidos com poucos recursos financeiros e praticamente sem tempo de televisão? Ou seriam as pesquisas de opinião que apontam a candidata na segunda colocação da corrida presidencial, mesmo sem palanques eleitorais ou máquinas partidárias a seu dispor? Ou quem sabe o fato de ser ela uma candidata pelo qual os governistas não poderão acusar de ser continuidade dos governos FHC, haja vista que foi Ministra de Lula? Talvez todos estes fatores ajudem a explicar porque o PT e seus satélites trabalham tanto contra a candidatura de Marina.

Nos últimos dias a ofensiva do Planalto tem se intensificado contra ela. Primeiro o PT e seu aliado ambíguo, o PMDB, tentaram articular na Câmara dos Deputados um projeto de lei que dificultasse a criação de novos partidos, numa tentativa clara de atrapalhar a criação da REDE SUSTENTABILIDADE, partido que a ex-senadora pretende fundar. Como não conseguiram emplacar sua iniciativa golpista, que parou no Senado e no STF, a estratégia agora mudou, passando para uma campanha nacional de difamação.

Recentemente, os governistas distorceram as palavras de Marina Silva, tentando aproximá-la do desgastado deputado Marcos Feliciano. Para o governo e sua mídia, as palavras de Marina davam apoio ao presidente da Comissão de Direitos Humanos, que recebe acusações de homofobia e racismo. Ainda que tenha deixado claro que Feliciano tem posições equivocadas, não faltaram manobras rasteiras para tentar fazer de Marina uma homofóbica.

A verdade, no entanto, é que Marcos Feliciano é da base governista, e só se tornou presidente da Comissão de Direitos Humanos graças a uma articulação do PT para assumir a Comissão de Justiça, e assim indicar os mensaleiros José Genoino e João Paulo Cunha para sua composição.

Marina Silva é uma ameaça ao partido do governo. Sua trajetória política é de apoio as lutas populares, motivo pelo qual é a única candidata com penetração no largo curral eleitoral montado pelo PT via bolsa família. Tem uma reputação ética impecável, experiência política, competência comprovada e carisma de sobra. Nada pior para quem ganhou as últimas eleições com uma retórica de terrorismo, dizendo que caso perdessem, os programas assistencialistas acabariam.

Ainda terão aqueles que dizem ser Marina útil aos projetos da direita para derrotar Dilma. Qualquer pessoa com um cérebro e bom caráter sabe o quanto tal tese é falsa. Foi do PT a iniciativa de criar um ambiente político que só se move por uma polarização mentirosa entre PT e PSDB, que ainda que guardem diferenças, governam com os mesmos paradigmas, com a exceção de que o segundo pelo menos se movimentou em respeito ao jogo democrático republicano, enquanto o primeiro fez de tudo para sabotá-lo.

Ainda vem muita coisa pela frente. O Partido dos Trabalhadores e seu amplo e híbrido leque de alianças usarão dos recursos mais espúrios para esvaziar o debate e garantir sua hegemonia absoluta no poder estatal. Restam as forças democráticas do país se organizarem para combater o que seria a maior das tragédias da República: a consolidação de um bloco político com visíveis interesses anti-republicanos.



                                                                        

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