Por Adelson Vidal
Alves
As
transformações sociais, políticas e culturais do mundo contemporâneo e suas
conseqüentes reconfigurações no perfil dos atuais atores coletivos, impõem a
esquerda o desafio de se renovar para continuar influenciando nos rumos das
sociedades.
Não
há receita pronta, apenas pistas. Não cabe, por exemplo, invocarmos em nossos
dias a “ditadura do proletariado” como meta revolucionária. Onde foi implantada
ela se transformou em ditadura, primeiro do Estado, depois do partido e por
último de uma pessoa só. Não se aceita, também, a busca de uma revolução
insurrecional que tome o Estado de assalto. Este já não é o espaço único da
expressão do poder, e veio a se esparramar em meio a numerosas instituições da
sociedade civil, que guardam na cultura a força central de construção de
consensos políticos, e assim, de capacidade de governo.
Uma
esquerda moderna deve, assim, apoiar-se numa luta gradual por dentro do
ordenamento existente. É o Estado democrático de direito o palco exclusivo para
se lutar por mudanças estruturais na sociedade, e a democracia política
elemento indispensável para o aprofundamento do processo civilizatório.
No
Brasil, não há outro caminho para alcançarmos vitórias contra o capitalismo
senão lançando mão de um “reformismo forte” capaz de alterar o jogo de forças,
forçando transformações mais significativas na espinha dorsal da vida política
do país.
Quanto a Constituição federal de 1988, erguida sob forte presença da esquerda e de setores democráticos moderados, é ela o programa central a ser seguido por esta esquerda reformista, que tem agora o dever de obter vitórias graduais, porém, permanentes na construção de outra ordem social.
Uma
esquerda reformista para o nosso tempo nada tem a ver com a timidez da
social-democracia, que emplacou reformas dentro do sistema capitalista, mas
quando este era ameaçado em suas estruturas contou com o recuo social-democrata.
O novo reformismo é revolucionário. Obedece a estratégia gramsciana de guerra
de posição, pretende-se romper a ordem capitalista, obedecendo a “ocidentalidade”
das sociedades modernas, mas com a ambição de quebrar a hegemonia do capital.
Faltam
recursos e forças políticas para darem conta de um projeto deste tamanho. Nossa
esquerda ainda oscila entre cooptação conservadora e radicalismo sectário. Refletir,
debater e conseguir organizar novos atores políticos para esta empreitada é um
desafio a ser vencido.
Faltam reformistas na politica Brasileira
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