domingo, 2 de dezembro de 2012

Esquerda e Direita

Por Adelson Vidal Alves



A origem dos termos “direita” e “esquerda”, utilizados pela ciência política, remonta o período da Revolução Francesa, quando os defensores de mudanças radicais na sociedade francesa sentavam à esquerda da Assembleia, enquanto os mais conservadores à direita.
Diante de uma realidade muito mais complexa como a dos dias atuais, definir esquerda e direita como lugares estáticos é algo impossível. É melhor que estes conceitos sejam utilizados de acordo com posicionamentos, que por sua vez, variam de acordo com o tema em discussão.
Ser de esquerda é acima de tudo ser anticapitalista, combater as desigualdades sociais, lutar por uma nova ordem social, onde seja possível diminuir as disparidades que separam socialmente os indivíduos. Contudo, o caminho para superar o capitalismo e a divisão de classes divide posições. Há quem ainda hoje, como os trotskistas, defenda uma tomada violenta do poder, em total ruptura com o atual ordenamento jurídico-institucional. Há quem, como eu, que lute por uma nova sociedade, socialista e democrática, mas em respeito às conquistas democráticas do mundo moderno, consolidadas em instituições que fazem funcionar nossa atual democracia. Pela intensidade de suas propostas, digo que os trotskistas estão à minha esquerda, o que não significa que eu seja de direita. Somos de esquerda pelos objetivos, mas nos diferenciamos pela visão estratégica.
Ser de direita é olhar as desigualdades como naturais, o socialismo como utopia inalcançável, a pobreza como fruto do fracasso individual. No campo moral, os direitistas valorizam a tradicionalidade dos valores, como a família estável heterossexual.  Mas ainda sim, há posicionamentos de esquerda que podem ser tomados por direitistas, e de direita tomados por esquerdistas.
No episódio do referendo do “Estatuto do desarmamento” o PSTU se uniu a UDR e as associações de fazendeiros contra o desarmamento da população civil. Entidades como o MST, caminharam do outro lado, junto a alguns partidos e políticos com posições conservadoras, que entenderam que para o bem da democracia, o monopólio da violência deve estar restrita ao Estado.
Ocupar o campo da direita e da esquerda está subordinado ao tema em questão. Entretanto, é óbvio que pelo núcleo ideológico de determinada organização, é possível estabelecermos em que campo ela está.
Nos dias atuais, sabemos que ser de esquerda é combater formas e estruturas de desigualdade social e de direitos. Ser de direita é apoiar a desigualdade como natural ao funcionamento da organização humana. Fora isso, é possível relativizar posicionamentos. Mas é fato que esquerda e direita continuam existindo, dividindo quem quer romper com o capital, e quem vê nele uma força definitiva da organização social.


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