A
origem dos termos “direita” e “esquerda”, utilizados pela ciência política,
remonta o período da Revolução Francesa, quando os defensores de mudanças
radicais na sociedade francesa sentavam à esquerda da Assembleia, enquanto os
mais conservadores à direita.
Diante
de uma realidade muito mais complexa como a dos dias atuais, definir esquerda e
direita como lugares estáticos é algo impossível. É melhor que estes conceitos
sejam utilizados de acordo com posicionamentos, que por sua vez, variam de acordo
com o tema em discussão.
Ser de
esquerda é acima de tudo ser anticapitalista, combater as desigualdades
sociais, lutar por uma nova ordem social, onde seja possível diminuir as
disparidades que separam socialmente os indivíduos. Contudo, o caminho para
superar o capitalismo e a divisão de classes divide posições. Há quem ainda
hoje, como os trotskistas, defenda uma tomada violenta do poder, em total ruptura
com o atual ordenamento jurídico-institucional. Há quem, como eu, que lute por
uma nova sociedade, socialista e democrática, mas em respeito às conquistas
democráticas do mundo moderno, consolidadas em instituições que fazem funcionar
nossa atual democracia. Pela intensidade de suas propostas, digo que os
trotskistas estão à minha esquerda, o que não significa que eu seja de direita.
Somos de esquerda pelos objetivos, mas nos diferenciamos pela visão
estratégica.
Ser de
direita é olhar as desigualdades como naturais, o socialismo como utopia inalcançável,
a pobreza como fruto do fracasso individual. No campo moral, os direitistas
valorizam a tradicionalidade dos valores, como a família estável heterossexual.
Mas ainda sim, há posicionamentos de
esquerda que podem ser tomados por direitistas, e de direita tomados por
esquerdistas.
No
episódio do referendo do “Estatuto do desarmamento” o PSTU se uniu a UDR e as
associações de fazendeiros contra o desarmamento da população civil. Entidades
como o MST, caminharam do outro lado, junto a alguns partidos e políticos com
posições conservadoras, que entenderam que para o bem da democracia, o
monopólio da violência deve estar restrita ao Estado.
Ocupar
o campo da direita e da esquerda está subordinado ao tema em questão. Entretanto,
é óbvio que pelo núcleo ideológico de determinada organização, é possível estabelecermos
em que campo ela está.
Nos
dias atuais, sabemos que ser de esquerda é combater formas e estruturas de
desigualdade social e de direitos. Ser de direita é apoiar a desigualdade como
natural ao funcionamento da organização humana. Fora isso, é possível
relativizar posicionamentos. Mas é fato que esquerda e direita continuam
existindo, dividindo quem quer romper com o capital, e quem vê nele uma força
definitiva da organização social.
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