A
proposta de se pensar uma nova forma de reformismo, que dê conta de transformações
sociais mais profundas em profundo respeito ao ordenamento democrático, tem no
PPS (Partido Popular Socialista) seu principal representante partidário no Brasil.
Foi
dele a iniciativa de trazer para nosso país a obra de Giuseppe Vacca,
intitulada “Por um novo Reformismo”. O autor, estudioso de Gramsci, propõe um
caminho socialista que passe pelos espaços do Estado democrático de direito. Ou
seja, um socialismo que conserve os valores democráticos em sua lógica de
funcionamento.
O PPS
nasceu em 1992 como herdeiro do PCB, contudo, se modificando internamente,
afastando-se da tradição do “Socialismo real”, e propondo uma nova forma de socialismo,
que garanta as liberdades civis e políticas. O caminho para a
construção desta nova ordem social, segundo o partido, não deveria mais ser o
assalto ao poder, mas sim uma luta prolongada alinhada às regras do jogo
institucional democrático.
A
estratégia socialista do PPS está assim, em total acordo com as propostas
revolucionárias de muitos teóricos do marxismo democrático, como Max Adler e
Antônio Gramsci.
A
prática eleitoral do partido, entretanto, traz grandes questionamentos quanto a
sua localização ideológica. Nas últimas eleições, o partido tem se rodeado de
aliados conservadores, principalmente PSDB e DEM, os principais partidos da
direita brasileira. Seu presidente Roberto Freire, respeitado parlamentar
brasileiro, tem sido o principal defensor desta política de alianças, que
afasta o partido dos movimentos sociais.
O PPS
hoje atrai parte significativa da esquerda acadêmica, que o coloca em um
patamar privilegiado no campo da produção cultural. A fundação Astrojildo
Pereira, ligada ao partido, conta em seu conselho com gente de peso da vida
intelectual, como o poeta ferreira Gullar, o cientista político Luiz Werneck
Vianna e o ensaísta Luiz Sérgio Henriques, este último, importante tradutor da
obra de Gramsci no Brasil. Em seu quadro nacional, o partido conta ainda com economistas do tamanho de Luiz
Gonzaga Beluzzo.
No ano de 2012, o partido parece sinalizar
para um deslocamento eleitoral mais ao centro, podendo lançar candidatura
presidencial própria em 2014, ou talvez, buscar caminhos como o de apoiar
Marina Silva. Se descolando do PSDB, o partido pode ansiar caminhos políticos mais
progressistas, disputar a base social de esquerda dos organismos da sociedade
civil, e também, se firmar como alternativa, tanto à direita tradicional como
ao Petismo conservador.
As
próximas decisões do partido podem fazê-lo se aproximar de um reformismo forte,
reafirmando assim seu compromisso com a luta pelo socialismo democrático, como
pode fazê-lo se esgotar de vez como alternativa real na luta por uma nova ordem
social, democrática e justa.
Hoje o
PPS encontra um terreno fértil para repousar seu “novo reformismo” resta sua
direção andar coerente com sua correta posição no campo teórico.
Revolucionárias? Mas não era reformismo? Ai ai... Haja paciência com reformistas... Agora querem roubar para si a alcunha de revolucionários. Realmente, o mundo está acabando!
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