Por Adelson Vidal Alves
No próximo dia 9 de Novembro, militantes sociais, sindicalistas e participantes de partidos de esquerda irão se reunir em nome da memória dos três operários mortos pelo governo Sarney em 1988, quando estes reivindicavam em greve melhorias de salário e condições de trabalho.
Os eventos que buscam lembrar a data, provavelmente serão matéria de capa de alguns jornais e motivo de comentários nas redes sociais. Nada mais que isso. O esforço para se manter de pé os valores de uma classe operária valente e combativa, está cada vez mais enfraquecido. As próximas gerações, a se medir pelo que vem acontecendo hoje, terão lembranças mínimas de um marco histórico do conflito de classes no país.
O poder público peca em não manter uma política cultural que resgate as tradições de luta desse povo, esse que praticamente contruiu nossa cidade. Falta um Centro Cultural dirigido pelo governo em parceria com os movimentos sociais e a intelectualidade, que dê conta de armazenar documentos históricos da greve. Hoje grande parte desse acervo está em poder da UNICAMP, e os pesquisadores de nossa cidade tem dificuldade no acesso. Falta também um trabalho mais forte nas escolas. E não me digam que estaríamos fazendo a cabeça de nossos alunos para formar militantes. A história escondida é que forma cidadãos divorciados da tradição de seu povo, o que na prática os fazem alienados da vida histórica de sua cidade.
Os bancos da praça Juarez Antunes, de costas para o monumento, refletem um pouco os rumos da consciência coletiva pelo qual caminha Volta Redonda. Ou seja, o de virar as costas para sua própria história.
Já os trabalhadores se renderam completamente ao economicismo. Rejeitam a luta de seus antecessores, e se encolhem frente a necessária organização para suas lutas. Só cobram o sindicato em tempos de data base e PLR, afinal, a meta agora é trocar de carro e estender o final de semana para Saquarema.
A privatização e a reestruturação produtiva enfraqueceu o sindicato, é verdade, que por sua vez, também não consegue retornar aos trabalhos de base, não se articula com as organizações populares e age dentro de uma política sindical conciliadora. Mantém-se verticalizado e sem discurso para trazer os operários para dentro de sua organização, salvo quando há bingos e sorteios de automoveis no 1 de Maio.
A fragilidade dessa memória reflete na própria apatia de nossa sociedade civil. Os pouquíssimos movimentos sociais que ainda sobrevivem penam a falta de apoio popular, e quase não interferem nos rumos da política. Por aqui a luta de classes se esvaziou.
Nesses 23 anos do 9 de Novembro, é dever de todos nós, como cidadãos, repensar uma nova forma de resguadar a tradição de luta que caracteriza a vida de nosso movimento operário. Nesta empreitada devem caminhar juntos os partidosde esquerda, movimentos socias, o Sindicato dos Metalúrgicos e os setores progressistas do poder público. É dificil, mas não é impossível.
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