sábado, 3 de novembro de 2012

Por um novo Partido Político, Reformista e Socialista

Adelson Vidal Alves





A chegada do PT ao poder, e sua consequente capitulação pelo statuos quo, desagregou uma importante ferramenta política de luta dos trabalhadores. O reformismo fraco, para usar um termo utilizado por André Singer, empregado pelo Partido dos Trabalhadores no governo, emperrou mudanças estruturais no país, com o agravante de anestesiar os atores sociais mais ativos da nossa sociedade. Movimentos sociais importantes como a CUT, a UNE e até mesmo parte do MST, se tornaram simples executores das diretrizes políticas do Palácio do Planalto.

Por sua vez, militantes honestos do PT, deixaram a legenda e se apressaram em criar novas legendas que fossem capazes de manter viva o programa original do Partido. A questão é que os tempos mudaram, a correlação de forças mudou, o movimento da luta de classes ganhou novos contornos, e os desafios de um partido político de esquerda são hoje muito mais complexos.

PSOL, PSTU e PCO, são dissidências petistas que trabalham duro para se manterem vivos como alternativas à esquerda do Partido dos trabalhadores. Os dois últimos com atuação quase que exclusiva no campo sindical e estudantil, ainda sim com pouca influência. Já o PSOL desenvolveu suas potencialidades parlamentares, ampliando a cada eleição sua atuação no legislativo. Este ano, conseguiu ainda vitória importante para o Executivo de uma capital: Macapá.

Ainda que importantes na luta dos trabalhadores, tais legendas pecam por suas constantes crises de sectarismo. Ao ocuparem o campo da oposição de esquerda ao PT, não são raras as vezes que o moralismo e o voluntarismo fazem com que espaços importantes na luta hegemônica sejam desperdiçados em nome de uma intransigência regada a mágoa e PTfobia. 

Diante de uma realidade onde o Lulismo absolve por completo as classes subalternas em seu projeto de poder,  que as classes médias evitam radicalismos e desembocam, ora em um PT moderado, ora no PSDB, se faz urgente a construção de um novo partido político, socialista, democrático, reformista e com habilidades para discutir um novo campo político de oposição, em diálogo com setores de centro do espectro político

Um partido que dialogue amplamente com o conjunto da sociedade, que mantenha uma política de alianças dinâmica, que vele pelo valor universal da democracia, e que lute pela construção de um socialismo democrático pelas vias do Estado de direito. Um partido fundado no consenso, no amplo debate de idéias, na estratégia gradualista de ocupação de espaços e uma correta articulação entre luta institucional e social.

Esse novo partido, com base social heterogênea e com critérios programáticos bem definidos, pode ser a médio e longo prazo uma alternativa ao lulismo social-liberal, a direita neoliberal e ao esquerdismo. 

A construção desse processo é exigência histórica do atual momento político do país, mergulhado na pequena política de caráter "americanista", no qual dois partidos disputam o centro do poder, sem se diferenciar essencialmente em suas formas de governar. Um novo partido com caráter de centro-esquerda, seria capaz de capturar para seu projeto parte importante da intelectualidade, da nova classe média, dos movimentos culturais, dos trabalhadores do setor de serviços e do funcionalismo público, assim como dos trabalhadores fabris. 

Um partido reformista, com projetos transformadores e estratégias flexíveis, seria com certeza uma alternativa interessante a anemia do atual debate nacional, que parece consolidar um preocupante quadro estático da disputa pelo poder.

2 comentários:

  1. Identifiquei estas características deste seu novo partido no próprio PSOL: "socialista, democrático, reformista e com habilidades para discutir um novo campo político de oposição, em diálogo com setores de centro do espectro político". Se não de agora, de logo mais. Entretanto, pergunto a você Adelson, que tem um blog muito bom: realmente temos de pensar sempre pela lógica do partido? Podemos pensar também em uma participação da sociedade civil de forma mais ativa no processo político. Acho que falta mais mobilização da sociedade. O que acha?

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    1. Estamos de acordo professor. O que me faz colocar a questão do partido é que os movimentos sociais são muito importantes, mas lutam por questões particulares, enquanto o partido universaliza as demandas de todos os setores sociais. Mas certamente, a participação popular em outras esferas sociais é fundamental.

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