Por Adelson Vidal Alves
Dirigente do saudoso PCI, Enrique Berlinguer levantou a bandeira da democracia como valor universal.
Durante as comemorações dos 60
anos da revolução russa, no ano de 1977, o então Secretário Geral do PCI
(Partido Comunista Italiano) Enrico Berlinguer proferiu um discurso defendendo
o valor universal da democracia. Analisando a situação soviética ele afirmou na
ocasião: “A experiência realizada nos
levou à conclusão — assim como aconteceu com outros partidos comunistas da
Europa capitalista — de que a democracia é hoje não apenas o terreno no qual o
adversário de classe é forçado a retroceder, mas é também o valor historicamente
universal sobre o qual se deve fundar uma original sociedade socialista”.
O debate quanto ao papel da
democracia na luta pelo socialismo chegou ao Brasil no ano de 1979, através de
um artigo assinado por Carlos Nelson Coutinho, com o título “A democracia como valor universal”. O
texto causou grande polêmica, e foi duramente combatido, tanto pela ditadura
quanto pelos chamados “marxistas-leninistas”, que viam na democracia
representativa um valor “burguês”, espécie de disfarce para a ditadura do
capital.
Vem de Lênin as adjetivações da
democracia como “burguesa” e “proletária”. A primeira seria representada pelas
eleições parlamentares representativas, e a segunda, expressão da participação
direta do povo nas instancias do poder. Obviamente que o teórico russo
desconsiderava o valor universal da democracia, talvez pelo fato de que na
sociedade em que vivia os espaços institucionais de atuação das classes
subalternas eram mínimos. Mesmo assim, Lênin equivocadamente ignora que os
organismos representativos como o parlamento, que ele considerava burguês, foram
frutos das lutas populares. Os primeiros governos liberais lutaram ferozmente
contra a abertura destes espaços. O sufrágio universal, por exemplo, só foi
obtido na Inglaterra em 1918, e na França o caminho foi semelhante. Os governos
burgueses, assim, não queriam ampliação da participação popular via parlamento.
A ideia de democracia, ou seja,
a ideia de uma socialização do poder combinado com a ampliação da cidadania,
não combina com os interesses burgueses. É notório que a burguesia lutou e luta
contra o fortalecimento da democracia, porque na medida em que ela cresce, seu
poder diminui.
Em uma sociedade como a nossa
onde os parlamentos são eleitos por sufrágio universal, a imprensa é livre, os
sindicatos são economicamente fortes e os partidos políticos plurais, falar em
democracia burguesa é empobrecer a realidade e subestimar o poder transformador
das instituições modernas.
Vivemos sim sob hegemonia
política da burguesia, o que obviamente impede que consigamos de imediato a plena realização democrática. Aliás, a plenitude democrática só pode se concretizar quando
a cidadania for universal e as desigualdades extirpadas. Ou seja, somente em
uma sociedade socialista.
Contudo, as conquistas
populares de participação na gestão do poder não devem ser vistas como simples
manipulação burguesa, mas sim como espaços obtidos pela luta direta das classes
subalternas, desta forma, sendo desprovidas de valor burguês.
SOU UM NOVATO EM CONHECIMENTO POLÍTICO E JÁ DESCOBRI Q ESSA DEMOCRACIA EXISTENTE AQUI NO BRASIL E NO PLANETA É FAJUTA, É CAPITALISTA, É SUJA E FALSA! ELA REPRESENTA APENAS A PRÓPRIA CLASSE POLÍTICA E O CAPITAL INTERNACIONAL, Q MANDA E DESMANDA NOS QUATRO CANTOS DA TERRA. LEIAM O LIVRO "DEMOCRACIA PURA", DE J. VASCONCELOS E TENHAM UMA IDEIA MAIS CLARA SOBRE A VERDADEIRA DEMOCRACIA. NA BANCA FIALHO - VOLTA REDONDA. ABRAÇOS...
ResponderExcluirgostei de suas observacoes, o ideal democratico nao obrigatoriamente associado ao ideal burgues. Aatual sociedade esta no caminho de uma social democracia, vale a leitura de Ellen Wood. Forte abraco. Renato Lago
ResponderExcluirO eurocomunismo de Berlinguer não deu em nada. O PC italiano terminou apoiando a guerra do Golfo, dentre outras.
ResponderExcluirLênin foi muito duro com quem diz coisas como a que vc diz, que a democracia deve ser desvinculada de classe, isso é Kautsky. Quem diz q isso é Marx não é marxista, segundo ele, é um canalha e transforma Marx em vulgar liberal.
Bem escrito, divertido e didátio. Obrigado
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