sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Mídia e mensalão

Por Adelson Vidal Alves

Não há dúvidas que o mensalão existiu. As evidências colhidas pela PGR e o MPF, analisadas minuciosamente pelos magistrados da Suprema Corte, confirmam a existência de um esquema de compra de votos parlamentares em meados do primeiro Governo Lula. Os trâmites para julgarem os envolvidos seguiram os parâmetros do ordenamento democrático. Houve amplo direito de defesa, vindo a ser julgado por 11 Ministros que compõem uma das mais importantes instituições do regime democrático. Estão todos com competência jurídica comprovada, escolhidos em boa parte pelo próprio presidente Lula.

Contudo, a forma como todo o processo do julgamento chega aos ouvidos do povo, tem visível caráter político. Não é de hoje que a grande mídia brasileira tem lado, partidário e de classe. As poucas famílias que dirigem o oligopólio da formação da opinião pública, nunca esconderam suas preferências eleitorais demo-tucanas. No período em que FHC governou o país, serviu muito melhor como advogada do ex-presidente, do que como órgão informativo. Com Lula e o PT, que por suas origens nunca caíram nas graças dessa imprensa, o patrulhamento é rigoroso, e as manipulações perversas.

Se é verdade que o PT abraçou o vale-tudo governamental degenerando-se eticamente, é também verdadeiro que PSDB e DEM tem contra eles indícios de corrupção ainda mais graves que ao Partido dos Trabalhadores, que vão da lista de Furnas até as privatizações criminosas. A mídia, porém, se silencia, e pior, usou recentemente de seus principais editoriais para desqualificar o convite feito pela Câmara dos Deputados a FHC para que se explique  sobre a conhecida lista de Furnas.

Como nessa história não há mocinhos e bandidos, o PT também aciona seus órgãos de mídia para defenderem o governo. Blogs, Jornais e revistas, também usam seu editorial para blindarem a administração petista. Inventaram uma fábula ridícula de que tudo não passava de criação da mídia golpista, interessada em derrubar o governo. Exageram ao tentar demonizar o adversário como forma de acuá-lo. No poder parece ser difícil fazer autocrítica, e chegar à óbvia conclusão de que alguma coisa tá errada nos bastidores do governo, e do partido que o dirige. Simplesmente estão contentes com o lugar que ocupam. A utopia originária morreu.

A grande e triste verdade é que apesar das inclinações parciais e militantes da mídia, a polarização central do poder político se dá por quem não tem nenhum respeito pela República, e muito menos interesse em mudar as coisas. É a hegemonia da pequena política imperando no Brasil. Os sinais de mudanças, no entanto, são cada vez mais raros.

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