Não há dúvidas que o mensalão
existiu. As evidências colhidas pela PGR e o MPF, analisadas minuciosamente
pelos magistrados da Suprema Corte, confirmam a existência de um esquema de
compra de votos parlamentares em meados do primeiro Governo Lula. Os trâmites
para julgarem os envolvidos seguiram os parâmetros do ordenamento democrático.
Houve amplo direito de defesa, vindo a ser julgado por 11 Ministros que compõem
uma das mais importantes instituições do regime democrático. Estão todos com
competência jurídica comprovada, escolhidos em boa parte pelo próprio
presidente Lula.
Contudo, a forma como todo o
processo do julgamento chega aos ouvidos do povo, tem visível caráter político.
Não é de hoje que a grande mídia brasileira tem lado, partidário e de classe.
As poucas famílias que dirigem o oligopólio da formação da opinião pública,
nunca esconderam suas preferências eleitorais demo-tucanas. No período em que
FHC governou o país, serviu muito melhor como advogada do ex-presidente, do que
como órgão informativo. Com Lula e o PT, que por suas origens nunca caíram nas
graças dessa imprensa, o patrulhamento é rigoroso, e as manipulações perversas.
Se é verdade que o PT abraçou o
vale-tudo governamental degenerando-se eticamente, é também verdadeiro que PSDB
e DEM tem contra eles indícios de corrupção ainda mais graves que ao Partido
dos Trabalhadores, que vão da lista de Furnas até as privatizações criminosas.
A mídia, porém, se silencia, e pior, usou recentemente de seus principais
editoriais para desqualificar o convite feito pela Câmara dos Deputados a FHC
para que se explique sobre a conhecida lista
de Furnas.
Como nessa história não há
mocinhos e bandidos, o PT também aciona seus órgãos de mídia para defenderem o
governo. Blogs, Jornais e revistas, também usam seu editorial para blindarem a
administração petista. Inventaram uma fábula ridícula de que tudo não passava de
criação da mídia golpista, interessada em derrubar o governo. Exageram ao
tentar demonizar o adversário como forma de acuá-lo. No poder parece ser difícil
fazer autocrítica, e chegar à óbvia conclusão de que alguma coisa tá errada nos
bastidores do governo, e do partido que o dirige. Simplesmente estão contentes
com o lugar que ocupam. A utopia originária morreu.
A grande e triste verdade é que
apesar das inclinações parciais e militantes da mídia, a polarização central do
poder político se dá por quem não tem nenhum respeito pela República, e muito
menos interesse em mudar as coisas. É a hegemonia da pequena política imperando
no Brasil. Os sinais de mudanças, no entanto, são cada vez mais raros.
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