sexta-feira, 1 de junho de 2012

Pluralidade ou Separatismo Cultural?

Por Adelson Vidaal Alves

             
            Meu amigo Pablo Duca é um dos maiores entendedores e ativistas de cultura que conheço. Em conversa com ele na manhã desta sexta-feira, 1 de Junho, abordamos em comum uma temática que junto nos preocupa: O Separatismo Cultural. Eu vos explico.
            A cultura, numa conceituação simples, pode ser definida como as coisas que o homem faz, elevando o plano concreto para uma linguagem simbólica. Neste aspecto, cultura pode ser entendida como comer com talher, um homem abrir a porta do carro para a mulher, assim como a música, a arte, a religião etc.
            A diversidade humana em suas dimensões geográficas, econômicas e sociais cria inevitavelmente grupos diferenciados, identificados com um perfil cultural determinado. Sendo assim, não é possível imaginarmos uma nação inteira usando do mesmo sotaque, dançando da mesma forma ou fazendo as mesmas coisas. Os seres humanos são diferentes, e a cultura é delimitada por tais diferenças.
            Contudo, tal pluralidade vem ganhando significativos contornos corporativistas, o que preocupa. A cultura não deve ser vista isoladamente da vida social hegemônica dos seres humanos. O debate cultural de idéias vai consolidar ou desarticular uma determinada forma de vida. Ainda que as diferenças se manifestem, certa visão de mundo sempre prevalecerá, e garantirá o vigor de um dado sistema econômico. Por isso, é ilusão imaginarmos uma sociedade fatiada radicalmente em vivências culturais, o que prejudicaria extremamente um pensamento totalizado da vida.
            Bem, o tal “Separatismo Cultural” defendido por meu amigo Pablo, é tão somente a criação destes guetos culturais. Gente que olha para seu redor cultural e só se permite viver dentro dele, e pior, na maioria das vezes se colocando em posição superior.
            O respeito às diversidades não precisa criar “gangs culturais”, que duelem inconscientemente no dia-dia por supremacia. É preciso ampliar o horizonte, rompendo as barreiras de seu círculo e pensar no todo social, sem pelo qual cairemos num corporativismo vazio.
            A cultura é ponto de sustentação de valores universais, que estão de acordo com a natureza comum do ser humano. Tais valores serão absorvidos na medida em que se tornam idéias hegemônicas, vindo assim a serem despejadas no conjunto completo da sociedade, firmando um sistema universal de reprodução da vida.
            O Separatismo Cultural dispensa a totalidade, e de forma ilusória inventa pequenos mundos recortados por formas culturais comuns. Esta separação, além de ser mera invenção de nós mesmos, é chave para impedir a construção de um outro ordenamento social, onde o todo seja respeitado, levando assim ao bem comum.

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