segunda-feira, 25 de junho de 2012

Jonas Marins pode aderir ao vale tudo eleitoral

Por Adelson Vidal Alves


Sou (ou era) um entusiasta da candidatura de Jonas Marins a prefeitura de Barra Mansa. As primeiras pesquisas indicam Marins como favorito ao executivo municipal, o que coloca, de forma inédita, a possibilidade de um candidato do campo popular romper com um longo processo de revezamento das oligarquias no poder barramansense. Não se trata apenas de uma vitória progressista no plano concreto, que abriria possibilidades de uma governança direcionada aos desfavorecidos sociais da cidade. Mas principalmente uma virada no imaginário popular, uma vitória no campo simbólico, que poderia em longo prazo fortalecer os setores progressistas em toda região fluminense.
Entretanto as declarações de Jonas Marins na edição do Jornal Foco Regional desta segunda feira, dia 25 de Junho, podem colocar o candidato comunista no rol daqueles que desconsideram programas e se atentam exclusivamente a miserável busca do poder pelo poder.
Segundo o semanário, Jonas estaria esperando a indicação de um tucano para seu vice, e mais, olhando com bons olhos a adesão do DEM em sua chapa.
Muitos poderão dizer que o advento de tucanos e democratas a candidatura comunista, seria de caráter subalterno, sem interferência substantiva em um futuro governo. A grande questão passa pelo campo simbólico e das ideologias. Jonas Marins estaria acenando para um vale tudo eleitoral, uma corrida de cavalos sem conteúdo programático. Aliás, desconfio que Jonas Marins sequer tenha um plano de governo, senão, onde entraria a contribuição de dois partidos conservadores, sendo um deles filho legítimo da ditadura militar.
O PC do B já há algum tempo abandonou o rigor programático, e Brasil a fora vem se alinhando aos setores mais retrógrados da sociedade em busca de votos e prestígio junto ao poder. Em Resende ficou ao lado do então democrata José Rechuan em 2008, colaborou com ruralistas na aprovação do novo código florestal, e poderá estar ao lado de Maluf na corrida eleitoral em São Paulo.
Jonas Marins nunca se definiu como comunista, pelo menos não com entusiasmo. Mas há quem ainda acreditasse em sua coerência como homem do povo, como alternativa de mudança, como personalidade do campo político popular. Pode ser que ele volte atrás, pode ser que a aliança não vingue. Mas as noticias que ora rondam os bastidores da política barramansense dão conta de que mudanças reais não estão no horizonte destas eleições. Ainda que mude a cara do poder, ele continuará seguindo a nefasta lógica do eleitoralismo.
Jonas Marins pode continuar sendo a esperança de renovação. Basta reorganizar seu plano de governo e consolidar uma coligação que de fato reflita uma transformação no jeito de governar o município de Barra Mansa. Se assim o fazer, pode entrar para a história como aquele que derrubou o Golias oligárquico de uma cidade, e que inaugurou um novo ciclo democrático na cidade. Ainda dá tempo.

3 comentários:

  1. Adelson, chega a ser cômico essa esperança, remanescente do marxismo, a crença que aind se impõe de que a eleição do candidato que se aloja à esquerda, com discurso "comuna" etc, favoreça o progressismo para além do simbólico. É preciso no entanto continuar acreditando, confesso, quando não se tem outro indício em suas considerações íntimas para mudanças no tecido social que não se ajuste ao reformismo, eleitoreiro ou não. Eu tendo ao reformismo por não acreditar na revolução e nem na absolvição do homem enquanto lobo do homem. A crença de que este simbolismo possa causar positivamente não soa mais que uma doce esperança; isso não tem réplica pondo em revista a história do comunismo e todo mal que, juntamente com o capitalismo, causou no plano da esfera pública como um todo.

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    1. Prezado Eleandro, vc fez uma confusão danada no seu comentário. Primeiro por opor reformismo e revolução, esta dicotomia não existe necessariamente. Eu mesmo, permanecendo marxista, rejeito qualquer possibilidade de revolução por vias insurrecioniais, de modo que, assim como vc, me considero reformista. Um reformismo forte que choque com a ordem capitalista altera a correlação de forças e tende a romper institucionalmente a hegemonia do capital. Como nos ensinava Florestam Fernandes, uma revolução se caracteriza pela intensidade das transformações estruturais de dada sociedade, e não a violência que se é empregada. Segundo, eu mantenho as esperanças, não tenho o pessimismo de Pascal pelo qual o ser humano é um ser irreparável caido pelo pecado original. A meu ver, o ser humano está em construção e reflete dialeticamente as estruturas de reprodução material de sua vida (antropologia marxista). E por fim, este infeliz alinhamento que vc faz entre o "comunismo" como utopia revolucionária marxista e o que vc sugere ter acontecido na União Soviética. Se ler os textos dos fundadores do marxismo, vc verá que não há nada em Matx ou Engels que respalde o totalitarismo do "socialismo realmente existente" no leste europeu. Quanto ao campo simbólico, eu ainda o guardo como gramsciano que sou.

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    2. Não se trata de confusão, Adelson; embora entenda como você se posiciona, a coisa comumente é encarada como reformismo X revolução. O primeiro transita no âmbito de regimes democrático-representativos, ao passo que as transformações estruturais, dadas de um só golpe, como a falaciosa mudança na Rússia czarista, em que a mudança ocorreu nas culminâncias do poder (Lênin, Trotski, Stalin) em detrimento dos trabalhadores e boa parte do conjunto da população, que continuaram escorchados, são postulações ditas revolucionárias. A inserção do Florestan, ou da revolução passiva, não descaracteriza o que venha a ser um real plano de reformas que existe como contraproposta, geralmente encaradas como cartadas conservadoras e liberalizantes. Não penso que todos os marxistas concordem com você nesta matéria: é racional crer que, num plano geral, partindo de propostas marxianas, a reforma represente o estiolamento do esforço revolucionário. Quanto aos fundadores, e ao que significou a URSS, não podemos negar (estou pensando aqui em Lênin...), impõe-se o rizomático, mas não uma total ruptura.

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