segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Traição anunciada

Por Adelson Vidal Alves

A filiação mais do que esperada do Sindicato dos Metalúrgicos da região à Força Sindical só confirma a trajetória decadente de seu mandatário maior, Renato Soares, outrora liderança combativa e hoje serviçal do “sindicalismo de negócios”.
A Força Sindical surgiu no inicio da década de 1990, com intuito único de fazer frente ao sindicalismo classista da CUT, tendo em suas entranhas o espírito neoliberal, de eliminação da luta de classes e de defesa de políticas privatizantes em todo o país. Em Volta Redonda a Central Sindical patrocinou excursões de trabalhadores a estatais privatizadas, na intenção de mostrar os trabalhadores a “lucratividade” das empresas privadas e a “falência” do serviço público. O Resultado foi trágico. A CSN que era centro econômico de nossa cidade demitiu imediatamente mais de 15 mil funcionários, terceirizou serviços, reduziu salários e eliminou tantos outros benefícios dos trabalhadores. Nossa cidade desde então sofre com a ditadura perversa do poder econômico, constituído com apoio explícito da central sindical que hoje Renato se filia.
O que está por trás de tamanha metamorfose de Renato? Em primeiro lugar o deslumbramento do poder que o retirou das bases operárias para o conforto dos gabinetes, e assim, uma mutação que lhe conferiu caráter de negociação ao invés de enfrentamento aos desmandos do capital. Renato chegou ao absurdo de retirar aumento real dos trabalhadores da pauta de negociação, preocupado que estava com a competitividade das empresas. Já ai ele expunha de forma clara sua conversão a negociata do sindicalismo de resultado, tristemente hegemônico no Brasil.
Em segundo lugar, sua ambição bizarra de virar prefeito. Completamente cego pelo poder, não consegue enxergar seu declínio como liderança, já que em todas as vezes que se meteu em eleição saiu desmoralizado, não conseguindo eleger nenhum de seus apoiados. Mas desta vez acredita que pode ir mais longe com os acordos espúrios que anda fazendo, chegando ao ponto de posar para foto ao lado de nada mais nada menos que Paulinho da Força Sindical, figura que dispensa apresentações, conhecido que é pelo envolvimento em várias denúncias de corrupção.
A filiação do SINDMETAL é um retrocesso no movimento sindical de nossa região, e a culpa não é apenas de Soares. O PC do B teve a chance de desmascarar os planos originais de Renato, mas por puro oportunismo absorveu os mesmos projetos, temeu a perda de um sindicato com altíssima arrecadação financeira e a perda de uma suposta referência política. Para isso, como nos tempos stalinistas, teve que calar militantes da base que há tempos denunciavam a traição de Renato. Hoje o partido colhe a rejeição ingrata de quem usou e descartou.
Concretizada a traição anunciada, agora é a vez dos trabalhadores se reorganizarem, montarem uma forte oposição aos planos da atual direção que por apoio político não hesitarão em colocar conquistas trabalhistas na mesa de negociação.

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