sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A direita está definhando?

Por Adelson Vidal Alves



           Há quem diga que desde a consolidação do PT no governo central brasileiro a direita passa por um processo gradual de decadência. Para isso se utilizam de números que demonstram o encolhimento eleitoral do DEM e as sucessivas derrotas presidenciais do PSDB, além da ausência de um discurso oposicionista que de alguma forma seduza as massas.
           Se reduzirmos a direita ao bloco partidário de oposição (PSDB, DEM e PPS) de fato é possível notar traços de esgotamento, mas tal definição seria no minimo reducionista, haja vista que a prática política assim como a cultura hegemonica ainda respira ares conservadores.
            Personalidades tradicionais da direita se dissolveram em vários partidos que compoe inclusive a base governista (PV, PP, PTB, PMDB, PSC e outros) o que de certo modo dá forma a governança conservadora da administração petista. Em traços gerais o governo Dilma reproduz a aliança com o grande capital e ignora reformas mais profundas que combateria as estruturas sociais injustas da realidade brasileira.
           A direita também se faz presente nos organismos da sociedade civil. Nas igrejas, sindicatos, imprensa e nas ONGs se percebe uma maioria ideológica que dá sustentação a base de consentimento da ordem estabelecida.
          Nem de longe podemos imaginar um definhamento da direita, antes devemos entender os arranjos estratégicos que nossas elites trabalham na pretenção de se manter dirigente no processo de dominação.
          O governo Dilma trabalha no sentido de administrar o país em aliança com os setores dominantes ao mesmo tempo que sinaliza para as camadas desorganizadas das classes subalternas. O consenso fabricado pelo governo petista contempla os interesses da nova direita, seja em aliança explícita com ela seja em reprodução maquiada através da comunicação com as massas via os movimentos sociais cooptados e politicas assistencialistas.
          A esquerda não consentida rompeu com o governo mas não encontrou um discurso que penetre as massas. Tem penetração na intelectualidade e nas classes médias progressistas e em parte dos trabalhadores organizados, mas sem nenhuma sedução dentre os excluidos, que estão na base da pirâmide do bloco social do governo petista.
          A idéia de uma derrota da direita parte dos partidos de esquerda governistas, que de forma simplista polarizam o governo Dilma e a oposição burguesa, sem entender substancialmente a derrota ideológica da esquerda e o "transformismo" operado pelo PT e seus movimentos sociais.
          Para a esquerda resta encontrar um ponto de acúmulo de forças e uma correta interpretação da situação da luta de classes no país. Não se trata de uma tarefa fácil, mas fundamental para apresentarmos um novo projeto politico de esquerda e pós-lulista.

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