Esquerda e direita permanecem
fazendo parte do nosso vocabulário político. Mesmo quem critica a atualidade
dos termos continua tendo que conviver com seu uso no cotidiano político,
sobretudo, nos períodos eleitorais.
Neste pleito não será
diferente. O principal partido do governo federal já ensaia um discurso para
situar todo o arco oposicionista na direita, ou tendo algum tipo de ligação com
ela. Mesmo os partidos nanicos de extrema-esquerda estariam atuando como
sustentadores desta direita. No discurso cabe ainda a demonização do termo, que
vira sinônimo de todo o mal que assola a vida dos brasileiros. A direita seria
o passado do país, tempos desastrosos,
antes de sua refundação em 2003 pelo partido hegemônico do poder central. Até o
PT chegar ao poder só existiria desgraça, medo, desesperança, tudo graças a
governança demoníaca da direita e seus aliados.
Nada disso se sustenta diante
de uma análise mais séria e rigorosa. O Brasil que antecedeu o PT passou por
momentos difíceis, superados pela ação conjunta de variados atores sociais,
capazes de trazer o Brasil de volta para à democracia, estabilizar as
instituições, frear a inflação, ganhar credibilidade internacional e dar
solidez a sua república. Não se trata de obra messiânica de um ou outro
partido, muito menos feito fantástico de um presidente. Tudo seguiu a dinâmica
complexa de uma sociedade ocidentalizada e em permanente disputa.
A direita-monstro que o PT
pinta não se faz representar nesta eleição presidencial. Nem mesmo a direita
democrática, que numa democracia deve ter vez e voz, pode se sentir presente na
disputa pelo Planalto. Nem Dilma, nem Aécio e nem Eduardo Campos são de
direita. PT, PSDB e PSB ocupam hoje um lugar moderado, comparando-se a suas
origens, quando o primeiro oscilou entre sectarismos e economicismos, o segundo
acenou para uma social- democracia à brasileira e o último se apresentou como
rosto democrático do socialismo.
Amadurecidos, souberam encerrar
dogmas e aprenderam a dialogar com outras correntes democráticas, como o liberalismo.
Sucumbiram, é verdade, a certo pragmatismo, que desvirtuou programas originais e colocou em cheque identidades
ideológicas. O PT se afastou do socialismo, o PSDB da Social-democracia e o PSB
guarda suas utopias em seu manifesto de fundação, que é ameaçado pela campanha
de Campos.
O fato é que a direita, pura e
simples, carece de uma organização partidária forte no Brasil. Motivo pelo qual
muitos direitistas convictos tentam, sem sucesso, trazer de volta para arena
eleitoral as teses clássicas da direita.
Há muito que se debater nas
eleições deste ano. A dicotomia esquerda/direita, no entanto, não parece ser
fator decisivo nas discussões. A direita não terá seu nome fixo nas urnas, mas
lutará para fazer valer suas posições, e de forma, até certo ponto positiva,
todas as candidaturas estarão abertas a isso, pois isso faz parte da democracia.
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