quarta-feira, 14 de maio de 2014

Quem é a direita nessa eleição?

Por Adelson Vidal Alves



Esquerda e direita permanecem fazendo parte do nosso vocabulário político. Mesmo quem critica a atualidade dos termos continua tendo que conviver com seu uso no cotidiano político, sobretudo, nos períodos eleitorais.

Neste pleito não será diferente. O principal partido do governo federal já ensaia um discurso para situar todo o arco oposicionista na direita, ou tendo algum tipo de ligação com ela. Mesmo os partidos nanicos de extrema-esquerda estariam atuando como sustentadores desta direita. No discurso cabe ainda a demonização do termo, que vira sinônimo de todo o mal que assola a vida dos brasileiros. A direita seria o passado do país, tempos desastrosos, antes de sua refundação em 2003 pelo partido hegemônico do poder central. Até o PT chegar ao poder só existiria desgraça, medo, desesperança, tudo graças a governança demoníaca da direita e seus aliados.

Nada disso se sustenta diante de uma análise mais séria e rigorosa. O Brasil que antecedeu o PT passou por momentos difíceis, superados pela ação conjunta de variados atores sociais, capazes de trazer o Brasil de volta para à democracia, estabilizar as instituições, frear a inflação, ganhar credibilidade internacional e dar solidez a sua república. Não se trata de obra messiânica de um ou outro partido, muito menos feito fantástico de um presidente. Tudo seguiu a dinâmica complexa de uma sociedade ocidentalizada e em permanente disputa.

A direita-monstro que o PT pinta não se faz representar nesta eleição presidencial. Nem mesmo a direita democrática, que numa democracia deve ter vez e voz, pode se sentir presente na disputa pelo Planalto. Nem Dilma, nem Aécio e nem Eduardo Campos são de direita. PT, PSDB e PSB ocupam hoje um lugar moderado, comparando-se a suas origens, quando o primeiro oscilou entre sectarismos e economicismos, o segundo acenou para uma social- democracia à brasileira e o último se apresentou como rosto democrático do socialismo.

Amadurecidos, souberam encerrar dogmas e aprenderam a dialogar com outras correntes democráticas, como o liberalismo. Sucumbiram, é verdade, a certo pragmatismo, que desvirtuou programas originais e colocou em cheque identidades ideológicas. O PT se afastou do socialismo, o PSDB da Social-democracia e o PSB guarda suas utopias em seu manifesto de fundação, que é ameaçado pela campanha de Campos.

O fato é que a direita, pura e simples, carece de uma organização partidária forte no Brasil. Motivo pelo qual muitos direitistas convictos tentam, sem sucesso, trazer de volta para arena eleitoral as teses clássicas da direita.

Há muito que se debater nas eleições deste ano. A dicotomia esquerda/direita, no entanto, não parece ser fator decisivo nas discussões. A direita não terá seu nome fixo nas urnas, mas lutará para fazer valer suas posições, e de forma, até certo ponto positiva, todas as candidaturas estarão abertas a isso, pois isso faz parte da democracia.

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