Emir Sader nunca ocupou o campo
do que poderíamos chamar de esquerda democrática. Também não havia, até então,
motivos para duvidarmos de seu “sentimento revolucionário”. Mesmo quando
defendia Cuba e os governos autoritários de esquerda, soava-me que, como outros
intelectuais de esquerda da época, estaria tratando a democracia de forma
instrumental, um caminho para a “ditadura do proletariado”, a ser descartada
assim quando o poder proletário triunfasse.
O Emir dos dias de hoje é bem
pior. Desde a vitória de Lula, em 2002, o sociólogo resolveu se divorciar da
produção acadêmica para investir na carreira de ideólogo petista, guru de redes
sociais e fabricante de teses mirabolantes pró-governo.
Sader tem um sonho: ocupar um
cargo no governo federal. Quase conseguiu. Estava prestes a assumir a Casa de
Rui Barbosa, quando em entrevista chamou a então Ministra da Cultura, Ana de
Holanda, de autista. Sequer chegou a ser nomeado.
Em seus artigos de opinião,
postados em seu blog, hospedado no site governista Agência Carta Maior, tenta
difundir um Brasil dividido entre as forças do progresso (o governo) e as
forças do atraso (a oposição, que trata como sendo de direita, sem distinções).
Na internet é um cão bravo governista, cheio de ódio, sedento por sangue
oposicionista. Emir distribui, ainda, calúnias contra adversários do governo,
taxa de racista, burguês e neoliberal todos aqueles que ousam pensar
criticamente o atual momento do país.
A produção acadêmica de Emir
Sader também retrocedeu. Suas últimas obras, “A Vingança da história”, “A
nova toupeira” e a organização dos artigos sobre os 10 anos de governos
petistas (que ele chama de pós-neoliberais) não são mais que teorias
encomendadas, com conteúdo crítico precário e escrita trivial. Nada que esteja
a altura do papel do intelectual numa sociedade democrática.
O mais trágico, porém, aconteceu
recentemente. Quando sem-tetos, organizados pelo MTST, marchavam em direção ao
Itaquerão, denunciando os gastos públicos com a Copa, Emir vibrou ao ver que
torcedores organizados da Gaviões da Fiel enfrentaram os manifestantes. Pelo
twitter bradou: “De novo a Gaviões da Fiel
enxotou os vira-latas” “Agora esses vira-latas já sabem: vai ser assim também dia
12”. Os vira-latas a que se refere Sader eram pessoas pobres, sem um teto
para repousarem, lutando por seus direitos. Emir ficou do lado das empreiteiras
que lucram bilhões com as obras da Copa do mundo, contra os desabrigados de seu
país. Pior, incentivou o ódio e a violência. Para o sociólogo, todos que se posicionem
contra as obras faraônicas da FIFA, pagas pelos tributos brasileiros, são
vira-latas, abutres, urubus ou coisas assim que compõem o vocabulário do
intelectual chapa branca. Devem todos ser enxotados.
Emir Sader não chegou a ser um
pensador indispensável para o Brasil, mas tinha tudo para se qualificar como um
intelectual bem mais respeitado do que o homem medíocre que se tornou. Hoje não
passa de um guru do neo-petismo, ao lado de Marilena Chauí que, com bem menos vexame, vem descendo degraus na
vida intelectual. Os dois supostos maiores cérebros do PT de hoje combinam no
ódio que mantém: o primeiro contra os sem-teto e a segunda contra a classe
média.
Ué Adelson, você faz a mesma coisa em relação ao governo NETO em VR!
ResponderExcluirQuem é você pra falar do Emir Sader?