segunda-feira, 19 de maio de 2014

Emir Sader: o triste fim de um intelectual chapa-branca

Por Adelson Vidal Alves

Emir Sader nunca ocupou o campo do que poderíamos chamar de esquerda democrática. Também não havia, até então, motivos para duvidarmos de seu “sentimento revolucionário”. Mesmo quando defendia Cuba e os governos autoritários de esquerda, soava-me que, como outros intelectuais de esquerda da época, estaria tratando a democracia de forma instrumental, um caminho para a “ditadura do proletariado”, a ser descartada assim quando o poder proletário triunfasse.

O Emir dos dias de hoje é bem pior. Desde a vitória de Lula, em 2002, o sociólogo resolveu se divorciar da produção acadêmica para investir na carreira de ideólogo petista, guru de redes sociais e fabricante de teses mirabolantes pró-governo.

Sader tem um sonho: ocupar um cargo no governo federal. Quase conseguiu. Estava prestes a assumir a Casa de Rui Barbosa, quando em entrevista chamou a então Ministra da Cultura, Ana de Holanda, de autista. Sequer chegou a ser nomeado.

Em seus artigos de opinião, postados em seu blog, hospedado no site governista Agência Carta Maior, tenta difundir um Brasil dividido entre as forças do progresso (o governo) e as forças do atraso (a oposição, que trata como sendo de direita, sem distinções). Na internet é um cão bravo governista, cheio de ódio, sedento por sangue oposicionista. Emir distribui, ainda, calúnias contra adversários do governo, taxa de racista, burguês e neoliberal todos aqueles que ousam pensar criticamente o atual momento do país.

A produção acadêmica de Emir Sader também retrocedeu. Suas últimas obras, “A Vingança da história”, “A nova toupeira” e a organização dos artigos sobre os 10 anos de governos petistas (que ele chama de pós-neoliberais) não são mais que teorias encomendadas, com conteúdo crítico precário e escrita trivial. Nada que esteja a altura do papel do intelectual numa sociedade democrática.

O mais trágico, porém, aconteceu recentemente. Quando sem-tetos, organizados pelo MTST, marchavam em direção ao Itaquerão, denunciando os gastos públicos com a Copa, Emir vibrou ao ver que torcedores organizados da Gaviões da Fiel enfrentaram os manifestantes. Pelo twitter bradou: “De novo a Gaviões da Fiel enxotou os vira-latas” “Agora esses vira-latas já sabem: vai ser assim também dia 12”. Os vira-latas a que se refere Sader eram pessoas pobres, sem um teto para repousarem, lutando por seus direitos. Emir ficou do lado das empreiteiras que lucram bilhões com as obras da Copa do mundo, contra os desabrigados de seu país. Pior, incentivou o ódio e a violência. Para o sociólogo, todos que se posicionem contra as obras faraônicas da FIFA, pagas pelos tributos brasileiros, são vira-latas, abutres, urubus ou coisas assim que compõem o vocabulário do intelectual chapa branca. Devem todos ser enxotados.

Emir Sader não chegou a ser um pensador indispensável para o Brasil, mas tinha tudo para se qualificar como um intelectual bem mais respeitado do que o homem medíocre que se tornou. Hoje não passa de um guru do neo-petismo, ao lado de Marilena Chauí que,  com bem menos vexame, vem descendo degraus na vida intelectual. Os dois supostos maiores cérebros do PT de hoje combinam no ódio que mantém: o primeiro contra os sem-teto e a segunda contra a classe média.

Um comentário:

  1. Ué Adelson, você faz a mesma coisa em relação ao governo NETO em VR!

    Quem é você pra falar do Emir Sader?

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