segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A mensagem do Jesus histórico



Por Adelson Vidal Alves

Está chegando o Natal, festa que celebra o nascimento de Jesus Cristo. Com a data vem os Shoppings lotados, o consumismo desenfreado e a bebedeira. Pouco se lembra do aniversariante, pouco se reflete sobre sua mensagem. Uma mensagem de amor, tolerância e compaixão, que se contradiz com a opulência e a avareza com que muitos comemoram a festa. Os banquetes fartos expõem uma terrível contradição, já que milhões de pessoas em todo planeta tem sua vida abreviada por falta de pão.

O Jesus histórico provavelmente não nasceu em 25 de Dezembro, a escolha do dia se deu por conta das festividades do calendário do Império Romano. Pouco importa. Vale a referência que ela nos dá para refletirmos a proposta do homem que literalmente dividiu a história do Ocidente.

O cristianismo que o Vaticano defende nasceu nos Concílios de Niceia (325), Constantinopla (381), Éfeso (431) e Calcedônia (451). O Cristo aparece envolto numa reflexão teológica de corte hierárquico. Já as Igrejas pentecostais apresentam o “Rei Jesus”, cheio de atributos divinos.

O Jesus histórico nada tem de riqueza material. É pobre, morre como um criminoso e é tratado como subversivo e herético. Em sua mensagem está a opção pelos desgraçados da terra. Apresenta um projeto: o Reino de Deus. Um modelo de sociedade fundada na partilha e na solidariedade.  O Deus que prega é aquele que olha com preferência pelos excluídos, e que direciona suas atenções especiais aos pobres, os primeiros nas bem-aventuranças.

Traz uma pregação forte e cheia de ternura. Condena os ricos e poderosos, porque sabe que do luxo destes nasce a exclusão e a pobreza de outros. Ama, cuida e defende os fracos de sua sociedade. Por isso é perseguido pelo moralismo das castas religiosas. Apresenta uma utopia de organização social que é rejeitada pela maioria das pessoas. Fracassa no convencimento e morre por condenação política. Experimenta o sentimento de ser filho de Deus, Abba (o Paizinho), que não anula seu caminho como ser humano. Na cruz se decepciona, não chama Deus de pai, espera a intervenção divina até que, enfim,  entrega seu espírito à fonte originária da vida.

O Natal que se aproxima nos traz a memória deste Jesus histórico. O Jesus da manjedoura, e não o dos palácios e realezas divinas. Traz-nos a memória de um simples camponês pobre, disposto a intervir para mudar a realidade de injustiça social. Um Jesus que mostra seu rosto nos grotões de miséria, nos encarcerados, famintos, e doentes que padecem o descaso de nossos governantes com a saúde pública. O Jesus que não cabe no rosto capitalista de um papai Noel, nem nas propagandas que fomentam o consumismo.

O rosto do menino de Nazaré estará onde o espírito natalino exige, isto é, de onde brota a sede de Justiça.

2 comentários:

  1. http://www.lds.org/broadcasts/article/christmas-devotional/2012/12/christmas-is-love?lang=eng&clang=por

    Muito bom o artigo!!
    E de fato Cristo não nasceu no dia 25 de Dezembro, mas sim em 06 de Abril.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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