segunda-feira, 10 de junho de 2013

O rosto conservador do Bolsa Família




Por Adelson Vidal Alves
 
Criticar um programa assistencial que retira 22 milhões de brasileiros da extrema pobreza só pode ser coisa de gente insensível que nunca sentiu a dor da fome e da miséria. Pelo menos é assim que o Governo Federal quer fazer o Brasil inteiro pensar em relação ao Bolsa Família. Suas campanhas milionárias de marketing fantasiam um país superando suas mazelas sociais, deslocando inteiras camadas sociais para a chamada “nova classe média” e elevando nossa nação ao posto de potência. O Bolsa Família passa, assim, a carro chefe de um governo que não cansa de alardear ser seu mérito as melhorias nos índices sociais do país que, pasmem! Estaria resolvendo seus problemas com um programa compensatório de R$ 70,00 por pessoa.

Pois bem, a realidade é bem diferente. Para início de conversa, o BF nunca foi originário dos governos petistas. Idéias semelhantes já são realidade há anos em países como o México. Tanto o nosso, como o deles, seguem os parâmetros de uma lógica neoliberal, isto é, tomam como centro a perspectiva de esvaziamento dos conflitos sociais via amenização dos problemas sociais extremos. Em sua origem o programa tinha a ambição de se articular com medidas estruturais, mas no final das contas se isolou como programa que em si não consegue tirar as famílias beneficiadas da tutela do Estado. Bem lembrou um dos especialistas no assunto, o frade dominicano Frei Betto, que na comemoração dos 4 anos do projeto não poupou críticas: “Por que o governo federal não comemora cinco anos do Fome Zero e sim quatro do Bolsa Família? É uma pena que um programa muito mais amplo, e de perfil emancipatório, formatado pelo próprio governo Lula, e tido como prioritário, tenha sido substituído pelo Bolsa Família, que tem caráter mais assistencialista”. Betto que era um dos mobilizadores do Fome Zero , deixou o governo, decepcionado com o abandono do projeto original.

O fato é que um programa como o Bolsa família é extremamente necessário para um país que padece por problemas urgentes como a fome, mas jamais deve ser tomado como solução definitiva se não complementado com reformas estruturais. Sozinho ele cria intensa dependência de seus beneficiados, que no fim das contas se convertem em potenciais eleitores do governo.

A única razão para se entender a glorificação do BF e a rejeição de medidas mais amplas de cidadania como educação e emancipação social, é a sinistra ambição de fazer dos pobres, eternos postes eleitorais do atual bloco no poder.

Não e trata de ser contra o Bolsa família, mas sim de denunciar sua alma conservadora, seu espírito eleitoreiro e cobrar do atual governo sua ampliação para um projeto de libertação cívica. O PT, tudo indica, não quer se desfazer de seus currais de votos.

           

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